segunda-feira, 16 de julho de 2012

A inversão do capitalismo - O social prêt-à-porter

 As hierarquias marcadas pelas relações de poder, através das quais a autoridade fluía; manejavam o chicote com o qual o indivíduo era mantido dentro da linha. Compensações e punições vinham da hierarquia para o indivíduo, de modo que o indivíduo, habitualmente com a sua vista dirigida para cima, para o degrau seguinte da escada hierárquica, tornava-se condicionado pela subserviência. Resultado: o insípido homem da organização - o homem sem convicções pessoais (ou sem coragem para torná-las evidentes). Valia a pena conformar-se. TOFFLER, A., O Choque do Futuro: 119
Na construção de sua utopia, o engenheiro social substitui a vontade das pessoas pela sua própria vontade. A humanidade se dividiria em duas classes: de um lado, o ditador todo-poderoso e, do outro, os tutelados, que ficam reduzidos à condição de meros peões de um plano ou engrenagens de uma máquina. Se isto fosse possível, o engenheiro social não precisaria preocupar-se em compreender as ações das demais pessoas. Teria ampla liberdade de lidar com elas, como a tecnologia lida com madeira e ferro. MISES, Ludwig von, Ação Humana - Um Tratado de Economia: 112.
 Assim como durante dois mil e quatrocentos anos se pensou que a matéria era uma coisa, e a energia, ou espírito, ou o intangível outra, do mesmo modo se convencionou que o capital era um, e o trabalho outro.Maior bobagem não há.  LOCKE, SMITH, e ABRAHAM LINCOLN (cit. CHALLITA, Mansour: 157) antecipadamente observaram o que MARX e seus parentes ignoraram: "O trabalho é anterior ao capital e independente dele. O capital nada mais é do que fruto do trabalho. Não existiria se o trabalho não tivesse existido primeiro. O trabalho é superior ao capital e merece uma consideração mais elevada. Todavia, o capital tem direitos dignos de serem protegidos, como qualquer outro direito." Ora contamos com a mesma dimensão, e desta feita aquilatada pelaciência de ponta: "Eminentes cientistas e filósofos da Ciência como Niels Bohr, Louis Victor de Broglie, Philip Frank, Gaston Bachelard e F. Gonseth sentem a necessidade de recorrer a um novo tipo de dialética, a de complementariedade, para explicar problemas insuscetíveis de solução em termos de lógica axiomática." (REALE, M.,1992: 72)  Nenhum consenso se alcança por dialética, mas sim, como digo, por somalética, onde a ética não se fratura.
Se alguns homens são outorgados por direito aos produtos do trabalho de outros, isso significa que esses outros estão privados de direitos e condenados ao trabalho escravo. Qualquer direito alegado de um homem, que necessita da violação dos direitos de outro, não é nem pode ser um direito. Nenhum homem pode ter o direito de impor uma obrigação não escolhida. RAND, Ayn, cit. PIPES, R.: 338
Desde  estorieta de Adão e Eva  toma-se o trabalho  como castigo, muito embora a salvadora purgação, isto bihões de anos depois do Paraíso. Assim é que o capital era coisa divina, personificado pelos reis divinos, e depois até hipocritamente pelos fascistas, graças a Rerum Novarum.  Colocando-se ao lado dos desvalidos trabalhadores, Mussolini e dezenas de oportunistas e demagogos construíram seus edifícios. Entusiasmaram a plebe tanto ou mais que aquele salvador; e também tiveram sua trajetória cortada de modo trágico. Aos proletários, Getúilio subiu ais céus.
O dinheiro representava o capital; e a simples mão-de-obra de qualquer analfabeto ou escravo, o trabalho. O dinheiro sempre ficou sob a guarda dos anjos do divino, fossem os Medices, os Luízes, Bismarck, Lenin, Roosevelt ou Hitler; O resto era o povo. Tinha mais é que trabalhar, enquanto os "capitalistas" planejavam como dar-lhes ainda mais trabalho, assim cumprindo sua missão de enriquecerem cada vez mais,  sem precisar trabalhar.
O mundo, contudo, já a partir do XX começava lentamente a operar uma reviravolta que hoje parece-me acelerada, e irreversível. Ou você produz o suficiente para transformar sua produção em dinheiro, e assim meritóriamente recebe o seu salário, ou não haverá dinheiro para você.  A matéria é feita de energia. Sem esta, não se realiza aquela. Não mais essa de"humanismo" para um, em detrimento de todos os demais.
Com o capital, com a matéria, com a promessa de dinheiro Roosevelt, Mussolini, Vargas, Hitler, Salazar, Franco, Perón, e muitos afins levantaram espetacularmente suas combalidas economias. Em seguida quase todos morreram, mas deram uma demonstração que era mesmo o dinheiro que tinha o papel fundamental no desenvolvimento de qualquer Nação. Todos debitaram suas mortes a tudo, menos  as suas políticas econômicas e sociais.
O capitalismo de livre empresa, um mercado onde perdurassem a competição e a livre iniciativa passou a ser considerado como instrumento de exploração do povo, enquanto uma economia planejada era vista como alavanca que colocaria os países no caminho do desenvolvimento. Caberia ao Estado, portanto, equalizar as relações sociais dentro do diapasão que se convencionou chamar de médio. A tanto, tira-se dos ricos, isto é, das empresas, das linhas de produção, para se conceder aos pobres, aos que menos produzem. De repente, classe C’, por Leandro Machado
A outrora livre e singular iniciativa se viu cada vez mais engessada pelas “economias mistas”, controles governamentais, normas, regulamentos, consolidações, leis, decretos-lei, códigos, e regulamentações voltados à gerência dos meios de pagamento. Aprimorou-se o controle da economia doméstica, das importações e alocação dos investimentos "de maneira a assegurar que as prioridades sociais se sobrepusessem à demanda egoísta dos indivíduos." (FRIEDMAN, M., Capitalism and Freedom; cit. PERINGER: 126) Eis, cristalina. a mediocridade como ideal.
Os príncipes de nosso tempo, que se esforçam por atrair para si todos os novos desejos que a igualdade suscita, e contentá-los, acabarão, pois, ou muito me engano, se arrependendo de terem se empenhado em tal empresa; descobrirão um dia que arriscaram seu poder ao torná-lo tão necessário e que teria sido mais honesto e mais seguro ensinar a cada um de seus súditos a arte de bastar a si mesmo.Fixar para o poder social limites extensos, mas visíveis e imóveis; dar aos particulares certos direitos e garantir-lhes o gozo incontestado deles; conservar para o indivíduo o pouco de independência, de força, de originalidade que lhes restam; reerguê-lo ao lado da sociedade e sustentá-lo em face dela – este me parece ser o primeiro objetivo do legislador na era em que entramos.Dir-se-ia que os soberanos de nosso tempo não buscam nada mais que fazer coisas grandiosas com os homens. Gostaria que eles pensassem um pouco mais em fazer grandes homens; que dessem menos apreço à obra e mais ao operário e se lembrassem sem cessar de que uma nação não pode permanecer forte por muito tempo, quando cada homem é individualmente fraco e quando ainda não foram encontradas formas sociais nem combinações políticas capazes de fazer um povo enérgico composto de cidadãos pusilânimes e moles.Vejo em nossos contemporâneos duas idéias contrárias, mas funestas.Uns não percebem na igualdade mais que as tendências anárquicas que ela mesma fez surgir. Temem seu livre-arbítrio; têm medo de si mesmos.Outros, em menor número, porém mais esclarecidos, têm outra concepção. Ao lado do caminho que, partindo da igualdade, leva à anarquia, descobriram enfim o caminho que parece levar irresistivelmente os homens para a servidão. Submetem de antemão sua alma a essa servidão necessária; e, perdendo a esperança de permanecer livres, já adoram no fundo do coração o amo que não deve tardar a chegar. Os primeiros abandonam a liberdade porque a estimam perigosa; os segundos porque a julgam impossível. Se eu tivesse esta última crença, não teria escrito a obra que você acaba de ler; teria me limitado a gemer em segredo pelo destino de meus semelhantes.Quis trazer à plena luz os perigos que a igualdade faz a independência humana correr, porque creio firmemente que esses perigos são os mais formidáveis, assim como os menos previsíveis, de todos os que o futuro encerra. Mas não os creio insuperáveis. (TOCQUEVILLE, A., 2000: 313)
Por ainda mais um século a fio a estultice veio se agigantando. "Entre a teoria dos quanta, que sustenta o edifício científico da idade atômica e o pensamento dos economistas e filósofos, marxistas e tecnocratas, parece terem decorrido séculos. Já não falam a mesma língua. Já não têm nem uma idéia comum." (KRAEMER, Eri, La grand mutation; cit. GOYTISOLO, J.: 69) A insensatez política somente foi superada, ainda assim apenas em parte, pelo dantesco episódio de Hiroshima e Nagasaki. Há sete anos da barbárie Churchill, (cit. JENKINS, : 118) caracterizou as diferenças:
O Socialismo quer puxar a riqueza para baixo; o Liberalismo busca elevar a pobreza. O Socialismo destruiria os interesses particulares; o Liberalismo preservaria os interesses particulares a única forma como podem ser preservados com segurança e justiça, reconciliando-os com o interesse público. O Socialismo mataria a empresa; o Liberalismo libertaria a empresa do tresmalho das preferências e dos privilégios.
Estímulo à insensatez
 O presidente Lula da Silva fez um discurso inflamado durante a posse da nova direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A centenas de sindicalistas presentes, Lula disse que 'esta é a hora de se reivindicar salários, aumentos de conquistas e mais direitos trabalhistas'. (Lula fala como 'sindicalista' e diz que é hora de pedir. - Estadão, 2/8/2008)
Um espetáculo lamentável Mais de 100 mil funcionários do Executivo estão paralisados e cumprem a determinação milenar. O patrão é o governo e contra ele cruzam os braços. 5 mil já estão acampados no gramado da Esplanada dos Ministérios. Montaram barracas, além de um circo, onde fazem comida, lavam roupa, sujam o chão e só não se dedicam ostensivamente a outras atividades fisiológicas porque o governo, mais do que depressa, montou no local dezenas de banheiros químicos.
Em função da alavanca desenvolvimentista propiciada pelos comandos centralizados, malgrado o desmonte do Eixo os trilhos fascistóides continuam muitp bem aproveitados, sim senhor. aproveitados.  A queda do muro não elidiu as pretensões dos jockeys de Estado, tal qual presumia o romantismo do demolidor Gorbachev; pelo contrário: com o desaparecimento do arquiinimigo, o fascismo ganhou vestes prêt-à-porter, sem coldres na cintura. Os sindicatos se agigantam, as "leis trabalhistas" extrapolam suas parcas fronteiras, e reforçados pela hegemonia dos partidos sociais e trabalhistas, eleitos e cobertos por empresas ligadas a este establishment. O Leviathan vem turbinado.  "Enquanto os direitos de liberdade nascem contra o superpoder do Estado - e, portanto, com o objetivo de limitar o poder - os direitos sociais exigem, para sua realização prática, precisamente o contrário, isto é, a ampliação dos poderes do Estado." (BOBBIO, Norberto, A Era dos Direitos: 72)

Mercê do glorioso passado, que o fascismo não tinha, a fantasia por renovada permanece encantando incautos, espertinhos, e principalmente os intelectuais e executivos da lucrativa artimanha. Foi esta prática responsável pela eleição de dezenas de impostores pelo mundo afora que levou ao impasse vivenciado pela economia mundial.
A Espanha parece sofrer da tradicional moléstia brasileira. Ganhar sem nada produzir parece encantar nosso primos ricos Funcionários públicos promovem novo protesto em Madri contra medidas de austeridade do governo espanhol
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Suponho que eles não durem até lá, mas a Grécia ameaça até mesmo se retirar do Euro para continuar vendendo bilhete-premiado aos eternos encantados gregos. Por tão arraigada, e eleitoreira, persiste a insistência com a assistência do Estado. "A crise fiscal na Europa é claramente um cenário que coloca em xeque o modelo keynesiano de Welfare State, então idolatrado por políticos. No entanto, no 'mainstream' econômico e na mídia, em geral, ainda existe um discurso quase unânime sobre a intervenção estatal para 'salvar as crises'" (O economista Rodrigo Constantino critica as causas da crise europeia)
Barack Obama bebe durante a partida entre Brasil e EUA em Washington DC
Sequer a pátria da famosa estátua, tampouco a "Suíça da América Latina" ou aquela da "liberdade igualdade e fraternidade" se desvencilham das amarras fascistóides: Mr. Obama lança mão de semelhantes artifícios para tentar reverter sua precária situação. Quem é importante? Os banqueiros ou os demais trabalhadores dos EUA? No Uruguai resta decepção. Gasto histórico no mejora educación, salud y policía. Na França "Hollande tem pela frente a difícil tarefa de impulsionar o crescimento da economia da França, estimado em ínfimo 0,5% neste ano, de acordo com previsões do FMI, e de, principalmente, domar uma dívida pública de 1,4 trilhão de euros, ou 85% do PIB do país. Sua intenção de promover a retomada econômica por meio do aumento dos gastos públicos esbarra nas resoluções do pacto fiscal estipulado na última cúpula da UE em janeiro passado - e que entrará em vigor em 1º de janeiro do ano que vem, se 12 países-membros da zona do euro ratificarem o documento." Popularidade de presidente francês cai em julho Pudera. Que resultado se espera fazendo sempre as mesmas coisas? "O homem só muito lentamente descobre como o mundo é infinitamente complicado. Primeiramente ele o imagina totalmente simples, tão superficial como ele próprio." (NIETZSCHE, O livro do filosofo: 41)

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