domingo, 31 de julho de 2011

A Escola Austríaca de Economia frente ao ambiente político

A história do poder político nada mais é do que a história do crime internacional e do assassínio de massa. Sir KARL POPPER  (Viena, 28 de Julho de 1902 — Londres, 17 de Setembro de 1994)
A Escola Austríaca de Economia  foi gerada e se manteve latente em cenários totalmente adversos.  O  propósito vinha na contramão da ciência e da filosofia em voga, e igualmente paradoxal às politicas nacionais de ambas derivadas. Teria levado a pecha de subversiva, não fosse a sua insignificância nos campos econômico, político, social e legal, e da quase unanimidade reinante,
Depois das críticas conjuntas das correntes utilitaristas no Reino Unido, historicistas na Alemanha e positivistas na França, o jusnaturalismo perdeu seu prestígio como teoria da moral e foi quase completamente abandonado, salvo por algum reacionário retardatado. BOBBIO,  N.  Locke e o Direito Natural: 62  
A França reiniciava com seus dantescos atos, desta feita na radicalidade da Comuna de Paris. Os socialistas se insurgiam emulados pelas idéias da Internacional, fundada em. 1866 sob a direção de Karl Marx. A Itália se reunia em torno de Cavour; e o povo gemânico, sob a espada de Bisrmarck. A Inglaterra vacilava no hipócrita utilitarismo.
A Paris operária, com a sua Comuna, será para sempre celebrada como a gloriosa percursora de uma sociedade nova. A recordação dos seus mártires conserva-se piedosamente no grande coração da classe operária. Quanto aos seus exterminadores, a História já os pregou a um pelourinho eterno, e todas as orações dos seus padres não conseguirão resgatá-los. MARX, Karl, Guerra Civil em França - 30 de Maio de 1871
O liame que permitia a Escola respirar era ironicamente proporcionado por seu caráter platônico, ao aceitar e desposar a presunção cristã, numa comunidade de esmagadora maioria católica. O próprio Vaticano, todavia, negava-lhe estribo, porquanto sempre interessado em manter o seu status junto aos governos nacionais. Leão XIII logo promulgaria a Rerum Novarum, nada mais nada menos do que uma ponte fascista. Gaetan Pirou (cit. HUGON,  P., História das Idéias Econômicas: 352) .observou a candente razão: “O catolicismo considera a corporação um meio de assegurar a ordem sem matar a liberdade, escapando, a um tempo, da anarquia liberal e da coerção socialista”.
Quando o homem supunha ser o centro do Universo, arquitetou seu governo dentro desta metafísica. O Rei  Divino comandava tudo. Se nada ia bem, não era culpa do Rei, mas do caráter maldoso do homem comedor de maçã. Quando Galileu demonstrou que o Grande Arquiteto do Universo só poderia colocar o Sol no centro, para tudo iluminar, suas criaturas à sua imagem e semelhança organizaram os sistemas políticos desse modo mais técnico possível, para tudo guardar.
Aprimoraram-se os exercícios  do mesmo modo como se desenvolvia o maravilhoso e promissor mundo da máquina. FOUCAULT, (Resumo dos Cursos do Collège de France:  83) dimensiona o câmbio:
Passa-se de uma arte de governar, cujos princípios foram tomados de empréstimo às virtudes tradicionais (sabedoria, justiça, liberalidade, respeito às leis divinas e aos costumes humanos) ou às habilidades comuns (prudência, decisões refletidas, cuidados para se acercar de melhores conselheiros), a uma arte de governar cuja racionalidade tem seus princípios e seu domínio de aplicação específico no Estado.
A Revolução Industrial tomou ímpeto a partir do meado do XIX. A insanidade governamental não ficou atrás. "Sob influência dos filósofos absolutistas e autoritários, Hegel, Marx, Comte e uma pletora de epígonos contaminados por esta magia negra da política que é Ideologia - o Liberalismo recuou a partir da segunda metade do século XIX." (PENNA, J. O. M: 179)
Com o declínio dos limites à ação do Estado, cujos fundamentos éticos haviam sido encontrados pela tradição jusnaturalista na prioridade axiológica do indivíduo com respeito ao grupo, e na consequente afirmação dos direitos naturais do indivíduo, o Estado foi pouco a pouco se reapropriando do espaço conquistado pela sociedade civil burguesa até absorvê-lo completamente na experiência extrema do Estado total (total exatamente porque não deixa espaço algum fora de si.). BOBBIO, N., Estado, governo, sociedade; por uma teoria geral da política: 25
Com a Escola Histórica, a ciência política tornara-se uma doutrina de arte para estadistas e políticos. Nas universidades e em anuais, reivindicações econômicas eram apresentadas e proclamadas como 'científicas'. A 'ciência' condenava o capitalismo, tachando-o de imoral e injusto. Rejeitava como 'radicais' as soluções oferecidas pelo socialismo marxista e recomendava o socialismo estatal, ou, às vezes, até o sistema de propriedade privada com intervenção do governo. Economia não era mais questão de conhecimento e capacidade, mas de boas intenções. MISES L., Uma crítica ao intervencionismo: 41
Bismarck compreendeu muito bem o partido que poderia tirar das idéias do socialismo de cátedra: usou-as como um instrumento de luta contra o socialismo e como meio de expandir o poderio do Estado. HUGON, P., História das Idéias Políticas: 279
No final do século XIX, a principal influência sobre a teoria acadêmica social e econômica era das universidades. A idealização bismarckiana do Estado, com suas funções previdenciárias centralizadas foi devidamente reestudada pelos milhares de ocupantes de postos-chave do meio acadêmico que estudaram em universidades alemãs nas décadas de 1880 e 90. SCHESINGER, ARTHUR M., The Crisis of the Old Order 1919-1933; 20; cit. JOHNSON, P.: 13
ROSA DE LUXEMBURGO, GEORGE PLEKHANOV, MUSSOLINI, KARL RADEK & LÊNIN co. comemoraram o reveillon de 1900 em  Zurich. Lênin (Materialisme et empiriocriticisme; cit. CHRÈTIEN: 131) traduziu: “O universo é um movimento da matéria regido por leis, e nosso conhecimento, não sendo senão um produto superior ao da natureza, só pode refletir essas leis."  Coube a  TRÓTSKI (cit. FADIMAN, CLIFTON, org.: 318)  relatar  o sucesso do conclave:
Com base num profundo e abrangente estudo da ciência, Lênin provou que os métodos do materialismo dialético, tal qual formulados por Marx e Engels, eram inteiramente confirmados pelo desenvolvimento do pensamento científico em geral e pela ciência natural em particular.
E lá se veio a humanidade, mais ou menos traída na pretensão cientificista:
Os partidos de esquerda política - socialistas e comunistas - tiveram enorme influência sobre os padrões de cultura política que emergiram na Europa do século XIX. Pode-se observar o efeito dos partidos fascistas e comunistas na Europa, durante a depressão econômica mundial iniciada em 29, quando suas orientações monolíticas e seus poderosos símbolos políticos deram unidade e direção políticas a milhões de pessoas numa época de angústia e colapso social.
O grande mentor de todas tragédias obtinha o século inteiro a seu deleite
A política do governo prussiano de reprimir ao invés de cooptar o movimento operário levou ao surgimento de um poderoso partido social-democrata revolucionário, que se tornou um modelo para os trabalhadores de toda a Europa. O PSD alemão foi imitado pelos franceses, belgas e italianos. Os movimentos trabalhistas holandês, escandinavo, suíço e americano seguiram os passos do movimento alemão. Oradores eram convidados de honra nos sindicatos que aconteciam em toda a Europa Ocidental e Estados Unidos. Os movimentos operários russo e eslavo também se inspiraram no alemão, e a segunda Internacional Comunista estava sob a liderança reconhecida do partido alemão. Suas filiações ultrapassavam 1 milhão em 1912; nos sindicatos, dois e meio milhões. SCHWARTZ,   J.,  O Momento Criativo - Mito e Alienação na Ciência Moderna: 130
A Primeira Guerra Mundial transformou a face do mundo e iniciou novo capítulo nas relações econômicas. Surgiu a necessidade de o Estado atuar para organizar as atividades produtivas, direcionando-as para o esforço de guerra, o que abriu caminho para uma experiência intervencionista concreta. A guerra provocou a destruição do mercado natural e ocasionou enormes perdas, requerendo a atuação do Estado no sentido de evitá-las, além de provocar o aumento numérico e o surgimento de consciência de classe, cuja organização se intensificou, para fazer frente ao proprietários dos meios de produção. SCAFF, Fernando Facury, A Responsabilidade do Estado Intervencionista, : 34.
“Não será audácia afirmar que em 1917, ano da revolução e insubordinação, assinalou também uma revolução cultural nos EUA - um movimento que iria adotar o vocabulário de Marx somado ao de Freud.” (MASCARENHAS, E. :190)
Poulantzas comenta o prognóstico, a prévia consciência do “estrago” que precipitaria o Crash de 1929, e depois o resto, malgrado os protestos da Escola  Austríaca: 
Da escola de Frankfurt aos radicais americanos manifestava-se a terrificante imagem de um Estado-Moloch totalitário e todo-poderoso, fundado num capitalismo de manipulação, que teria conseguido 'integrar' as massas populares e culminaria inelutavelmente na devoração de pessoas. 

Roosevelt, influenciado por Felix Frankfurter, pela Sociedade Socialista Intercongregada e por outros, fabianos e comunistas, maquinou uma revolução que colocou o país na senda que leva ao socialismo e, numa perspectiva mais distante, ao comunismo. Foi, contudo, a emenda do imposto de renda, levado em 1909, no Congresso americano, o início do socialismo. Então, o New Deal não foi uma revolução. Seu programa coletivista tivera antecedentes - recentes - com Herbert Hoover, durante a depressão; mais remotos, no coletivismo de guerra e no planejamento central que governaram os EUA durante a Primeira Guerra Mundial. ROTHBARD: 41 .
Em meados de 1938, o Current History Magazine (cit. EOTHBARD: 41) esclareceu:
A nova América não será capitalista no velho sentido, e tampouco será socialista. Se a tendência atual é para o fascismo, será um fascismo americano, que incorporara a experiência, as traições e as aspirações de uma grande nação de classe média. Quando o New Deal é despido de sua camuflagem progressista, social reformista, o que fica é a realidade do novo modelo fascista de sistema de capitalismo de Estado concentrado e servidão industrial, envolvendo um implícito ‘avanço rumo à guerra’.
Não deu outra:
O Estado rooseveltiano ou a república da França apresentava, na época histórica do fascismo, características do Estado intervencionista (função econômica do Estado e fortalecimento do Executivo, por exemplo) que marcavam igualmente os fascismos alemão e italiano, sem que isto tenha significado o Estado de exceção. POULANTZAS, N.: 240
 Até mesmo um intervencionista  do quilate de um J.K. Galbraith (1989: 197) se espantava:
O poder nos EUA foi mais concentrado do que se costuma imaginar. Quem controlava o Pentágono, a Cia, o Departamento de Estado, o Tesouro e o homem que coordena estes órgãos na Casa Branca, controlava tudo, e tudo isso o sistema controlava.
 "Havia, na verdade, uma conexão direta, freqüentemente comentada, entre o militarismo e o desenvolvimento inicial da democracia e do welfare state; os direitos de cidadania foram criados no contexto da mobilização maciça para a guerra.".  (Gore Vidal, entrevista para revista Veja. – São Paulo, 25/10/2000)
O Estado comprovou ser um gastador insaciável, um desperdiçador incomparável. Na verdade, no século XX, ele revelou-se o mais assassino de todos os tempos. O político fanático oferecia o New Deal, grandes sociedades, e estados de bem-estar social; os fanáticos atravessaram décadas e décadas e hemisférios; charlatães, carismáticos, exaltados, assassinos de massas, unidos pela crença de que a política era a cura dos males. JOHNSON, P.: 616.
Somente passadas as aberrações políticas, econômicas e sociais, ao preço de milhões de vidas abreviadas, é que a Escola Austriaca de Economia foi lembrada, mas para exercício de década, apenas. O neoliberalismo soa ofensivo, forte para mudar o nome inclusive dos partidos liberais.  Novamente as internacionais mais ou menos socialistas, na verdade punguistas, tomam conta do salão. “E, ainda que o fascismo e o nacional-socialismo tenham sido destruídos enquanto realidades políticas na Segunda Guerra Mundial, suas ideologias não desapareceram e, direta ou indiretamente, ainda se opõem ao credo democrático.” (KELSEN, Hans, A Democracia: 140.) Veremos a razão da relutância, da incapacidade de convencimento da correta escola, em nosso próximo raid.

sábado, 30 de julho de 2011

Escola Austríaca de Economia X Cientificismo

A ciência é o que há de mais sublime no mundo. Ela é a nossa última instância. Nada há acima da ciência. Para os espíritos populares, ela é a mais elevada das deusas. Felizmente, para o gênero humano, o prestígio da ciência aumenta todos os dias. E, certamente, quanto mais avançar a civilização, mais ela avançará. Em primeiro lugar, porque a ciência fará descobertas sempre mais numerosas, mais profundas e mais surpreendentes; em seguida, porque os homens, libertados das concepções mitológicas e infantis, terão os espíritos melhor preparados para receber os ensinamentos provenientes de pesquisas positivas, precisas, exatas. Em breve, certamente, daremos o último passo, e a autoridade da ciência se imporá de modo completo no domínio dos conhecimentos sociais. Então, chegaremos a fazer uma política racional, como já fazemos máquinas elétricas racionais, porque construídas unicamente sobre dados positivos, e não sobre tendências subjetivas. A autoridade sem apelo da ciência já não é mais contestada pelo grande público em tudo o que diz respeito aos fatos físicos e biológicos. Novicow, 1910.
 A postulação praxeológica
Sob influência dos filósofos absolutistas e autoritários, Hegel, Marx, Comte e uma pletora de epígonos contaminados por esta magia negra da política que é Ideologia - o Liberalismo recuou a partir da segunda metade do século XIX. PENNA, J. O. M: 179 
Neste ambiente adverso nasceu a Escola Austríaca de Economia.  O  propósito vinha na contramão da ciência e da filosofia em voga, também paradoxal às politicas nacionais, quase todas de ambas derivadas. Mises foi  influenciado pela sociologia de seu amigo Max Weber, mas uma parte significativa de seu pensamento consiste em modificações e críticas de pontos de vista de Weber.  Epistemologia Mises  O reduto poderia até ser contestado, ou tomado subversivo, não fosse a sua insignificância nos campos econômico, político, social e legal, mercê da quase unanimidade reinante, O único liame que lhe ensejava  respirar era ironicamente proporcionado por seu caráter platônico, ao aceitar e desposar a presunção cristã, numa comunidade de esmagadora maioria católica. O próprio Vaticano, todavia, negava estribo, porquanto sempre interessado em manter o status junto aos governos nacionais. Leão XIII logo promulgaria a Rerum Novarum, nada mais nada menos do que uma ponte fascista. Gaetan Pirou (cit. HUGON,  P., História das Idéias Econômicas: 352) .observou a candente razão: “O catolicismo considera a corporação um meio de assegurar a ordem sem matar a liberdade, escapando, a um tempo, da anarquia liberal e da coerção socialista”. 
No decorrer do século XIX, a orientação mecanicista tomou raízes mais profundas - na física, química, biologia, psicologia e nas ciências sociais. LEMKOW, ANNA: 86
A escola também não lograva maior consideração justamente  por desdenhar planos macroeconômicos. Eis por que, como fundamento basilar, Mises trouxe à baila a motivação praxeológica, e não epistemológica de suas assertivas.  Categoricamente o austríaco afirmava que os parâmetros da Física não poderiam ser aplicados nas relações econômicas. Considerando o dantesco quadro que se desenhava com as dialéticas e positivismos, cujo catecismo mecanicista, determinista, assegurava a certeza das ambições e a necessidade das precauções sociais, a Escola resolveu eleger a Economia como "ciência a priori", apartada porque razão de todas as demais, produto do desejo humano, e não da frieza da máquina. Seu pressuposto era de que o ser humano age simplesmente em função de seus interesses, e não rigorosamente de acordo com algum método científico. Mises tinha razão em preferir apartar sua disciplina das demais regentes, sem dúvidas - as correlatas corriam latas..
Quando Hegel estudava o destino do sujeito racional sobre a linha do saber, ele não dispunha mais do que de um racionalismo linear, de um racionalismo que se temporalizava sobre a linha histórica de sua cultura, realizando movimentos sucessivos de diversas dialéticas e sínteses. BACHELARD, G.: 57
Agora, todavia, não.
Relações humanas. Troca de bens, troca de interesses e troca de influências. As relações são, em essência, uma coleção de trocas. Até mesmo a base da vida, as relações químicas atômicas e moleculares, são, apenas, trocas. Trocas que criaram todo o universo e ainda o regulam. Na ciência denominada Química, os diversos elementos da tabela periódica possuem características únicas. Porem, toda essa individualidade só faz sentido na interação entre os elementos. Trocam elétrons, alteram o núcleo, mudam a carga energética. Combinam e colaboram em nome da vida, do existir. A diferença entre as relações humanas e as equações químicas é que os átomos não são egoístas. Mesmo quando mais densos ou complexos, combinam-se para que o objetivo seja melhor conjuntamente. No mundo elementar as diferenças são os tijolos da diversidade e a beleza do universo. Se a raça humana existe hoje, deve tal fato à diversidade, à interação e à combinação de todos os elementos. O bem o mal
E por isso, por este lapso perfeitamente compreensível, pelo desdém epistemológico em troca do desempenho tecnológico, por esta falta de embasamento científico que outrora tão bem suportou as teorias marxistas e keynesianas, apesar de todos os percalços que buscou evitar, mas infrutíferamente, tendo a humanidade enfrentada o descalabro por quase um século inteiro, somente ao cabo vitoriosa, ainda assim a Escola não logra despertar a popularidade concedida aos arautos da insanidade.
Como estuda apenas um aspecto da vida humana - o aspecto econômico da vida - a Economia é uma ciência parcial. Não pode, por isso, pretender explicar toda a vida humana, ou a vida humana em todos seus aspectos. Pelo contrário, exige o auxílio das outras ciências do homem, para poder ser bem entendida e aplicada. E, por sua vez, auxilia essas outras ciências. A doutrina marxista ou socialista é que pretende, erroneamente, que a Economia explique toda a vida individual e social do homem, ou a vida em todos os seus aspectos. (GALVES,  Carlos, Elementos de Economia Política:  25.)
Apreciarei esse gap no próximo cruzeiro. Neste fim-de-semana esboço a confluência que tornou a potencialidade esquizofrênica da ciência, da filosofia, da economioa e da política, elevada. à potência máxima, somente arrefecendo na queda do Muro de Berlim. O imenso entulho, todavia, o aparato às funções sociais ainda vigora nos quatro cantos do mundo, certamente mais por falta desse discernimento, do que pelas veladas intenções dos líderes eleitos. "Todos sabem que a física newtoniana foi destronada no século XX pela mecânica quântica e pela relatividade. Mas os traços fundamentais da lei de Newton sobrevivem, seu determinismo e sua simetria temporal sobreviveram." (PRIGOGINE, I.,: 19)
O cientificismo
As teorias de Newton lançaram-nos em um curso que desembocou no materialismo que ora domina a cultura ocidental. Esta visão realista materialista do mundo exilou-nos do mundo encantado em que vivíamos no passado e condenou-nos a um mundo alienígena. BERMAN, MORRIS, cit. GOSWAMI: 31
A Escola Austríaca de Economia  nasceu e tomou corpo neste período de maior confusão política, social e principalmente científica. Movida pela ambição recrudescida nas disposições cartesianas e newtonianas, a Revolução Industrial alcançava o apogeu. A ciência mecanicista provava sua eficácia, pautando as ações humanas, As demais disciplinas, mirando o reconhecimento científico, também vinham orientadas pelos mesmos critérios, mas as condições humanas submergiam a deplorável patamar. Julgava-se que o causador do infortúnio pudesse oferecer a panacéia para elidir a miséria. "A mecânica de Newton promete um poder de previsão vastíssimo que faz com que um instante forneça todas as informações possíveis sobre o passado e o futuro do Universo." (COVENEY, PETER e HIGHFIELD, ROGER: 24) "O raciocínio quantitativo tornou-se sinônimo de ciência, e com tal sucesso que a metodologia newtoniana foi transformada na base conceitual de todas as áreas de atividade intelectual, não só científica, como também política, histórica, social e até moral.* (GLEISER, M.: 164.)
Em seu conhecidíssimo Ensaio sobre a população, publicado em 1798, Malthus afirmava que a natureza prescreveu limites inflexíveis ao progresso humano no que toca à felicidade e à riqueza. BURNS: 542
As ciências humanas se precipitavam assim de modo acelerado, edificadas sobre as teorias de Malthus, Darwin, Marx e Comte, entre variações  A Medicina, considerava o corpo humano tal qual máquina perfeita, porquanto feita pelo Grande Arquiteto, "à sua imagem e semelhança", MICHEL POLANYI (Personal Knowledge: 262; cit. ROSZAK, T. A Contracultura: 232) encontra o viés:
A neurologia baseia-se na premissa de que o sistema nervoso - funcionando automaticamente segundo as leis conhecidas da física e da química - determina todas as operações que normalmente atribuímos à mente do indivíduo. O estudo da psicologia revela uma tendência paralela no sentido de se reduzir o objeto a relações explícitas entre variáveis mensuráveis; relações que sempre poderiam ser representadas pelos desempenhos de um artefato mecânico.
A Economia enveredou para equalizar a escassez.
A existência na humanidade de uma tendência a crescer, na ausência de controle, além da possibilidade de um suprimento adequado de alimentos num território limitado deve conduzir, de imediato, a questão do direito natural dos pobres em pleno sustento numa situação social em que o direito de propriedade é reconhecido. A questão reduz-se, basicamente, portanto, a uma dúvida quanto à necessidade daquelas leis que estabelecem e protegem a propriedade privada
Mill acreditava que a natureza era uniforme e previsível, de modo que um incidente isolado podia se repetir em circunstâncias similares. Nas discussões com os amigos, Einstein discordava enfaticamente: ‘Não existe nenhum método indutivo que nos leve aos conceitos fundamentais da física. A incompreensão desse fato constitui o erro filosófico básico de muitos investigadores do século XIX.  BRIAN,  D., Einstein: a ciência da vida: 51
Na cobertura dos blocos da Psicologia, e da Psiquiatria, enfim,  elevou-se  a babel da Sociologia.
O sociólogo francês Durkheim proporciona um exemplo típico deste método que abandona gradualmente a esfera do conhecimento psicológico causal e penetra a das considerações ético-políticas ou jurídicas. Também ele insiste em estabelecer a sociologia como uma ciência natural, orientada segundo as leis da casualidade. Aceita o princípio de Comte de que 'as manifestações sociais são fenômenos naturais e, como tais, estão sujeitas às leis da natureza'. .KELSEN, Hans, (1881-1973) A Democracia> 331.
A passagem do reino da opinião (doxa) ao domínio do conhecimento científico (episteme) exigia a adoção de uma inteligibilidade racional. E a formulalização matemática estabelecia o limite desta ambição. As ciências humanas nascentes passaram a adotar uma exigência de rigor e de precisão, de busca das estruturas e das normas. Para tanto, adotaram em suas investigações os métodos quantitativos e a linguagem cifrada. A análise estatística passa a ser um dos meios fundamentais de ação dos cientistas humanos. As ciência se converte em uma língua bem feita. Por isso, submete todo o seu domínio à ordem matemática, a língua mais bem feita existente. A perfeição do saber parece ser atingida desde que se reduza os fenômenos a um esquema tipo algébrico. Pouco a pouco, a ordem dos comportamentos e das idéias humanas fica submetida à inteligência matemática. JAPIASSÚ, Hilton, Nascimento e Morte das Ciências Humanas:  97
A leitura de Durkheim, tido por fundador da sociologia, servia como advertência de que a ciência social sempre aspirou submeter-se aos controles matemáticos da ciência física e que toda generalização deve estar apoiada numa série de repetições documentadas. FRIAS FILHO, Otávio, Revista Piauí, 23/11/2010
Pelo lado jurídico Hegel, Bentham, Comte e Austin já haviam bem demonstrado: o Estado poderia e deveria tudo prever. Roszac bem percebeu os liames e as semelhanças: “Marx é veiculo da inflexibilidade da realpolitik do século XIX, misturada com a sinistra insensibilidade do darwinismo social e com um insolente ateísmo positivista.”  Hayek  enfrentou  diretamente a perfídia:
A evolução cultural não é determinada nem geneticamente, nem de qualquer outra forma e sua conseqüência é a diversidade e não a uniformidade. Filósofos como Marx e Augusto Comte que afirmaram que nossos estudos podem levar a leis de evolução que permitem prever desdobramentos futuros inevitáveis estão errados. 
Bentham, todavia, já havia logrado sucesso com o slogan apropriado ao convencimengto geral::  
A maior felicidade do maior número constitui medida do certo e do errado.
BENTHAM, Jeremy, cit. SABINE,  G.,: 595.
Lacan (cit. JAPIASSÚ,  Hilton, Um Desafio à Filosofia: Pensar-se nos Dias de Hoje: 37). bem observou esta razão, aparente racionalidade: “Os programas que se esboçam como devendo ser das ciências humanas não têm outra função senão a de ser um ramo acessório a serviço dos poderes.” Assim precavido, Leviathan passou a determinar a Nação através de crescente lista de normas de conduta
A lei era vista como imutável porque era ancorada na natureza, assim como a vontade da comunidade: os legisladores e juristas tinham meramente que averiguar o que ela era e como aplicá-la a situações concretas. O surgimento, no final do século XVIII, do 'historicismo', que dizia que as instituições humanas estavam sempre evoluindo, mudou essa visão tradicional da lei. Passou a se reconhecer que, como tudo o que se relacionava com o ser humano era resultado da vontade, tudo o que se relacionava com o ser humano era capaz de ser alterado - e aperfeiçoado - por meio da educação e da legislação. Na Inglaterra, que liderava o mundo nesses assuntos, foi Jeremy Bentham quem encabeçou o ataque às formas tradicionais de pensamento. Foi Bentham, mais do que qualquer outro pensador, que popularizou a noção de que as leis podem solucionar qualquer mal social.  PIPES,  R.,: 269/70.
"Comte considerava a Matemática e a Sociologia as ciências mais importantes. A Matemática pelo caráter universal das leis geométricas e mecânicas e a Sociologia por tratar das indagações que conduzem a evolução histórica da humanidade." (SILVA, 1999:56)
Com a Escola Histórica, a ciência política tornara-se uma doutrina de arte para estadistas e políticos. Nas universidades e em anuais, reivindicações econômicas eram apresentadas e proclamadas como 'científicas'. A 'ciência' condenava o capitalismo, tachando-o de imoral e injusto. Rejeitava como 'radicais' as soluções oferecidas pelo socialismo marxista e recomendava o socialismo estatal, ou, às vezes, até o sistema de propriedade privada com intervenção do governo. Economia não era mais questão de conhecimento e capacidade, mas de boas intenções. MISES L., Uma crítica ao intervencionismo: 41
Depois das críticas conjuntas das correntes utilitaristas no Reino Unido, historicistas na Alemanha e positivistas na França, o jusnaturalismo perdeu seu prestígio como teoria da moral e foi quase completamente abandonado, salvo por algum reacionário retardatado. BOBBIO,  N.  Locke e o Direito Natural: 62 
"Foi portanto do utilitarismo do século XIX que nasceu a idéia de que se podia subordinar a atividade do legislador a uma teoria 'científica' da justiça, definida pela maximização do prazer, a um algorritmo que daria automaticamente a solução 'correta' e que permitiria fazer a economia do político. (RAWLS, John, Justiça e Democracia:  XXX.)
A pretensa lógica alcançou o apogeu acadêmico nujma noite da década de 1920,  nos salões de Viena, já descrito na postagem anterior. No raiar do dia ela se viu dissipada, porém tarde para brecar as loucuras fascistas, nazistas e marxistas. Consagrava-se vaticínio de Spengler ao Declínio do Ocidente, curva esta perfeitamente divisável somente agora,  em nosso tempo. “O desencanto do mundo e o progresso da ciência calculista, levando à perda total não somente do mistério, mas do desejo de revelar o mistério, provocaram o irracionalismo da dominação.” (HAGUETTE, T. M. F. org., HAGUETTE, A. , BRUHL, D., OLIVEIRA, M. A., DEMO, P., Dialética Hoje: 26)
Coube a Marx estabelecer a "conscientização", e daí os critérios a serem seguidos ou observados  por quase todos os governos da face da terra, sejam mais ou menos fascistas, comunistas ou democratas.
Marx, enquanto materialista, enquanto alguém que advoga que toda a realidade e matéria, porém não apenas isto, que toda a realidade e matéria obedece a leis que são absolutamente determinadas não apenas é materialista, como também determinista, isto é, crê ser possível compreender a realidade de tal forma que, uma vez descoberta suas leis, poderíamos antecipar seu futuro desenvolvimento e O Capital tem a pretensão de ser a obra que descreve o desenvolvimento das leis econômicas da sociedade moderna. PEREIRA, JULIO CESAR R., Epistemologia e Liberalismo - Uma Introdução a Filosofia de Karl R. Popper: 134
Marx demonstrava a certeza científica do materialismo proposto. "Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem a partir de elementos livremente escolhidos, em circunstâncias escolhidas por eles, mas em circunstâncias que eles encontram imediatamente diante de si dadas e herdadas do passado..”  Lênin (Materialisme et empiriocriticisme; cit. CHRÈTIEN: 131) simplesmente traduziu: “O universo é um movimento da matéria regido por leis, e nosso conhecimento, não sendo senão um produto superior ao da natureza, só pode refletir essas leis.”  Hayek partiu à crítica: :
Quando o próprio mundo físico ainda não foi completamente sistematizado, pressupor ou 'descobrir' um sistema na História, sem os meios e a liberdade que a vida toma e não pensar nem como cientista nem como historiador. É de fato uma tentativa de remover dificuldade da história ao preço da destruição do seu único mérito e interesse.
Foi o que aconteceu, e ainda acontece.. 

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A efetividade da Escola Austríaca de Economia

Fundadores baluartes 
Eugen von Böhm-Bawerk  Carl Menger · Ludwig von Mises · Friedrich von Wieser- Friedrich Hayek O movimento vem desde 1871, marco da publicação intitulada   Grundsätze der Volkswirtschaftslehre, de Menger. A designação “Escola Austríaca de Economia” foi usada porque antagônica  à Escola Germânica, pautada no historicismo hegeliano, base do protótipo fascista à pilotagem de Otto von Bismarck. Depois da Franco-Prussiana (1883)  Menger lançou, Untersuchungen über die Methode der Sozialwissenschaften und der Politischen Oekonomie insbesondere.   Complementam-lhe  Henry Hazlitt, Murray Rothbard e o premiado com Nobel de Economia 1974  Friedrich von Hayek, na maior longevidade.   A Escola se debruça  sobre as teorias econômicas ao desenvolvimento social, comsusbtanciadas pela  história, epistemologia, governo e filosofia política. Suas contribuições incluem elucidações importantes sobre a teoria quantitativa de moeda, a teoria dos ciclos econômicos, a integração da teoria monetária à teoria econômica geral, sem dividir  a Economia em macro e micro,. para uma demonstração de que o socialismo implementado por força de lei também é necessariamente é insustentável tanto quanto  conquistado à baioneta,  posto incapaz de resolver o clássico problema do cálculo econômico. O mundo, contudo, preferiu gastar o o século para se conscientizar:
Não dispondo de indicadores de oferta e procura gerados por um mercado competitivo, tentaram medir a economia em termos de horas de trabalho ou contando as coisas em termos de espécie, em vez de dinheiro. Mais tarde tentaram a modelagem econométrica e a análise de insumo-exsumo. Nada deu certo. Quanto mais informação tinham, mais complexa e desorganizada crescia a economia. TOFFLER & TOFFLER:  87

O cenário
O desenvolvimento das formas modernas de associações em todo tipo de terrenos (estado, igreja, exército, partido, exploração econômica, associação de interessados, uniões, fundações e quaisquer outras que possam ser mencionadas) coincide totalmente com o desenvolvimento e incremento crescente da administração burocrática: a sua aparição é, por exemplo, o germe do estado moderno ocidental. WEBER, Max, Economia y Sociedad, tradução espanhola de J. Medina Echavarría, México: Fondo de Cultura Econômica, 1977, vol. I:  178
Os partidos de esquerda política - socialistas e comunistas - tiveram enorme influência sobre os padrões de cultura política que emergiram na Europa do século XIX. Pode-se observar o efeito dos partidos fascistas e comunistas na Europa, durante a depressão econômica mundial iniciada em 29, quando suas orientações monolíticas e seus poderosos símbolos políticos deram unidade e direção políticas a milhões de pessoas numa época de angústia e colapso social. ALMOND, G.A. e POWELL Jr, G.Bingham: 82.
A política do governo prussiano de reprimir ao invés de cooptar o movimento operário levou ao surgimento de um poderoso partido social-democrata revolucionário, que se tornou um modelo para os trabalhadores de toda a Europa. O PSD alemão foi imitado pelos franceses, belgas e italianos. Os movimentos trabalhistas holandês, escandinavo, suíço e americano seguiram os passos do movimento alemão. Oradores eram convidados de honra nos sindicatos que aconteciam em toda a Europa Ocidental e Estados Unidos. Os movimentos operários russo e eslavo também se inspiraram no alemão, e a segunda Internacional Comunista estava sob a liderança reconhecida do partido alemão. Suas filiações ultrapassavam 1 milhão em 1912; nos sindicatos, dois e meio milhões. SCHWARTZ, J., O Momento Criativo - Mito e Alienação na Ciência Moderna: 130
Enquanto ao leste a crueldade soviética era promovida sob a égide do materialismo científico,  na capital austríaca igualmente se reverenciaria apenas o que os olhos ou a matemática poderiam comprovar. Ños salões das valsas, o Postivismo Lógico alcançava o apogeu, a consagração científica  sob  a liderança do conceituado físico Ernst Mach,  nomeado membro da Câmara dos Pares pelo imperador da Áustria.
Mach também estimulou muita gente no mundo da filosofia: em particular os lógicos positivistas, formando um dos movimentos filosóficos mais influentes de meados do século XX, que às vezes se apoiava fortemente no positivismo de Mach para formular seu projeto filosófico. RAY,  C.,:  161.
Diletante de Direito, História, Economia e Filosofia do século mecanicista extremado, Max Weber (Ciência e política: duas vocações: 30) trouxera o paradogma do “tipo ideal”, ilação contrabandeada do admirado Bacon e do reverendo  Newton: “Podemos dominar tudo por meio da previsão. Equivale isso a despojar de magia o mundo.” Quiçá pela óbvia impossibilidade, o famoso sociólogo viveu  metade da vida em contradições: “Em 1898 Weber apresentou sintomas de esgotamento nervoso e de neurose; até o fim de sua vida iria sofrer depressões agudas intermitentes.” (BERLINK, M. T. PhD, Notícias sôbre Max Weber: . 87) 
Philipp Frank (1884-1966), Otto Neurath (1882-1945)**, Hans Hahn, Moritz Schilick e Rudolf Carnap (1891- 1970) encontraram Moritz Schlick para empilhar a Filosofia das Ciências Indutivas.  No palco aristocrata  o show viria protagonizado pelos filósofos especialistas em danças sociológicas. O filósofo Carnap, juntamente com o matemático  Hahn e o sociólogo Neurath acabaram publicando o manifesto intitulado Concepção Científica do Mundo - O Círculo de Viena (1929). O também austríaco Karl Popper estava por perto, e bem advertiu sobre a improcedência metodológica e decorrentes expectativas alimentadas pelo renomado grupo:
Popper negava a afirmação positivista de que os cientistas podem provar uma teoria por indução [como queria, por exemplo, Carnap com sua lógica indutiva] ou por testes empíricos ou observações sucessivas [como outros defendem]. Nunca se sabe se as observações foram suficientes; a observação seguinte pode contradizer tudo o que a precedeu. As observações nunca são capazes de provar uma teoria; só podem provar a sua inverdade ou refutá-la. Popper costumava se vangloriar de ter ‘matado’ o positivismo lógico com essa argumentação  HORGAN, 1998: 50.
Hans Kelsen e Ludwig Wittgenstein (1889-1951) já haviam aberto as portas do salão positivista. Wittgenstein provinha da Realschule, de Linz, escola que dava ênfase às disciplinas técnicas, cujo local também abrigava o astuto cabo Hitler. Ambos,   com 14 e 15 anos respectivamente, podem ser vistos em  fotografia escolar, juntos com outros 40 estudantes. Por três anos foram colegas. Em 1922  o pensador dera a conhecer seu  Tractatus Logico-Philosophicus, assim exercendo profunda influência no desenvolvimento do positivismo lógico.  A presença de Kelsen com a convincente  Teoria Pura do Direito  já havia assegurado a certeza da ciência em voga, tanto que sob sua inspiração a Áustria redigira sua Constituição, a Oktoberverfassung, de 1920.
A teoria do ordenamento jurídico encontra a sua mais coerente expressão no pensamento de Kelsen. Por isso podemos considerar este autor como o clímax do movimento juspositivista depois do que começa sua decadência, isto é (sem metáfora) sua crise. BOBBIO, N.,, A Teoria das Formas de Govêrno: 8.
 Von Mises não perdoou:
Houve Augusto Comte. Pensava conhecer o futuro que estava reservado à humanidade. E, portanto, considerava-se o supremo legislador. Pretendia proibir certos estudos astronômicos por considerá-los inúteis. Planejava substituir o cristianismo por uma nova religião e chegou a escolher uma mulher para ocupar o lugar da Virgem. Comte pode ser desculpado, já que era louco, no sentido mesmo com que a patologia emprega este vocábulo. Mas como desculpar seus seguidores?
Kelsen e Wittgenstein logo se deram conta do grave equívoco, mas os convivas continuavam desprezando o que não fosse concreto, palpável: "Uma das principais contribuições do Círculo de Viena reside na noção de verificabilidade. Esta compreende que o sentido de uma proposição está intrinsecamente relacionado à sua possibilidade de verificação." (www.geocities.com/discursus/textos/viena.html)
O anfitrião e o colega Wilhelm Oswald (cits. COVENEY & HIGHFIELD, A flecha do Tempo: 57) .garantiam: “Não pode haver significado nas declarações referentes a uma suposta teoria atômica, já que não temos meios de verificar diretamente a existência de átomos e moléculas.” No raiar do dia restou a melancolia: "O Círculo de Viena que se empenhou em encontrar respostas... O conjunto das suas reflexões, que ficou na história com o nome de 'positivismo lógico', saldou-se num tremendo fracasso." (VELOSO, António José de Barros  À cerca da pós-modernidade. http://cfcul.fc.ul.pt/equipa/2_cfcul_nao_elegiveis/antonio%20veloso/pos-modernidade%2021.doc.
O epílogo se precipitou não tanto pelos corretos apontamentos liberais, mas pelas descobertas da quântica.  Max Planck e Albert Einstein até lhe reverenciaram pela reitrodução do ceticismo, mas criticaram sua teimosa postura em refutar a Teoria Atômica.. A demora generalizada na aceitação da Quântica e da Relatividade é que ensejou a ascenção soviética, a prevalência da astúcia de Mussolini, e abriu caminho, na  própria Alemanha, à fulminante ascenção do também austríaco Adolf Hitler. Coube a Hiroshima e Nagasaki dirimirem  o ceticismo positivista de Mach e seus cometas.
 O empenho
"Mises foi fortemente influenciado pela sociologia de seu amigo Weber, e uma parte significativa de seu pensamento consiste em modificações e críticas de pontos de vista de Weber." Epistemologia Mises  O austríaco escreveu sua magnus opera  intitulando-lhe  Nationalokonomie; a qual revisada e ampliada no Eua tomou o título de Ação Humana (Human Action 1949.)  Seu aluno Murray N. Rothbard considera esta obra como sendo "a maior façanha de Mises e um dos produtos mais primorosos da mente humana em nosso século. É a economia em toda a sua plenitude".
Mises propugnava pela organização espontânea do mecanismo de preços, fato que remete a complexidade de escolhas subjetivas. O natural emaranhado  simplesmente impede a modelagem matemática da sociedade e do mercado. Qualquer projeção se faz improvável. Dessarte a verificação dentro dos critérios empíricos, positivistas estava completamente fora de cogitação. 
O surgimento desse trabalho foi o ponto crucial de toda a história da Escola Austríaca, e permanece emblemático - tratado econômico que define o padrão. O arcabouço austríaco, tanto quanto na Europa, não mereceu atenção do meio econômico norteamericano.  Roosevelt já havia procedido a radical guinada ao keynesianismo, forte para enfrentar o anunciado colapso do capitalismo, e para colocar a Nação rumo à guerra.
Nos Estados Unidos, por exemplo, jamais houve resistência real contra a imposição de esmagadores fardos financeiros durante a última década ou contra uma legislação trabalhista que é incompatível com uma administração eficiente da indústria. O imposto sobre rendimentos regular, direto e progressivo é um subproduto do welfare state: ele passou a existir ao mesmo tempo em que este foi justificado como necessário para financiar os grandes gastos que os serviços sociais demandavam. JOSEPH ALOIS SCHUMPETER (Třešť, 1883Taconic, 1950, p. 201)
"Entre 1924 e 1929, portanto em apenas cinco anos, os Estados Unidos havia destinado, nada menos do que 30 bilhões de dólares a Berlim." (LEVENSON: 351) "Em 1929, as despesas federais para todos os bens e serviços montavam a 3,5 milhões de dólares; em 1939, eram de 12,5 bilhões." (Galbraith, 1968: 251) “O Führer era idolatrado não somente em sua terra natal; tinha adeptos em número considerável de americanos barulhentos e vociferantes.” (BRIAN,  Einstein, a ciência da vida: 329) "O welfare state não se originou de um projeto socialista, mas tornou-se cada vez mais atraído para a órbita do socialismo, pelo menos o de tipo reformista." (GIDDENS, 1996:170)  .Em 1999, a revista Time reconheceu em Keynes uma das cem pessoas mais influentes do século XX, mercê de "sua ideia radical de que os governos devem gastar o dinheiro que não têm pode ter salvado o capitalismo".(Wikipédia)
A gradual descoberta de Keynes e a influência de Mannheim ajudavam a legitimar, no ocidente, as idéias de planejamento que pareciam dar tanto resultado nos planos qüinqüenais da União Soviética, e começavam a ser difundidas pelos programas de assistência técnica das Nações Unidas. www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_05/rbcs05_03.htm
Muitas das reformas da década de 1930 permanecem entranhadas nas políticas atuais: distribuição arbitrária de terras, subvenção de preços e controles de mercado para a agricultura, ampla regulação de títulos privados, intromissão federal sobre as relações entre sindicatos e empregadores, governo fazendo empréstimos e atividades seguradoras, o salário mínimo, seguro-desemprego nacional, Previdência Social e pagamentos assistencialistas, produção e venda de energia elétrica pelo governo federal, papel-moeda de curso forçado - a lista é infindável.Robert Higgs
"Os fascistas, nazistas e militaristas de todos os tipos, simplesmente adotaram o keynesianismo sem discussão."
Contra o ambiente intelectual então prevalecente, e dando provas de uma extraordinária coragem, Hayek defendeu em 'O Caminho para a Servidão' que os totalitarismos de esquerda e de direita têm uma origem intelectual comum, cuja principal característica é a rejeição da tradição liberal do Ocidente. Para Hayek, comunismo e nacional-socialismo são dois produtos de uma mesma atitude intelectual, que gradualmente levou ao abandono dos ideais liberais e da própria tradição assente no respeito pela esfera de autonomia individual que está na base da civilização ocidental. Numa altura em que muito poucos estavam dispostos a reconhecê-lo, Hayek afirmou explicitamente que a ascensão do fascismo e do nazismo, longe de serem reacções à difusão das ideias socialistas eram o seu corolário inevitável. ALVES, André Azevedo,  www.causaliberal.net
"Hayek, de tradição austríaca e aluno de Menger, possuía sério conhecimento e interesse em teorias de sistemas e cibernética, campos de estudo relacionados com complexidade." (GLEISER, I.,:187).
Einstein estendia-lhe perfeitamente a  guarida científica, fato desdenhado pela Escola talvez em função do Grande Relativo proceder da mesma cátedra do maldito colega Mach, ou quiçá por muitas vezes ser tomado socialista.
É necessário impedir as flutuações do valor do dinheiro e, para isto, substituir o padrão-ouro por uma equivalência com base em quantidades determinadas de mercadorias, calcadas sobre as necessidades vitais, como, se não me engano, Keynes já propôs há muito tempo. Pelo emprego deste sistema, poder-se-ia conceder uma certa taxa de inflação ao valor do dinheiro, contanto que se considere o Estado capaz de dar um emprego inteligente àquilo que, para ele, representa um verdadeiro presente. As fraquezas de seu projeto se manifestam, em meu entender, na falta de importância concedida aos motivos psicológicos. O capitalismo suscitou os progressos da produção, mas também os do conhecimento, e não por acaso. Sem dúvida sou pessimista demais a respeito das empresas do Estado ou comunidades semelhantes, mas de modo algum creio nelas.
Mr. Keynes (cit. BODANIS: 228), sem argumento, preferiu taxar o Grande Relativo de "garoto judeu malcriado, sujo de tinta”. Com a desgraça geral, o astuto de Bloombury soube aumentar seu patrimônio pessoal: de 16.315 libras, chegou a 411.238 - equivalentes a 10 milhões de libras em valores atuais - quando morreu. Estamos explicados? 
Apenas nos anos setenta, depois de muits trapalhadas e prejuízos acarretados pelas artimanhas de Keynes, a Escola mereceu a devida atenção
A desordem monetária, produzida pelas intrépidas teses keynesianas, teve como conseqüências a inflação, a desorganização institucional, a diminuição real do lucro e, por conseguinte, o empobrecimento dos assalariados. O investimento social, concebido como uma partilha autoritária da riqueza no nível microeconômico ou como programa estatal financiado com emissões monetárias, só provoca a depressão social. (Mendoza e outros: 128).
As políticas mundiais de crescimento induzido pelo Estado tiveram exatamente o efeito oposto do que pretendiam: tinham aumentado, e não reduzido, o custo da produção de bens e serviços e tinham abaixado, e não aumentado, a capacidade das economias de conseguirem uma produção vendável. SKIDELSKI: 140  
Diante da monstruosa inércia lograda pela locomotiva social o Eua até hoje padece. "Como já chamamos a atenção, o welfare state moderno na verdade coage de várias formas” (PIPES, 2001: 341)
Desde que a guerra contra a pobreza começou em 1965, os governos federal, estaduais e locais gastaram mais de 5,4 trilhões lutando contra a pobreza neste país. Quanto dinheiro vem a ser US$5,4 trilhões? São 70 por cento a mais que o valor do custo da II Guerra Mundial. Com US$5,4 trilhões você pode comprar todas as 500 empresas mais bem-sucedidas, Fortune e todas as terras cultiváveis dos Estados Unidos. Já a taxa de pobreza está realmente mais alta hoje [1996] do que em 1965. (Idem, 328).
O Secretário de Estado Robert S. MacNamara (cit. Gabor: 173),  aclamado Garoto Prodígio do staff  Kennedy/Johnson, ao cabo do descalabro reconheceu - fora apenas moleque: "Fracassamos no tratamento de questões fundamentais, nossa incapacidade de identificá-las não foi reconhecida; e discordâncias enraizadas entre os assessores presidenciais quanto ao caminho a tomar não foram questionadas nem resolvidas."
Em 1983 a conceituada revista Forbes anunciou: a obra compatível com nosso tempo não provinha de Keynes, mas de Schumpeter¹.
 
 A virada - O neoliberalismo
O Governo é grande demais e ele tributa e gasta demais. De todas as crises que afetam os EUA nos anos 90, esta é a principal. Em grande medida, os outros grandes problemas da agenda nacional simplesmente derivam dele, sendo diretamente causados ou agravados pelo nosso governo glutão. Salários estagnados, o sufocado crescimento dos empregos, a violência e a pobreza nas cidades, os altíssimos custos de saúde e educação superior, todos esses problemas estão relacionados ao nosso sempre crescente setor público. Mas em nível mais profundo, o crescimento do governo é o nosso problema mais grave, porque ele agride no coração aquilo que significa ser um norte-americano. À medida que o governo cresceu nas décadas recentes, ele assumiu responsabilidades que antes pertenciam a famílias e comunidades, tornando mais fracas aquelas instituições e tornando-se ele próprio mais forte. Surgiu uma nova classe governante, com gosto pelo poder e apetite por mais poder ainda. Usando uma variedade de meios enganosos, ampliou o alcance do governo para muito além do que seria tolerado pelas gerações anteriores de americanos. Hoje os americanos se encontram tontos diante do imenso ônus governamental que está a serviço de uma elite entrincheirada, elite esta que de vários modos tem a pretensão de ser mais sábia e nobre que os próprios cidadãos americanos. Se ser um norte-americano significa estar livre das exigências injustas de governantes distantes; se significa usar os próprios esforços pessoais para construir um melhor futuro para os filhos, então algo está errado por aqui. A expansão do Governo está ameaçando o Sonho Americano.  (Dep. Fed. Dick Armey, ao propor projeto de lei no Congresso dos Estados Unidos,
A  Escola Austríaca entrava tal qual panacéia,às desastradas políticas sociais:
Com o descrédito de economias inflacionárias, o crédito internacional mudou. Keynes e seu vulgarizado keynesianismo, em moda em 45, foi desacreditado. F.A. Hayek e a Escola Austríaca, e Milton Friedmann e a Escola de Chicago viraram moda. Adam Smith, adaptado por Alfred Marshall, começou a parecer mais relevante que Marx, enquanto adaptado por Lênin. (Johnson: 615)
Em setembro de 1987, vinte cientistas se reuniram no Instituto Santa Fé para discutir 'A Economia como Sistema Complexo Adaptativo'. Dez eram economistas teóricos, convidados por ninguém menos que Kenneth Arrow, um dos economistas mais importantes do século XX e que em 1972 dividiu o prêmio Nobel de economia com Sir John Hicks ². Além de sua contribuição com Debreu para a prova matemática da existência do equilíbrio geral, Arrow também provou que a escolha social, ou de decisão social, não é necessariamente racional por poder transgredir o princípio da transitividade. Arrow percebeu que, antes dele, economistas como Adam Smith, Schumpeter, Hicks, Marshall, Friederich Hayek e outros haviam entendido as implicações de fenômenos complexos para a economia, mas não possuíam o instrumental necessário para estudá-los formalmente.

Evidenciava-se claramente que as utopias coletivistas nos reduziam a condições de absoluta servidão, ainda mais submissos do que animais inferiores. Em seguida os russos perceberam a artimanha pela qual foram envoltos, e o mundo assistiu a especacular e surpreendente implosão do muro soviético.
Há programas de Doutorado em Economia Austríaca na New York University, na Auburn University (Alabama) e na George Mason University (Fairfax, Virginia). Mises Institute foi fundado em Auburn, concentrando-se, no momento, no desenvolvimento da compreensão do livre mercado. O Mises Institute planeja publicar um Journal of Austrian Economics (Revista de Economia Austríaca), editado por Murray Rothbard e Walter Block. A George Mason University tem um Centro de Estudos de Processos de Mercado (além do Centro de Escolha Pública, que se transferiu da Virginia Polytechnic Institute. Ele publica um informativo a cada dois anos, contendo notícias de publicações e críticas de livros e de conferências.
Atualidade 
O fascismo e o comunismo se dissiparam. Marx e Keynes perderam créditos e citações. A Escola Austríaca se fez reverenciada, e mesmo adotada em vários países,  mas não conseguiu convencer. Chega a ser ofensivo taxar uma poítica de neoliberal. Soa tal qual punguista. Por qual razão seu potente farol em vez de ilumninar tornou tudo ainda mais sombrio, e confuso? 

O gap da Escola Austríaca

 Notas
1. Schumpeter formou-se na Universidade de Viena e foi aluno de Eugen Böhm-Bawerk, precursor da escola econômica austríaca. Schumpeter seguiu, ainda que de maneira incompleta, a teoria austríaca, dando ênfase às ações inovadoras dos empresários no mercado, criadoras de novos bens e novas tecnologias, num de scarte dos bens e processos antigos, denominado por ele de “destruição criadora”, essenciais ao desenvolvimento econômico sustentado (Teoria do Desenvolvimento Econômico).
O tcheco-austríaco pode ser apreciado em dois distintos momentos. Na juventude Schumpeter erigiu A natureza e a essência da economia teórica, (1908), e Teoria do desenvolvimento econômico (TDE) (1911). Na segunda fase destacam-se Capitalismo, socialismo e democracia, (1942), Ciclos econômicos, (1939), e História da análise econômica, (1954), publicado postumamente. Em Capitalism, Socialism and Democracy Schumpeter demonstra a superioridade dos mercados sobre o planejamento central. Ele se opunha frontalmente às táticas fascistas e marxistas:

Temos assim, fundamentalmente, duas e somente duas classes: a dos proprietários ou capitalistas e a dos que nada possuem e são compelidos a vender seu trabalho, a classe trabalhadora ou proletariado. A existência de grupos intermediários, tais como os formados por agricultores e artesãos, que empregam trabalhadores, mas também executam trabalho manual, pelos empregados no comércio e pelos profissionais liberais não é naturalmente negada. Mas tais grupos são tratados como anomalias, que tendem a desaparecer no decorrer do processo capitalista. As duas classes fundamentais são, em virtude da lógica de suas posições e inteiramente fora da vontade dos indivíduos, essencialmente, antagônicas. A própria natureza das relações da classe capitalista e do proletariado é de luta, isto é, de guerra de classes.
Ele considerava um dos principais equívocos de Keynes a idéia de que a Grande Depressão havia sido causada por mecanismos intrínsecos ao capitalismo, e não pelo confuso sistema bancário norte-americano. Para Christopher Hitchens, Schumpeter era ‘um socialista instintivo’. Talvez por isso, sequer foi considerado:

O sucesso de Keynes foi tão devastador que a teoria econômica de Schumpeter foi pouco notada em sua época. Durante os anos 20 e 30, Keynes recebeu 200 citações em artigos publicados por outros cientistas, ficando em primeiro lugar. Já Schumpeter, no mesmo período, recebeu somente 22, ficando em 18º na classificação. Gleiser, I: 171
O ardil do New Deal veio a confirmar a empulhação:
2. O. economista  britânico John Hick nasceu em Leamington Spa, Warwickshire, para abiscoitar o prêmio Nobel de Economia em 1972. Dedicou-se para demonstrar que o estado de bem estar social pode ser persehuidop através do equilíbrio econômico natural. Hick dividiu seus méritos com Kenneth Joseph Arrow. educado no Clifton College (1917-1922) e no Balliol College, Oxford (1922-1926), onde estudou essencialmente matemática, mas também literatura e história, para ser professor na University of Manchester (1938-1946), , retornando para Oxford (1946), inicialmente com um research fellow do Nuffield College (1946-1952), depois como Drummond Professor de Political Economy (1952-1965) e finalmente como um research fellow do All Souls College (1965-1971). Joseph Arrow. foi o autor de várias obras importantes, dentre as quais se destacam Value and Capital (1938), Capital and Growth (1965) e A Theory of Economic History (1969). De um modo geral, pesquisou os seguintes assuntos em sua profícua carreira: a) expectativas, equilíbrio e desequilíbrio; b) preços fixados e a teoria dos mercados; c) dinâmica: mudanças, flutuações e crescimento; d) trabalho, produção e substituição; e) capital e acumulação; f) moedas, finanças e liquidez; g) Keynes e economia keynesiana; h) causalidade econômica: circunstâncias e explicações; e i) história econômica. Entre suas muitas honrarias foi Fellow da British Academy (1942), membro estrangeiro da Royal Swedish Academy (1948) da Accademia dei Lincei, Itália (1952) e da American Academy (1958). Foi President of the Royal Economic Society (1960-1962) e tornou-se cavaleiro (1964). Recebeu também vários títulos honorários e morreu em Blockley, Gloucestershire. http://nobelprize.org/
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domingo, 24 de julho de 2011

O vírus platônico na Escola Austríaca de Economia

Apesar de existir acordo generalizado quanto ao fato de a Escola Austríaca ter nascido em 1871, com a publicação do livro de Carl Menger (1840-1921) intitulado Princípios de Economia Política (Menger, 1997), na realidade, o principal mérito deste autor consistiu em ter sabido recolher e impulsionar uma tradição do pensamento de origem católica e européia continental que se pode fazer remontar até ao nascimento do pensamento filosófico na Grécia e, de forma ainda mais intensa, até à tradição de pensamento jurídico, filosófico e político da Roma clássica.  Quem foram estes precursores intelectuais da moderna Escola Austríaca de Economia?  A maioria deles foram dominicanos e jesuítas, professores de moral e teologia em universidades que, como a de Salamanca e a de Coimbra, constituíram os focos mais importantes do pensamento durante o Século de Ouro espanhol. Carl Menger e os precursores da Escola Austríaca 

Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristão, porque eles, segundo parece, não têm nem entendem nenhuma crença. E, portanto, se os degradados que aqui hão de ficar aprenderem bem sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa fé... (Carta de Pero Vaz de Caminha, cit. Faraco & Mora,  Para gostar de escrever. - São Paulo: Ática, 2002.)
Se inocentes, e de fato eram, se não havia pecado entre os silvícolas, muito menos algum original, que outra razão assistia a presença do Redentor além de servir para tomar suas terras, extrair as riquezas do subsolo,  e  torná´-los escravos, quando não dizimados ?
O vírus  
Quem se der conta com clareza de como depois de Sócrates, o mistagogo da ciência, uma escola de filósofos sucede a outra, qual onda após onda, de como uma universalidade jamais pressentida de avidez de saber, no mais remoto âmbito do mundo civilizado, e enquanto efetivo dever para com todo homem altamente capacitado, conduziu a ciência ao alto-mar... .não poderá deixar de enxergar em Sócrates um ponto de inflexão e um vértice da assim chamada história universal. NIETZSCHE, F., O nascimento da tragédia: 92
"Na Grécia, berço das artes e dos erros e onde se levou tão longe a grandeza e a estupidez do espírito humano, raciocinavam sobre a alma como nós." (VOLTAIRE, «13.ª carta», Cartas Filosóficas).
"A marca da filosofia platônica é um dualismo radical. O mundo platônico não é um mundo de unidade, e o abismo que, de diversas formas, resulta dessa bifurcação, surge em inúmeras formas." (KELSEN, H., 2001: 81)
  Una est religio in rituum varietate, proclama Ficino, às vésperas do "Século de Ouro espanhol": A criação religiosa conserva esses atributos de articulados em ambíguidades:
Quem quer que leia seriamente as obras de Platão, nelas encontrará, evidentemente, tudo, mas em particular essas duas verdades eternas: o culto reconhecido de um deus conhecido e a divindade das almas, onde reside toda a compreensão das coisas, toda a regra de vida e toda a felicidade. E tanto o mais que, sobre estes problemas, a maneira de pensar de Platão é tal que, de entre outros filósofos, foi a ele que Agostinho escolheu para modelo, como sendo o mais próximo da verdade cristã, afirmando que, com pequenas alterações, os platônicos seriam cristãos.
O introdutor dos Trinta Tiranos de Atenas e depois secretário do Tirano de Siracusa compôs sua metafísica  em sentido totalmente paradoxal ao precioso liberalismo esposado  pela Escola Austríaca: 
Platão sutilmente instituiu uma sinomia* entre individualismo e egoísmo: apelando para o sentimento humanitário, subverteu o conceito de individualismo, conceito que se opõe ao coletivismo não implicando, portanto, na adoção do egoísmo como padrão moral, tentando tornar a alternativa coletivista como a única moralmente compatível com o altruísmo. PEREIRA, J. C. R.: 116
A sociedade grega e romana se fundou baseada no princípio da subordinação do indivíduo à comunidade, do cidadão ao Estado. Como objetivo supremo, ela colocou a segurança da comunidade acima da segurança do indivíduo. Educados, desde a infância, nesse ideal desinteressado, os cidadãos consagravam suas vidas ao serviço público e estavam dispostos a sacrificá-las pelo bem comum; ou, se recuavam ante o supremo sacrifício, sempre o faziam conscientes da baixeza de seu ato, preferindo sua existência pessoal aos interesses do país. TOYNBEE, Arnold J.:196.
A prevalência da patologia
Corretamente  os austríacos rechaçam a física mecanicista. A priori, todavia, vem embalados no  preconceito místico-platônico: 
De fato, o ponto principal já havia sido entendido por aqueles notáveis visionários da economia moderna, os escolásticos espanhóis do século XVI, que enfatizaram que aquilo que chamavam de pretium mathematicum — o preço matemático — dependia de tantas circunstâncias particulares que era impossível que o homem conhecesse todas elas.  Somente  Deus teria tal capacidade.. A pretensão do conhecimento  - Friedrich A. Hayek
Fundada  no pressuposto teológico, que de lógico porta apenas o interesse de seus ventiladores, a Escola desse modo agrava a patologia que se dispôs a combater.
À medida em que as nações começaram a se formar, no fim da Idade Média, o ataque contra a descentralização começou a ser dirigido não apenas pelos monarcas e ditadores que criaram nações altamente organizadas, como a França dos Bourbons e a Inglaterra de Cromwell, mas também pela Igreja e especialmente pelas ordens monásticas mais poderosas, que em suas sedes estabeleciam regras de comportamento uniformes e uma contabilidade rígida sobre os atos dos seres humanos que antecipava o ataque iminente às liberdades e à independência regionais e, na prática, determinava o sistema de ajuda mútua. WOODCOCK, 1971: 57
"Em virtude dessa estreita associação entre o poder do Estado e a autoridade religiosa, o catolicismo, em toda a parte em que predominava, opunha-se a liberdade de consciência e as liberdades democráticas, com o apoio do braço secular do poder civil." (GUSDORF: 80)
Não foram nem Montaigne, nem Locke, nem Bayle, nem Spinoza, nem Hobbes, nem Lorde Shaftesbury, nem o Senhor Collins, nem o Senhor Tolland, etc., que trouxeram à pátria o facho da discórdia; foram, na maioria das vezes, os teólogos que, tendo primeiramente tido a ambição de serem chefes de seita, bem depressa ambicionaram ser chefes de partido. Que digo! todos os livros dos filósofos modernos em conjunto não farão tanto barulho no mundo quanto outrora a disputa dos Franciscanos sobre a forma da manga e do capucho. VOLTAIRE, «13.ª carta», Cartas Filosóficas, Lisboa, Editorial Fragmentos, 1993: 55
"A fim de melhor compreender a arte da propaganda, Hitler estudou as técnicas propagandistas dos marxistas, a organização e os métodos da Igreja Católica, a propaganda britânica da Primeira Guerra Mundial, a publicidade norte-americana e a psicologia freudiana.  (DOWNS: 147) 
A diferencia de los otros, el movimiento justicialista era ideológicamente cristiano, y tanto lo era, que por diez años consecutivos el clero argentino, desde su más alta jerarquía, hasta el más humilde cura de campaña, apoyó al Peronismo, tanto en sus campañas electorales como durante su gestión partidista en el gobierno  
A contaminação
A Escolástica se estabeleceu  pela liderança de Tomás de Aquino (1227-1274).
São Tomás é famoso por ter cristianizado Aristóteles, à semelhança do que fez Agostinho com Platão, ele transformou o pensamento desse sábio num padrão aceitável pela igreja católica, Apesar de Aristóteles não ter conhecido a revelação cristã, como diz Tomás, e de sua obra ser original, autônoma e independente de dogmas, ele está em harmonia com o saber contido na Bíblia. E Tomás aplica o pensamento de Aristóteles na teologia. Santo Tomás de Aquino
Aristóteles não poderia mesmo conhecer a "revelação", mas seu precursor fornecera o projeto até com detalhes.
Se o justo aparecer na terra, será açoitado, atormentado, posto em cadeias, cegado de ambos os olhos, e, finalmente, depois de todos os martírios, pregado numa cruz, para chegar á compreensão que o importante neste mundo não é o ser justo, mas parecê-lo.   PLATÃO, República: 361
Naturalmente Sto. Tomas se valeu  do sagrado molde costurado pelos hiper-platônicos  aninhados no leste europeu: .
Com o surgimento dos imperadores romanos o curso dos tempos se torna ainda mais tormentoso e os homens interiormente ainda mais inquietos e angustiados. E chegamos então a um ponto, verdadeira e secularmente crítico, de profunda decadência, quando, subitamente, aparece a figura de Cristo, anunciando-se como a luz do mundo, a ressurreição e a vida. O Cristianismo, ainda jovem, entra em cena e aos poucos arranca, à Filosofia, a direção do homem. HIRSCHEBERGER, Johannes, História da Filosofia na Antiguidade 
"Segundo Eusébio de Cesaréia, o primeiro historiador da igreja cristã, falecido em 341, foi o próprio imperador CONSTANTINO, O Grande, quem lhe confessou ter tido as duas visões que o convenceram de que Cristo o escolhera para missões extraordinárias." 
Constantino teve uma boa educação - especialmente por ser filho de uma mulher de língua grega e haver vivido no Oriente grego, o que facilitou-lhe o acesso à cultura bilingue própria da elite romana - e serviu no tribunal de Diocleciano depois do seu pai ter sido nomeado um dos dois Césares, na altura um imperador júnior, na Tetrarquia em 293.
"O mundo racional que Platão idealizara foi tão bem elaborado que Santo Agostinho (354-430 d.C.) adaptou-o ao cristianismo, e a exemplo de Platão criou duas cidades utópicas: a Cidade de Deus e a Cidade dos Homens" .PLATÃO E AS CONSEQUÊNCIAS DE SUA FILOSOFIA
O Primeiro Concílio de Niceia (cidade da Anatólia, hoje İznik, parte da Turquia) durante o reinado do imperador romano Constantino I, o primeiro a aderir ao cristianismo. Considerado como o primeiro dos três foi a primeira conferência de bispos ecuménica (do Grego oikumene, mundial) da Igreja cristã. Lidou com questões levantadas pela opinião Ariana da natureza de Jesus Cristo: se uma Pessoa com duas naturezas (humana e Divina) como zelava até então a ortodoxia ou uma Pessoa com apenas a natureza humana.
A Igreja Católica Romana utilizou , a partir do ano 400 d.C., isto é, desde que "conheceu" a mitologia grega através de PLATÃO, a versão chamada Septuaginta. O Novo Testamento (do grego: Διαθήκη Καινὴ, Kaine Diatheke)Bíblia cristã, arquitetada a partir de uma suposta tradução de escritos hebraicos para o grego, feita antes mesmo do fechamento do cânone hebraico na tradição judaica. Assim, a segunda parte da Septuaginta inclui material estranho à Bíblia Hebraica, fontes diferentes e divergentes, inclusive do original já talhado em grego.
Dessarte se estendia o manto do maior embuste cometido sobre a humanidade  para lhe turvar a liberdade,  mas não dos seus governantes, porquanto divinos, assim senhores de quaisquer desatinos.
"A influência patrística na filosofia medieval coexiste com sobrevivência e o continuado influxo de Agostinho na Idade Média" (GRABMAN, N)
A cultura antiga, que a religião cristã assimilou e à qual se uniu para entrar, fundida com ela, na Idade Média, era uma cultura inteiramente baseada no pensamento platônico. É só a partir dela que se pode compreender uma figura como a de Santo Agostinho, que traçou a fronteira histórico-filosófica da concepção medieval do mundo. JAEGER 2003: 581
"Na Suma contra os Gentios faz uma exposição completa da religião católica, identificando o que há de verdade nela. Essa suma trata de Deus e suas obras, da fé no mistério da santíssima trindade, da encarnação, dos sacramentos e da vida eterna.".Santo Tomás de Aquino   
Quando  vindo de Constantinopla aportou em Florença a obra completa de Platão, Artistóteles foi relegado à prateleira.  "No começo do século XVII, os matemáticos e astrônomos jesuítas do Collegio Romano eram reconhecidos entre as mais altas autoridades científicas." (FORTI, A. cit. MAYOR: 36).
"A região do mundo colhia, pelo menos parcialmente, a herança grega, e a combinara com a visão da natureza e a vocação do homem trazida pela tradição judaico-cristã." (LADRIÈRE, Les enjeux de la racionalitè, 1977) 
"Assim o problema do método constitui o problema número 1 de todos os filósofos. Trata-se de descobrir um método universal de conhecimento. E o modelo é o conhecimento matemático (geométrico)." (JAPIASSÚ, H., 1997: 81)
Foi o próprio Galileu quem incitou os eclesiásticos a estabelecerem a matemática como instrumento hegemônico, divino porque utilizado pelo  Grande Arquiteto do Universo. Com isso o astrônomo logrou escapar do destino lavrado ao precursor Giordano Bruno: 
Com as funções em 1623 de um novo Papa Urbano VIII, seu amigo pessoal e um espírito mais progressivo e interessado nas ciências do que o seu predecessor, publicou nesse mesmo ano Il Saggiatore (O Analisador), dedicado ao novo Papa, para combater a física aristotélica e estabelecer a matemática como fundamento das ciências exatas.
No "Século de Ouro espanhol", na verdade ouro inca e azteca, a presunção geocêntrica já estava sepultada, mas a fé continuava “iluminando” os pobres mortais, .e a vela permanecia rainha da noite. Quando a vela caia, e incendiava tudo, nada era culpa de Deus. Ele não tapeia suas criaturas. Isso era coisa daquele “mau gênio”, “manhoso e enganador”, diabo caricaturado por DESCARTES em  Meditação Primeira, meditação deveras primária. 
No modelo proposto por Descartes e seguido pelo criador do Estado Leviathan, a geometria era a única ciência que Deus houve por bem até hoje conceder à humanidade. Retomava-se Galileu, para que a língua da natureza era a matemática. O pensamento moderno é assim marcado por este ritual do pensamento a que logo se opôs Pascal com o chamado esprit de finesse. A matematização do universo desenvolve-se com Newton e atinge as suas culminâncias em Comte. Respublica, JAM 
Na carta à Mersenne, 1630, o pretensioso francês bem soube se valer da metonímia:
Mas eu não deixarei de tocar, em minha física, em várias questões metafísicas e particularmente nesta: que as verdades matemáticas, as quais chamais de eternas, foram estabelecidas por Deus e dele dependem inteiramente, assim como todo o resto das criaturas. Não receai, peço-vos, garantir e publicar em toda a parte que Deus é quem estabelece estas leis na natureza, assim como um rei estabelece leis em seu reino.
"Apoiado nos ombros desses gigantes" foi que o reverendo NEWTON elevou o preconceito à potência máxima:
Para construir esse sistema com todos seus movimentos, foi necessário uma Causa que compreendeu e comparou as quantidades de matéria dos vários corpos diferentes; essa causa não pode ser uma simples conseqüência cega do acaso, mas sim uma especialista em mecânica e geometria.
Ainda que proponha a priori uma"ciência praxeológica", outro paradoxo, porquanto a ciência se atém na episteme, enquanto a prática envereda à tecnè, à  tecnologia, na verdade a Escola desnecessariamente se afasta da ciência e da filosofia, para encontrar abrigo apenas em alguma prateleira  ideológica, uma daquelas  que tanto faz questão de refutar:
Um de seus maiores faróis se ergueu no período do Iluminismo, mas em shape alexandrino. Para ele, como à Escola Austríaca, há uma lei peculiar ao ser humano, um imperativo categórico que lhe faz agir.
A metafísica e a matemática são fontes auxiliares da ciência da natureza (subsidia), na medida em que elas são os princípios a priori que preparam esta ciência; mas, esta daqui (a ciência da natureza) deve, entretanto, ser uma ciência filosófica (philosophiae naturalis), afim de poder inspirar respeito através desta preparação que lhe trazem a matemática e a disciplina que caminha em seus passos (a metafísica), sob o nome de Philosophiae Naturalis principia mathematica.  KANT, I., cit. COHEN, Hermann. La théorie Kantienne de l’expérience. Trad. Thiago Abrahão de S. Soares. - Paris: Les editions du Cerf, 2001.
Uma direita  e outra esquerda, a metafísica  e a matemática compõem as pernas-de-pau que trouxeram Platão a nossos dias. Sorry. Levam à Marte, por não amar-te:.
Tanto o platonismo quanto o cristianismo distanciam os seres humanos do meio que os rodeia. A natureza e a experiência eram encaradas como o mundo das modificações perturbadoras, o mundo do erro e do caos. Para o cristianismo, a dúvida e a incerteza são obra do diabo. ZOHAR, D., O Ser Quântico, 188.
A Igreja, que hoje protesta, e com razão, contra a opressão que sofre nas mãos do Estado totalitário, faria bem em lembrar-se de quem primeiro deu ao Estado o mau exemplo da intolerância religiosa ao usar o braço secular para defender, pela força, o que só pode brotar de um ato livre de vontade. A Igreja deve sempre lembrar-se, com vergonha, de que foi o primeiro mestre do Estado totalitário em quase todos os seus aspectos.  BRUNNER, EMIL,  cit. KELSEN, H., A Democracia: 210.
A Escola não precisava de nenhuma projeção metafísica, forja par excellence; tampouco realçar práticas da ação humana. Sob os critérios que regem a ciência de ponta,  seus pressupostos são perfeitamente compatíveis.
Assim, descobriu-se recentemente que na natureza tudo está subordinado a uma ordem, até mesmo os fenômenos confusos, sem nexo, totalmente imprevisíveis. Esta ordem ‘superior’ é capaz de explicar eventos aparentemente randômicos - não importa se se trata de bolsa de valores, da mudança na temperatura de nosso planeta, ou da maneira que nós formulamos nossos pensamentos – e que podem ser expressos tanto em fórmulas matemáticas e físicas, quanto em belas imagens (os chamados fractals) disformes, mas com uma atraente irregularidade. Todos esses eventos têm algo em comum: o fato de serem atraídos a certos estados da natureza, o que lhes dá unidade, se bem que disfarçada. A nova regularidade dos fenômenos deu origem a uma nova ciência, que tem o ‘caos’ como tema central e na qual, um dia, deve se enquadrar a teoria das ondas. WITKOWSKI, Bergè: 275
Fredrich von Hayek, prêmio Nobel de Economia 1974, bem que logrou escapulir do fetiche platônico ao se declarar agnóstico. Todavia, por outro lado, tanto quanto Mises, também objetivando se afastar da metonímia grega, formulou seus arrazoados independentemente do padrão científico que julgava em voga. Já não estavam mais; porém, talvez mercê do inusitado, a espetacular reforma sobre o entendimento passou despercebida pelas cátedras adjacentes. A Escola Austríaca desconsiderava, jogava fora a prancha que chegava para lhe salvar. Veremos este mais crasso erro, suprema ironia, em abordagem subsequente. Antes, porém, verificaremos sua merecida ascendência, cujo ápice se deu na derrocada soviética 

A efetividade da Escola Austríaca de Economia