terça-feira, 30 de novembro de 2010

Royal Society celebra 350 anos!


Discussões de altíssimo nível sobre os rumos da ciência de ponta.
The Royal Society

A poluição do Rio

 
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Elimine moral e leis,e as pessoas farão o correto. TAO TE KING: 19.
Entre as cidades a Maravilhosa também era a mais light. Do Leme ao Leblon se encontravam bermudas e mini-saias. No morro a roda era de samba. Flamengo e Botafogo recebiam numerosas famílias estrangeiras rumo ao morro da Urca, ao mais tradicional passeio  Mais adiante, as torcidas se reuniam no magestoso Maracanã, em esportivas confraternizações. No centro, na cidade, como gostavam de se referir, pessoas educadas, gentis, civilizadas, bem vestidas cumpriam as tarefas burocráticas. Na Lagoa inúmeros bares e restaurantes de fina categoria aguardavam os remadores abandonarem o centro das atenções. Romantismo éra ao redor da Rodrigo de Freitas. Nas exuberantes pistas do Aterro os lotações andavam mais rápido que os carros. Nas Laranjeiras, em Cosme Velho, no Horto, ou no longínquo Jacarépaguá, passando pela Barra da Tijuca, tudo era harmonia e tranquilidade. Um mais velho costume causava-me peculiar admiração. Com exceção da famosa passarela zebrada.  motivo de postal de Copacabana, os carros estacionavam em cima das calçadas! Naturalmente para os motoristas era uma comodidade incrível, mormente pela escassez de garagens, e pelo fluxo incessante e crescente rumo às praias. Sempre havia um lugar nas cercanias. Seria este costume uma afronta ao pedestre? Sentrir-se-ia o viandante ultrajado, invadido em seu espaço? Absolutamente. Ninguém se importava em dar alguns passos para contornar o veículo - afinal este contorno era infinitamente menor que o caminho que o mesmo viandante, e virtual motorista, iria fazer ao cair da tarde, caso impedido de estacionar seu carro em cima da calçada. Do pessoal das proximidades, dos moradores ou funcionários, jamais ouvi qualquer reclamação, ou revolta contra alguma autoridade que não tomava as providências.
Mercê da popularização do automóvel promovida pelo "social" JK em retribuição aos patrocinadores,  e da fama ascendente da praia mais famosa do mundo, depois de aterrada a pista de pouso do Santos Dumont, o Flamengo, e o Botafogo, chegava a vez de alargar ao máximo a lúdica faixa da Princesinha do Mar, para a aterrisagem de todo o povo do Rio.
Após a inauguração da pista de alta velocidade do Aterro do Flamengo, o presidente Kubitschek, juntamente com o prefeito do Distrito Federal, Sá Freire Alvim, inauguravam a duplicação da Avenida Princesa Isabel, possibilitando a ligação do túnel Marques Porto, ou Túnel Novo, com a Avenida Atlântica por mais de uma pista. Para essa duplicação da pista, foi necessário a implosão de um prédio, a primeira da cidade. Após isso a comitiva oficial dirigiu-se para outra inauguração, desta vez do túnel que ligava a Rua Barata Ribeiro à Rua Raul Pompéia, quando o presidente fez um discurso, lembrando que já fôra morador de Copacabana  A aspiração de viver em Copacabana, inclusive às sociais menos favorecidas, fez surgir os edifícios com os apartamentos conjugados, de dimensões mínimas, tipo JK, numa alusão às iniciais do presidente Juscelino Kubitschek, mas, na realidade, queria dizer janela e kittchenette. O mais importante bairro da cidade transformara-se numa verdadeira selva de prédios, que se reproduzia de maneira vertiginosa e desordenada. Parte dos problemas do bairro veio do crescimento do número de automóveis, e para estes, Copacabana é quase inviável, por não ser possível acomodá-los nos estacionamentos e garagens existentes. Os abnegados "arquitetos sociais" cuidaram de alargar a calçada da cidade, onde se instalaram enorme quantidade de bares, restaurantes, hotéis, mas nenhuma loja ou garagem. Cercava-lhes a ampla calçada, e os carros nela estacionados. O Rio de Janeiro evoluia  sem "indústria de chaminé." O turismo garantia a folgada vida. Certo dia um desses pretensos mosqueteiros do povo resolveu arregimentar seu exército para fazer valer a lei.
Claro que hoje seria inviável a prática, dado a avalanche de veículos oferecidos pelo país detentor do maior número de montadoras do mundo, mas quero ressaltar a provocação do dilema quando uma medida aparentemente correta atinge todos de modo urgente, e indiscriminado. A reverberação causada pelo afã de se impor costuma causar maior dano do que o proposto a findar. Então, reitero: não vá alguém supor que se encontre em frente a um saudosista extremado, daqueles que querem manter seu tempo estático, porque acreditam que o Paraíso, a Etenidade, a felicidade assim o seja, porquanto perfeito. E em perfeito não se mexe. Bem sei que nada pode ser perfeito. Temos dois olhos, cada qual com frações de milímetros distanciados, o suficiente para nos mostrar que a realidade varia até mesmo dentro de nossa percepção, conforme o ângulo de projeção ou captura da imagem. Mas as modificações não precisam ser tipo prêt-à-pôrter, porque naturalmente o povo vai descobrindo o que melhor lhe cai bem. Ao separar o pedestre do motorista, o patrão do empregado, o tal joio do trigo, abrindo guerra contra o mal em nome do bem, o príncipe encorpa suas fileiras mas o que apura são convulsões sociais de muito maior monta do que os males que sabe tão bem levantar. 

Sim, pois na base da criação da necessidade de aniquilamento está a afirmação de que há um 'nós' e, consequentemente, um 'eles'. Esse processo se dá de forma lenta, cotidiana e concorrem para ele ações no campo da política, da cultura e da religião. Leis que separam e restringem os homens por sua ascendência ou cor, exacerbação de sentimentos nacionalistas e crenças religiosas usadas para a segregação são os caminhos para semear o infortúnio e transformar o medo em ódio  GÓES, Moacyr, A divisão que segrega, 11/03/2010     

 



Se vc pegar a desordem q era Copacabana, e até mesmo o Arpoador da segunda metade dos anos 80, se bobear a partir de 1982, "quando começou o populismo moreno", até o final dos anos 90, era uma bagunça só. O Surf Rodoviário e ferroviário eram bastante comuns, não que hoje isso infelizmente ainda não exista, mas caiu drasticamente, e faz muitos anos q eu vi isso pela última vez, e não quer dizer q se acontecer um episódio semelhante a esse de novo, é um presságio q o Rio começará a decair de novo. A prostituição no bairro era ainda na surdina. Começou a ficar escancarada, e no começo começo dos anos 80, as empresas começaram a sair do Rio, começou a haver um crescimento acentuado da criminalidade, numa época q o descaso das autoridades começou a tomar conta, que o turismo sexual ultrapassou a marca das belezas naturais,.O número de assalto a transeuntes aumentou, ainda que no último ano o crescimento tenha sido bem menor que nos últimos anos, ainda é um problema grave, independente de os órgãos de seguranças justificarem isso, como uma alternativa do crime, pois o cerco ao tráfico está aumentando (pouco ainda)."

Se antes as famílias ao estacionarem seus carros em cima das calçadas inibiam qualquer presença indecorosa, hoje as mariposas podem se colocar na ribalta. Elas viraram passarela de travestis, gays, achacadores, flanelinhas, zeladores e prostitutas de todos calibres.Aprecie as talentosas narrativas: 
Retomo a caminhada. O sol é soberano. Lamento não ter trazido os óculos escuros. Vida que segue. Vou passando pelos quiosques, de decoração e formato duvidosos. São 22 ao todo, até o Posto 6. Olho para um imenso elefante branco. É o agora abandonado hotel Le Meridien, construído em 1975. Dizem que as negociações para a retomada do negócio de hotelaria são difíceis. São poucas as promessas de compra. O preço pedido é alto. Dele os cariocas e turistas se lembram é das cascatas de fogos no reveillon. Eram belas. Passa, a meu lado, uma senhora sessentona. Ela faz continuamente o sinal da cruz e reza. Escuto ela pronunciar a Ave, Maria. Que Deus a acompanhe a guarde. Reparo em mais turistas. Serão mineiros? De onde? Olho a placa de um dos três ônibus que trouxeram de... de... Ribeirão Preto! São meus conterrâneos. Eu, aqui, distante da terra natal, lá pelas barrancas do Rio Paranapanema, quase na divisa do estado de São Paulo com Mato Grosso do Sul e Paraná. São mais de 40 anos nesta cidade querida. E eles? Cumprimento algum? Pergunto pelo chope preto do Bar Pingüim? Pelos times de futebol, o Botafogo e o Comercial?
Acreditem que é verdade! Há cocô! Cocô, não coco, no calçadão! O índice de fifis, lulus, duques e luques em Copacabana é invejável. E a produção de cocô feita por eles, sem a maior cerimônia, é uma grandeza. Quase pisei numa dessas granadas intestinais. Como? É isso mesmo. E as madames e compadres que os levam por coleiras pouco se lixam para os passantes. Logo avisto uma senhora, entrada nos oitenta, que costuma conversar com sua cachorrinha. “Mas eu não disse para você não dar bola para esse buldogue? Ele é horroroso e muito maior do que você. Você é uma cadelinha delicada e não nasceu para brutamontes como ele...” A cadelinha, ao que parece, não dá mesmo a menor bola... à dona. Late e late sem parar, amedrontando até o cachorrão que é puxado pela outra caminhante dominical. Parece que este ponto do calçadão é dos caninos. Outros se aproximam, cruzando-se na pista. Latem. Na verdade, parece que se dão bom dia, como vai, como está passando?... Ando e reparo mais nos idosos. Homens e mulheres. Ou melhor, nas pessoas da terceira idade. Elas gostam de assim serem classificadas. É lógico isso. Copacabana tem uma alta concentração de gente com mais de 60 anos. Aspecto de quem é feliz. Muitos se conhecem, trocam palavras amigas, sorriem. Por onde caminho fica a estátua do soldado mortalmente ferido. É a esquina da Rua Siqueira Campos com a Avenida Atlântica. A estátua, que alguns consideram de mau gosto, mostra um homem dobrando as pernas, antingido por balas disparadas pelas forças legalistas. Ele ainda segura o fuzil com a baioneta calada. Quando esse fato histórico aconteceu? Foi no dia 5 de julho de 1922. Uma rebelião contra a posse do presidente Artur Bernardes, eleito pelas elites de então, paulistas e mineiros (os representantes da política “café com leite”) levou oficiais e soldados a deixarem o Forte de Copacabana, para se oporem, em armas, à ordem estabelecida. Esse pelotão suicida, inicialmente de 28 militares, escreveu um capítulo heróico e dramático da vida brasileira da primeira metade do século passado. Antes de deixarem o forte eles arriaram a bandeira nacional, a rasgaram em 28 pedaços iguais, um para cada um, e saíram pela Avenida Atlântica. Dez se perderam no caminho, em meio ao tiroteio. Alguns tombaram no asfalto, outros na areia da praia. Dois saíram com ferimentos graves, Siqueira Campos e Eduardo Gomes, este mais tarde ministro da Aeronáutica. Os cariocas que, como de resto todos os brasileiros conhecem pouco da história nacional, passam “batidos” pela estátua. Turistas a observam, sempre com vagar, certamente honrando a memória do soldado atingido por balas de fuzis. Lá vou eu pelo calçadão. No sentido inverso caminha um simpático senhor que vai falando alto, dirigindo-se a um e outro passante como ele. No andar ele mostra seqüelas de um derrame cerebral. É simpático. Sempre se refere de maneira jocosa a um time de futebol que ainda não consegui identificar. Será o Fluminense? Vasco da Gama? Flamengo? Penso, como já se notou, que ele torce pelo Botafogo. Diz sempre que a “molambada” vai se dar mal... Passo por ele e o cumprimento: como vai? Tudo bem? Ele sorri e mais uma vez se refere à “molambada”. Sigo e reparo num grupo de corredores que vestem a camisa de Furnas Centrais Elétricas. Eles agora caminham, por certo com o intuito de descansar um pouco e trocar idéias. Esses corredores de equipes organizadas são cada vez mais freqüentes no calçadão. Agora passam vários turistas, alguns estrangeiros, que vêm ao calçadão com suas bermudas enormes, camisas berrantes e... calçando sapatos! Serão do Texas? Da Flórida? Da Flórida não que lá tem praia. São alemães e italianos. Médicos que vieram para um congresso.
– “Como vai, seu Rodrigues?” – saúdo um senhor parado junto ao meio fio.
– “Tudo bem? Caminhando, hein? Não pára, não. Segue seu destino. Pense na saúde em primeiro lugar.”
Eu aceno e vou em frente. O seu Rodrigues é um militar reformado. Oficial general do Exército, serviu durante décadas na Amazônia, região que conhece tanto quanto o calçadão de Copacabana. Conversamos pela primeira vez durante a última meia maratona, corrida que assistimos como espectadores privilegiados. Os corredores passavam diante dos nossos narizes. Foi ele quem me contou um pouco da história do bairro e revelou a origem do nome Copacabana. Há duas versões para esta última. Uma nasceu da devoção de católicos por uma imagem de Nossa Senhora Morena de Copacabana, a santa da devoção dos bolivianos. No século XIX foi construída uma capela perto do Arpoador e nela colocada uma imagem trazida de La Paz. Copacabana, segundo o idioma quéchua, que foi lingua geral do antigo Império Inca, vem de copa e caguana, que quer dizer lugar luminoso, resplandecente. A segunda versão dá como origem do nome o encontro, na praia, de uma imagem da santa peruana Kjopac Kahuana. Já me aproximo do Posto 6. Turistas daqui e de fora estão ao redor da estátua de Carlos Drummond de Andrade. Inaugurada em 2002, quando do centenário de nascimento do poeta maior, ela tem sido muito maltratada. Vândalos arrancaram cinco vezes os seus óculos. Se energúmenos causam danos lamentáveis a esse patrimônio, centenas e centenas de pessoas o reverenciam todos os dias. Eu, que tive a honra de conhecer o poeta em vida, numa assembléia da ABI, Associação Brasileira de Imprensa, vejo que o artista que a modelou foi extremamente feliz em seu trabalho. Drummond está sentado com seu jeito simples, de costas para o mar e olhando a calçada. Mas eis que chega um senhor que pára diante dele. Aparenta ter idade superior a 70 anos, ainda é esbelto e simpático com seus cabelos inteiramente brancos. O homem não se dirige às pessoas e sim ao poeta:
– Você é brilhante, Carlos Drummond de Andrade! Brilhante! Mas Vinícius de Moraes é maior, maior do que você!
Ele olha para as pessoas, como que num desafio.
- Vininha (tratamento íntimo de Vinícius. Só uns poucos o tratavam assim) não foi maior? Hein? Hein? Digam lá, diga lá, Drummond!
E ele recita, em gesto condoreiro, para o grupo admirado.
“Meu Deus, eu quero a mulher que passa
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
Oh! como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!


Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pelos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.


Meu Deus, eu quero a mulher que passa!”


Aplausos. Um grito de bravo! Uma bela jovem se sente homenageada. Suspira. O homem sai, dando adeusinho.
Vou na direção da peixaria do Posto 6, fim da primeira parte da minha caminhada no calçadão de Copacabana, naquele domingo. Nem paro. Só dou meia volta e ando. Recordo então as palavras de um de meus mestres, Rubem Braga, deixadas numa crônica imortal: “Ai de ti, Copacabana”, escrita e publicada em janeiro de 1958: “Ai de ti, Copacabana, porque eu já fiz o sinal bem claro de que é chegada a véspera de teu dia, e tu não viste; porém minha voz te abalará até as entranhas. Ai de ti, Copacabana, porque a ti chamaram Princesa do Mar, e cingiram tua fronte com uma coroa de mentiras; e deste risadas ébrias e vãs no seio da noite. Já movi o mar de uma parte e de outra parte, e suas ondas tomaram o Leme e o Arpoador, e tu não viste este sinal; estás perdida e cega no meio de tuas iniqüidades e de tua malícia.” Ao longe um carro de som toca o hino do Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa, de André Filho, escrita e musicada em 1934, e cantada por Aurora Miranda como marchinha de carnaval. “...Berço do samba e das lindas canções Que vivem n'alma da gente És o altar dos nossos corações Que cantam alegremente” Eloy Santos
Eu adoro o Rio, e já disse isso aqui milhões de vezes. Morei no Rio, em Copacabana, e tenho daqueles anos as lembranças mais doces. Mas o Rio de hoje, putz… Pegue a Linha Amarela, atravesse a ridícula Barra, que quer ser Miami, passe pelo moribundo autódromo de Jacarepaguá e saia da cidade por Campo Grande para ficar deprimido. Cada vez mais, só sobra a Zona Sul clássica — Leblon, Ipanema, Copa, Lagoa, Leme, Urca, Botafogo, Gávea. A cada dia que passa mais cercada pela incúria de seus governantes, que simplesmente não conseguem conter o crescimento das favelas, do crime, da violência, da miséria, da esculhambação. Jornalista Flávio Gomes, http://colunistas.ig.com.br/flaviogomes/tag/rio-de-janeiro
O Maracanã fechou. Precisa engalanar-se para um jogo internacional, programado para daqui a quatro anos. Até lá, os esportistas que arrumem outros locais. O  "político" foi eleito com maioria esmagadora. Dizem que 85% do país concorda com tudo que ele faz, de modo que se faz mais popular que Jesus Cristo, que somente é lembrado porque fincaram uma baita estátua no morro mais alto da city. Tanto quanto o Cristo outro político também acabou petrificado, entalado no engarrafamento, mas com a vantagem de ser vítima de formidável arrastão! Morreu atrapalhando o tráfico! Seu eleitor? Morreu atrapalhando o tráfego:
O carioca enfrenta trânsito confuso no Rio de Janeiro na manhã desta terça-feira (30) em que tudo já está praticamente de volta ao normal, após uma semana de ataques violentos de bandidos. Há lentidão em diversos pontos da cidade. Quem passa pela Avenida Brasil encontra pontos de retenção na pista sentido Centro, na altura do Caju, na Zona Portuária do Rio. Tudo por causa de um acidente na pista lateral naquele ponto da via expressa. Os carros acidentados já forma retirados. O panorama é o mesmo na Linha Vermelha. No Centro do Rio, os motoristas encontram problemas na pista sentido Candelária da Avenida Presidente Vargas. Na Zona Oeste, também há dificuldades na pista central da Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, sentido São Conrado.

sábado, 27 de novembro de 2010

Internet e política internacional

Outro, não menos importante, é o de pensar a modernidade. Porque esta não é um momento datado da história, definindo uma época. É o nome de uma ruptura, de uma crise relativamente à tradição. Estamos diante de uma nova episteme: da indeterminação, da descontinuidade, do deslocamento, do pluralismo (teórico e ético), da proliferação dos projetos e modelos, da ampliação de todas as perspectivas e do tempo da criatividade. JAPIASSÚ, H., Nascimento e morte das ciências humanas: 10
Quando Reagan declarou Guerra nas Estrelas os espetaculares supersônicos catalizaram as luzes da ribalta. A peça cogitada pelo ex-ator de Hollywood, contudo, era para outro cenário. Reagan daria um jeito de mostrar aos sofridos russos de que modo a vida poderia ser infinitamente melhor. Eis a Guerra Fria:
O 'Politburo' não queria, de nenhum modo, que os habitantes da URSS entrassem em contato com o que estava acontecendo no mundo ocidental pós-Segunda Guerra e fizessem indesejáveis comparações com o nível de vida, hoje diríamos o IDH, de países da Europa e dos Estados Unidos. No governo de Brejnev, esse rígido controle da mobilidade social e da informação internacional começou a se enfraquecer. Há quem pense mesmo que a penetração da mídia estrangeira e a inevitável comparação de níveis de vida, foram os fatores decisivos da Queda do Muro de Berlim em 1989 e do esfacelamento da União Soviética em 1991. Marshall MacLuhan sintetizou isso dizendo que as imagens da TV foram a causa da dissolução do comunismo soviético. Um pouco de exagero, mas com um fundo de verdade. Nikita Khrushev, fez uma visita aos Estados Unidos e foi levado à Disneylândia, na Califórnia. A mídia americana mostrou o sisudo russo divertindo-se pra valer, brincando em todos os brinquedos, maravilhado como se fosse uma criança num paraíso lúdico…(Mario Guerreiro, //www.imil.org.br/, 28/11?2010
Nada de novo no front ocidental. Para reunir os cowboys, um filme de farwest. Para implementar seus costumes pelo mundo afora, sua produção cinematográfica  se encarregava da missão, ainda grangeando enormes dividendos. Ao velho ator acorreu a TV, e em tempo real. Mostrava tudo, e falava diretamente ao ouvido do telespectador. Ninguém resistiria. Nem os soviéticos. Quando arriou a Cortina de Ferro.eles saíram de fininho, envergonhados. Agora tem muito mais. E para todos os povos. Todos podem tomar ciência e comparar episódios, aqui ou acolá. É muito fácil hoje em dia saber quem se dá bem, e quem se dá mal. A rigor duas fotos panorâmicas dispensam comentários.
A Internet se dissemina vertiginosa pelo globo. Vá que haja sinais obtusos, onde a informação é substituída pela deformação, mas via-de-regra  os bilhões de sites merecem as atenções, Nada é mais como antigamente. Este fenômeno é completamente inédito. Se para a matéria ainda restam as cercas, no mundo real, que inclui o visível e o invisível, o presente e o virtual, neste mundo não há, e arrisco, jamais haverá fronteira. Nem bateria antiaérea lhe alcança. Ao que serve sentinelas?
A consciência humana está transpondo um limiar tão importante como o que transpôs da Idade Média para a Renascença. O homem está faminto e sedento após tanto trabalho fazendo o levantamento de espaços externos do mundo físico começa a ganhar coragem para perguntar por aquilo que necessita: interligações dinâmicas, sentido de valor individual, oportunidades compartilhadas, efeitos. Nosso relacionamento com os símbolos de autoridade do passado está se modificando, porque estamos despertando para nós mesmos como seres, cada qual dotado de governo interior. Propriedades, credenciais e status não são mais intimidativos. Novos símbolos estão surgindo: imagens de unidade. A liberdade canta não só dentro de nós, como em nosso mundo exterior. Sábios e videntes previram esta segunda revolução. O homem não quer se sentir estagnado, o que deseja é ser capaz de mudar.  RICHARDS, M. C., The Crossing Point, 1973; cit. FERGUNSON, M.: 57
Acho muito engraçada a preocupação dos governantes do século passado, ainda presentes. Vociferam contra a "grande mídia" dominada por alguns poucos donos.É que entre a gente de menor rendimento a Internet tem a máxima dificuldade de penetração. O raciocínio dos impostores é aparentemente correto. Se pautar as manchetes expostas nos bares, Chávez tem mais chance de sair ileso às ondas de críticas. Na hora do voto o contingente se equivale. Mas na hora de receber as informações, contudo, todos são desiguais.
Ditadores de hoje, monarcas do século 19 e dirigentes comunistas dos anos 80 não se deram conta que tampar essas válvulas é o mesmo que selar uma panela de pressão. Quando a temperatura sobe, o ar se expande e, sem saída, só lhe resta explodir o que o contém.  Jose Roberto de Toledo, Contágio revolucionário.- Estadão, 27/2/2011.
Cada componente do tecido social vive num mundo diferente - uns trabalham no campo, mas a maioria nas cidades. São estudantes, mães e vovôs em fim de vida, ou comemorando o aniversário  Cada qual tem seu universo, seja no chão-de-fábrica, na rua como flanelinha,  lavadeira, ou doutor, E as informações não chegam mais tão somente pelos jornais, nem de modo tão acentuado como levava a TV.  E todos tem chance de escolher o que melhor lhe parece.
A RICHARD FEYNMAN (O significado de tudo: reflexões de um ciddaão cientista: 14) apetecia abrir palestras deste modo: “Não há praticamente nada do que vou dizer esta noite que não pudesse já ter sido dito pelos filósofos do século XVII”. Para encerrá-las, o pesquisador de Los Alamos trocava o “vou dizer” por “eu disse“; e praticamente repetia as concepções de LOCKE & SMITH:
Nenhum governo tem o direito de decidir sobre a verdade dos princípios científicos nem de prescrever de algum modo o caráter das questões a investigar. Também nenhum governo pode determinar o valor estético da criação artística nem limitar as formas de expressão artística ou literária. Nem deve pronunciar-se sobre a validade de doutrinas econômicas, históricas, religiosas ou filosóficas. Em vez disso, tem para com os cidadãos o dever de manter a liberdade, de deixar os cidadãos contribuírem para a continuação da aventura e do desenvolvimento da raça humana. Obrigado.
Muitos acessam a Internet; porém, o mais inusitado: as informações se transmitem  diretamente pelas relações da cidade. O caminho é totalmente inverso, graças ás infinittas highways. É a própria cidade que baliza a grande mídia, mas não só ela. A imprensa hoje em dia é informada pelos leitores!  A grande mídia não digo capitula, porquanto consolidada, mas reverencia e valoriza ao máximo a contribuição direta do mais humilde cidadão. Todos se integram,, independentemente de sexo, raça, profissão idade, conta no banco,  A Internet contempla o correto vaticínio, quase súplica do Grande Relativo:
Esta organização não pode ser abandonada à iniciativa dos governo será alcançada quando os povos tiverem uma vontade firme e ativa, porque é renovação radical de todas as antiquadas tradições politicas. A compreensão e a vontade de resolver o problema estão-se generalizando. Acredito na influência de um individuo sobre outro e acredito no processo de seqüência e encadeamento entre os homens. EINSTEIN, A., Fala Einstein sobra o futuro da humanidade, Folha da Manhã, 4/3/1949
"De fato, a vida no espaço cibernético parece estar se moldando exatamente como Thomas Jefferson gostaria: fundada no primado da liberdade individual e no compromisso com o pluralismo, a diversidade e a comunidade.” (NAISBITT, J., Paradoxo Global: 96)
Não há escapatória, 
Essa nova civilização tem sua própria e distinta concepção de mundo, maneiras próprias de lidar com o tempo, o espaço, a lógica e a relação de causa e efeito. ORMEROD, 1996: 194
Claro que ainda assim teremos uma espécie seletiva, mas diria que neste caso o vórtice da pirâmide só pode iluminar para baixo, porque de nada serviria um  facho voltado ao infinito,  uma projeção metafísica em produção prêt-a-pôrter. Não há sentido informar a lua. Não há mais como empurrar nenhuma ideologia. Foi isto que Fukuyama, coitado, quis dizer, e até hoje passam pedras em sua direção. A História acabou porque cede espaço a billhões de histórias distintas - a maciça maioria, mais  fidedignas do que a tradicional.
O conceito de um mundo sutilmente interligado, um oceano cósmico no qual estamos intimamente ligados uns aos outros e à natureza, assimilado por nosso intelecto e abraçado por nosso coração, poderá talvez inspirar novos modos de pensar e de agir que transformem o espectro de uma derrocada global no triunfo de uma renovação global – uma renovação para uma era mais humana e sustentável. LASZLO: 205
A velocidade disso tudo é incalculável. Obama ganhou pela Internet. Mas poderíamos assim, sair por aí aplicando o mesmo método,e quem aplicasse melhor sairia vencedor? Para a tristeza dos vivaldinos, contudo, não .De nada adianta se ter o meio, sem dispor de energia. Energia  não se copia. Ou tem, ou não. Sem energia não sai o trem, por melhor que seja a railway. O Eua tem muita energia - para dar e vender. Malgrado os trapalhões que por lá também assolam, a Águia voltará ao seu patamar, desta feita melhor ainda, porque terá que ser mais humilde, menos faminta, Seu magnífico vôo será mais leve, com certeza, e já está, melhor usufruindo do esplendor do cosmos. E em Cuba, o que será que virá? Um a um, tem-se ido os príncipes de Maquiavel, esses netos de Platão. E não é por falta de aviso:
É cada vez mais claro que uma revolução filosófica se encontra em marcha. Um sistema abrangente está se desenvolvendo com rapidez, como uma árvore que começa a dar frutos em todos os seus galhos ao mesmo tempo..MASLOW, cit. FERGUNSON, M.: 54
 As corporações centralizadas e autoritárias têm fracassado pela mesma razão que levou ao fracasso os estados centralizados e autoritários: elas não conseguem lidar com os requisitos informacionais do mundo cada vez mais complexo que habitam.  FUKUYAMA, F., 2002: 205 
Os Trinta Tiranos andam com as barbas-de-molho.
No caso de José Sarney a (quase) unanimidade de burra não tem nada. Excessivamente esperta, porém, pode ser que um dia vire bicho e coma o dono. Dora Kramer - O Estado de S.Paulo, 2/2/2011
A Internet separa os homens das crianças, as quais ascendem educadas por todos.
Com a Web, a possibilidade de tornar-se um agente autônomo não está limitada a atletas, artistas, atores e outros grandes nomes profissionais ou criativos; agora, quase todos os tipos de profissionais do conhecimento podem fazer isso. O mercado de trabalho de ‘agentes autônomos’, inclusive profissionais por conta própria, empreiteiros independentes e trabalhadores em agências temporárias já abrange 25 milhões de americanos. A vantagem de trabalhar por conta própria é a diversificação: você tem menos probabilidades de ficar sem trabalho se tiver muitos empregadores, em vez de um só. GATES, B: 89
Pois então não é  justamente o método liberal a  propiciar a realização do sonho marxista?
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NA PROA DO ESPAÇOTEMPO
Com a breve escala  neste passado mais recente. a Nav's  ALL  outra vez  trouxe o futuro, de presente. O rastilho luminoso da Revolução de Veludo da Tchecoslováquia que  fulminou a Nomenklatura é o mesmo, assim consagrando a certeza da predição postada:

,Essam el-Eryan declinou perante a  TV Al-Jazira o nome da  Irmandade Muçulmana como  principal força,  enquanto ElBaradei é a mais  proeminente figura democrátiica do Egito. Intitulado por alguns ativistas na internet, o Dia da Fúria foi inspirado na Revolução do Jasmim, que derrubou o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, há duas semanas. No Iêmen e na Jordânia também foram registradas manifestações. Segundo Hamman Saeed,  líder da Irmandade Muçulmana, aliada do Eua, as revoltas no Egito devem se espalhar por todo o Oriente Médio,  Com certeza. Mas esses tais de muçulmanos também não tem maior futuro, pelas mesmas razões.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Corrupção & violência


Quando na calada da noite de 15 de novembro de 1995 houve aquela espécie de assalto simultâneo a centenas de agências bancárias do país, com a cobertura das forças armadas - e digo isso porquanto o governo logo pulou para tudo abafar - a colorida Nova Era só podia se vestir de luto. Taxavam-me pessimista. Com frango a 1 real, como alguém pode objetar?  Infelizmente meu monitor não falha. .De antemão sabia que tamanho precipício era compatível para açambarcar toda a Nação, por vários anos. Para contorná-lo, impossível. Somente saindo do país. Um guard-rail  do tamanho da Muralha da China poderia ser uma solução paliativa, mas os cupins usam medidas provisórias, assim infestando de furos qualquer anteparo. O que apuramos, desde então?  Índices de progressão aritmética de todos delitos. a velocidade geométrica a partir da calamitosa atuação de quem deveria estar voltado ao fomento da produção.  Subtraída a formidável cifra, o preço de aluguel do dinheiro remanescente aumentou.  Juros & Depressão imediatamente acentuaram os níveis de desemprego; de falências,e inadimplências.
Os gráficos mostram que foram os próprios bancos que começaram a aumentar os juros cobrados.  O Banco Central apenas deixou que isso acontecesse, reduzindo suas injeções de dinheiro no sistema e, com isso, deixando a SELIC subir.  A demanda por bens de capital se reduziu e a indústria, que até então vinha em forte expansão, começou a demitir.  O desemprego nesse setor aumentou 8%.  No geral, a taxa de desemprego aumentou de 7 para 9,5%. O segredo do sucesso de uma correção econômica — isto é, de uma recessão — é que os preços dos bens de produção caiam mais rapidamente e em maior grau do que os preços dos bens de consumo.  Se houver uma deflação do dinheiro e do crédito, o processo será ainda mais rápido.  Em parte, foi isso que aconteceu.  Embora não tenha havido uma deflação monetária, o governo permitiu que houvesse uma deflação de preços nos bens de produção. Leandro Roque , 26/11/2010 http://www.mises.org.br
E os  crimes se precipitam por evolução geométrica:
Com aproximadamente 48 mil mortes por ano, o Brasil é um dos países que detém uma das maiores taxas de homicídios no mundo, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira pelo relator especial do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre Execuções Arbitrárias, Sumárias ou Extrajudiciais, Philip Alston. Folha de São Paulo, 15/9/2008
Isso tudo vem aumentando em escala atômica:Média de homicídios no Brasil é superior a de guerras, diz estudo São alarmantes os índices de divórcios*; (na mosca:Número de brasileiros sozinhos triplica em 20 anos. Já são 6,9 milhões), brigas em trânsito; PM separa 70 brigas de trânsito por dia; veja relato de motorista ,de acidentes; proliferação de igrejas, e consultórios psiquiátricos; de questões judiciais de toda a espécie; procura por concursos à burocracia, portanto improdutivos; e de revoltas populares:
De julho a novembro de 2008, o número de processos em tramitação por violência doméstica contra mulheres ultrapassou 150 mil. Ao todo, são 41.957 ações penais e 19.803 ações cíveis, além de 19,4 mil medidas protetivas concedidas e 11.175 agressores presos em flagrante. Os dados são do Conselho Nacional de Justiça revelados em reportagem da Agência Brasil.
De nada adianta educação, encher as cidades de policiais, construir numerosos presídios, aumentarem as penas, polícias "pacificadoras. Corrupção & criminalidade são siamesas, interconectadas por retroalimentação. Assim como o fascismo e o comunismo se engalfinharam durante todo o século passado pela riqueza produzida nas nações, o mesmo se dá com os governos e os assaltantes que tomam conta das ruas do Rio de Janeiro, e alhures. Quem nada produz, tira de quem tem.
Os crimes de roubo e latrocínio - roubo seguido de morte - podem, por sua vez, ter aumentado por causa da crise. Quando se fala em crime de natureza patrimonial, a relação de causa e efeito com a crise financeira acaba sendo, no mínimo, intuitiva. Basta uma sacudida na economia para que o último degrau da escada social despenque no abismo de miséria de onde saiu, tornando inevitavelmente maior a sua propensão ao crime (pesquisa recente do Centro de Pesquisa Social da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que São Paulo é a região do País onde mais se produziu miséria - 5,9% - no ano da crise financeira) SIMANTOB, Fábio Tofic, Estatísticas do crime e discurso do medo 12/2/2010
Mas a diferença entre os promotores do descalabro financeiro e a bandidagem ao res do chão é que esta não tem outra forma de ver a cor do dinheiro,enquanto os primeiros nadam em 50% de tudo que é produzido no país. Nada de novo no front ocidental. Dionísio (405-367), o Tirano de Siracusa aconselhado por Platão, "taxava tão pesadamente os cidadãos que, segundo Aristóteles, chegava a confiscar toda a propriedade deles." ( PIPES, 2001: 281) Beleza de administração. São esses infinitamente mais cruéis, nefastos e prejudiciais. Por tudo, exemplares:
Cobrando impiedosamente, Estado e Bancos vão expropriando tudo: lucro, capital, patrimônio. Estamos em regime de Ditadura fiscal e bancária, onde não há respeito pelas leis e Constituição Federal. Princípios como capacidade contributiva, juros legais, do não confisco e do sigilo bancário são violados. MULLER, Heitor José, País vive o caos tributário, Jornal do Comércio, 9/12/1996.
Nada menos que 2.045.235 multas de trânsito foram emitidas pela prefeitura do Rio no ano passado, um recorde. Como a cidade tem 2.148.734 veículos, é como se praticamente toda a frota tivesse sido autuada. O número representa um aumento de 460% em relação a 1998, quando entrou em vigor o Código de Trânsito Brasileiro. O Globo, 14/3/2009
São os mais burros, também, com certeza.
Foi assim no governo Marcelo Alencar, quando o Estado adotou a remuneração faroeste e passou a premiar os policiais em função do número de criminosos que 'abatiam'. A partir daí, o número de autos de resistência, de policiais que declararam ter matado criminosos que resistiram à prisão, cresceu e continua absurdo até hoje. O Estado trata muito mal os indivíduos que se propõem a trabalhar nas organizações policiais. Paga pouco, treina mal, e os submete a uma cultura organizacional militarizada e kafkiana, que tolera a corrupção e estimula a violência. Fiz um terceiro filme, Tropa de Elite 2, para tentar dizer por que o Estado funciona assim  (JOSÉ PADILHA,  O Estado de São Paulo: 27/11/2010)
Todos usam chapéu de Midas, mas suas orelhas lhes traem.
A corrupção é a culpada pela miséria do nosso país, pela falta de hospitais, pela falta de remédios, pela falta de escolas, pela falta de merenda, pela falta de saneamento, pela falta de rodovias, pela falta de cultura, pela violência, pela falta de luz, pela falta de água, pela falta de casas populares, pela falta de emprego, pela falta de investimentos, pela seca no Nordeste, pela miséria no Norte e Nordeste do país, pelas queimadas da Amazônia, pelos garimpos ilegais nas em Roraima, pelas derrubadas ilegais de árvores no país, pelo tráfico de armas, pelo tráfico de drogas, pelo roubo de cargas nas estradas federais, pela entrada de armas e drogas no país pelas nossas fronteiras, pelo sem némero de projetos a serem aprovados no Congresso há anos e que não saem do papel, pela roubalheira do Senado, pelo empreguismo do governo federal, que desde que assumiu quadriplicou o numero de funcionários na folha de pagamento. FERNANDES, Ana Lucia Martins, O Globo, 15/12/2009 
O redemoinho de suas torpes ações só pode levá-los juntos - óbvia consequência. Recentemente vimos o prédio residencial de S.Exa Presidente da República, em São Paulo, invadido por meia-dúzia de assaltantes; hoje vemos o governador do Rio sob ameaça de fuzis. Assistimos a criminalidade mais baixa se imiscuir dentro da classe política, com vários crimes de todos matizes, até assassinatos jamais elucidados. Eis a domingueira:
A sede do Partido Democrático Trabalhista, que fica na Rua Balthazar Lisboa, na Vila Mariana, em São Paulo, foi alvo de criminosos na madrugada deste domingo. Um bando de cinco homens invadiu o estabelecimento e rendeu o porteiro, por volta de 3h, de acordo com o boletim de ocorrência registrado na delegacia da região. Os criminosos obrigaram o funcionário a deitar no chão e entregar a chave para que pudessem entrar no diretório. O bando  levou três laptops, quatro impressoras, quatro cumputadores, dois videocassetes, duas televisões, documentos do partido, e talões de cheque.
Evidentemente os assaltantess não estavam atrás de um trio de lap-tops. A preocupação é com a "grande imprensa" esta que insiste em divulgar e investigar a numerosa sorte de crimes que vem assolando um país até então alegre por sua própria natureza. A preocupação é vasculhar as transações dos cidadãos, seja pelo subterfúgio de uma cpmf, ou, em seu veto, pela permissão de acesso direto às informações confidenciais, com isso ameaçando quem quer que seja a calar a boca, sob pena da lei.
Apesar de muitos pensarem que o pico dessa baixaria tenha ocorrido no governo Collor, afirmo com toda a certeza de que a corrupção no governo deposto foi (com o perdão pelo termo) “fichinha”, comparado ao que aconteceu no governo FHC e o que está acontecendo no atual.O Governo do Sr. da Silva sublimou a arte do ganho ilícito. Mensalões, mensalinhos, dólares na cueca, cartões corporativos controlados por ninguém, assalto a fundos de pensões de empresas estatais; a criatividade é impressionante e as desculpas ridículas. O mal se alastrou de uma forma tão geral que é quase impossível encontrar-se qualquer repartição pública que não tenha sido atingida por ele. E esse mal não se encontra só nas camadas mais altas (ou mais baixas) dos cidadãos. Infiltrou-se em todas elas. Um Ministro da Fazenda invade o sigilo bancário de um caseiro; nada acontece ao invasor. O Diretor Geral do Senado constrói uma casa de R$ 5 milhões; foi penalizado com uma demissão (para iludir a massa, “renunciou” ao cargo mas a casa continua sendo sua!). Beleza de impunidades! Não assustam a ninguém e a vida continua a mesma. Peter W. Rosenfeld pwrosen@uol.com.br
Infelizmente para cada vez maior número de brasileiros a vida não continua não.
Quando visitei o Brasil há dois anos, a polícia executava suspeitos de crimes e cidadãos inocentes durante suas operações em favelas. Policiais fora de serviço operando em esquadrões da morte e em milícias também assassinavam civis. ALSTON, Philip, BBC-Brasil, 1/6/2010
“Pelo amor de Deus, não saiam de casa!” Esta era a manifestaçãoem da  rede nacional  transmitindo do Rio no primeiro take "guerra civil", um confronto muito mais grave  do que o arrocho da ditadura militar, tanto lembrada. Enquanto o povo patético assiste a entrada de tanques de guerra invadindo a comunidade do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, o pau-mandado da TV enaltecia. “Não podemos deixar os vagabundos avançarem”. Ironia: esses blindados foram adquiridos nos "anos- de-chumbo" 
A emissora de TV também foi tomada de assalto como espécie de cabeça-de-ponte.  O pastor e o séquito de prosélitos fazem parte até do governo federal, em seus tres poderes. Vários da seita integram não só o Congresso Nacional. O Vice-Presidente da República veio da banda. Daí ao Judiciário só lhes separa pequenino lago artificial, com peixinhos. Durante vários anos o Rio de Janeiro foi dominado por casalzinho pregador. Vigaristas par excellence, até hoje respondem processos.  Há triplo interesse na dramática ária televisiva. Bang-bangs mantém audiência cativa. E o  terror faz todo mundo lembrar de DEUS, cuja franchising só progride. 
Por todo lado haverá sangue. Haverá sangue nas ruas, sangue nos rios, as pessoas navegarão em ondas de sangue, lagos de sangue, rios de sangue. Dois milhões de demônios serão largados do céu porque mais mal foi cometido nestes últimos dezoito anos do que durante os cinco mil que os precederam.  FRÁ FRANCISCO DE MILLETO, 1513, cit. GRUZINSKI, S: 45
 O que torna o crime “organizado” é sua capacidade de se organizar, e não de reagir violentamente. “Em qualquer lugar do mundo, o crime organizado está sempre dentro do Estado, e não fora”, aponta o deputado Marcelo Freixo, que relata sua dificuldade quando tentou instituir a referida CPI neste depoimento. (O jornalismo desonesto e o mito do “crime organizado” Por Gustavo Barreto em 25/11/201)
FAIXA DE GAZA – A TV Globo comprou os direitos exclusivos de transmissão das incursões do BOPE nas favelas cariocas. Os direitos, que valem até 2014,  incluem streaming on line e via celular. A emissora terá também o direito de interromper a transmissão em canal aberto das cenas mais acaloradas do embate, transferindo-os para o pay-per-view no canal Premiere Combate. "Nesses casos, o assinante terá de pagar um pouco mais para ter acesso ao melhor da violência urbana", declarou o diretor-geral de emissora, Octavio Florisbal. Revista Piauí, 27/11/2010
O imenso aparato militar e nossas cnns  remetem-nos aos fiascos norteamericanos impingidos pelos raquíticos viet-congs e pelos ignorantes iraquianos,
Mas não se preocupem, quando restar o Iraque arrasado sempre surgirá o mercado financeiro, as empreiteiras e os grupos imobiliários a vender condomínios seguros nos Portos Maravilha da cidade. Sempre sobrará a massa arrebanhada pela lógica da guerra ao terror, reduzida a baixos níveis de escolaridade e de renda que, somadas à classe média em desespero, elegerão seus algozes e o aplaudirão no desfile de 7 de setembro, quando o caveirão e o Bope passarem. Sociólogo Pro-reitor José A. Santos, Revista Consciência.Net, 27/11/2010
Os principais atores recebem várias comendas pelo heroismo e bravura, por certo incluindo oscocheiros dos brucutús

Os números são vergonhosos. Em apenas dois anos e cinco meses, foram registrados no Estado do Rio 18.137 assassinatos. Vou repetir: dezoito mil centro e trinta e sete pessoas tiveram a vida interrompida de forma violenta. Desde 1999, portanto há uma década, esses números são divulgados mensalmente pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), da Secretaria de Segurança do estado. BARROS, J.A., O Globo, 17/8/2009
Segundo Folha de São Paulo, o tráfico emprega na cidade do Rio cerca de 16 mil pessoas. Vende mais de cem toneladas de droga. E arrecada R$ 633 milhões por ano, Gera tantos empregos quanto a Petrobras na capital fluminense, arrecada o mesmo que o setor têxtil no Estado e vende o equivalente a cinco vezes mais do que o total de apreensão anual de cocaína pela Polícia Federal em todo o país. Todas as publicações dizem que a onda de ataques criminosos seria uma reação à presença da Polícia Pacificadora nas favelas do Rio de Janeiro. Elas não acertam, no entanto, o número de comunidades que têm as UPPs: o Der Spiegel fala em 14, o Neue Zürcher Zeitung diz que são 13, quando, na verdade, a cidade do Rio de Janeira conta com 12 UPPs em funcionamento. 
Dois governos estão diretamente envolvidos na inédita peça. Eis a demonstração mais cabal de sua completa alienação, De que servem pacs, e bolsas, ome-zero e  milhão de casas? Para onde estão distribuindo isso tudo? Tomara que não seja para o local onde invadem. E o governo estadual, que vem dando choque de ordem em cima de choque de ordem, mas essa ordem é para tocar multas e multas nos banhistas da orla, especialmente nos fins-de-semana? Que faz S. Exa. com tamanha verba arrecadada?
Torcendo para que o bota-fora do Lula não coincida com o dos traficantes da Penha, o governador Sérgio Cabral prepara uma grande festa de despedida para o presidente no sambódromo carioca. A ideia é expulsar a bandidagem do Rio antes de 20 de dezembro, data já acertada com Zeca Pagodinho para comandar o show de agradecimento do balneário à parceria com o governo federal no mandato que se encerra sob fogo cruzado na cidade.
Ah tá. Então é esta a razão da frenética  e inglória jornada? A consequência do capricho, não vem ao caso?, Ou supõem que a partir desta operação diminuirá o tráfico e a revolta do país inteiro? O mais provável é pipocarem ainda mais esses descalabros

Recordar é viver: Código Cabral (1) - 4/7/2011

A solução para arrefecer a criminalidade, ao contrário do coro, não é mais arrocho, perseguição, borracha e prisão, tiros e mortes. Fosse por isso, por medo disso, não haveria um crime sequer. Bandidos, marginais, tem muito pouco perder. E se multiplicam como viet-congs, ainda mais com chance de aparecer na TV. Paradoxalmente,  para refrear a criminalidade, mister o cerceamento  da ação predatória dos governos, especialmente do Leviathan. 
Um ano depois deste alerta, a ficha começa a cair: 
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E dois anos depois, cientista político se rende ao preciso diagnóstico da  Nav's ALL  Cercando a teia da corrupção

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Presidente promete desvendar crimes ao deixar a presidência


Quando eu desencarnar da presidência, vou resgatar essa questão do mensalão no Brasil com profundidade. 
Presidente do Brasil, senhor L. da Silva, ao sair do chat que participou ontem à tarde toda junto a Renato Rovai, articulador do encontro, José Augusto Duarte, do blog Os Amigos do Presidente Lula, Rodrigo Vianna, do blog Escrevinhador, entre outros.
Beleza de linguagem. Mas a pergunta que se impõe é a seguinte: por que não resgatá-la imediatamente? Se for para janeiro vindouro, aí sim, S.Exa pode aproveitar a maior folga para resgatar também mensalões de fora do Brasil, dois descobertos na FIFA*, E na portaria da ONU foram vistos dois elementos - um  com a mala preta, e outro com pasta cor-de-rosa. Talvez fosse profícuo até colher ajuda do FBI e da Scotland Yard para checar todos os organismos estatais ou privados do palco internacional que concederam diversas honrarias à presidência do Brasil. Neste caso envolveria a investidura que S. Exa. sucede, o doutor honoris causa até da Conchinchina
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*  World Cup votes for sale Ex-membro do comitê da Fifa adverte em declarações ao Sunday Times: se o Reino Unido não entrar no jogo da compra de votos, perderá a oportunidade de sediar o torneio. A eleição será realizada dentro de sete semanas, na qual participarão os 24 membros do comitê executivo da entidade. Sexta-feira o EUA se retirou do pleito e disse que concorreria ao Mundial de 2022 junto a Japão, Catar, Austrália e Coreia do Sul.
Football Association Chairman, David Triesman (Sang Tan)

World Cup bid on the back foot

With the first round of voting due to take place on December 2, too many twists and turns have harmed England’s attempt to win hosting rights for the 2018 World Cup


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

República x Lei Áurea


Os brasileiros somos craques em maquiar. Desde 1810, viemos nos profissionalizando em ludibriar olhares ingleses, com a estratégia de gerar visibilidade sem necessariamente atingir grau algum de efetividade. O problema é que, como se sabe, muitas vezes o feitiço vira contra o feiticeiro. E, hoje, é o próprio brasileiro que sofre com a tradição política de valorizar apenas aquilo que gera repercussão, trazendo benefícios imediatos, sem perspectiva alguma de médio ou longo prazo.  Essas práticas perniciosas podem, contudo, perder suas forças à medida que a população for se desgarrando da ingenuidade dos ingleses, que assistiram, por quase um século, aos brasileiros fingindo combater o tráfico negreiro. João Montenegroh http://www.consciencia.net/para-ingles-ver/
Há cem anos, o Brasil abdicava do desenvolvimento:
No segundo decênio deste século, num Brasil que perdeu o pulo da passagem do séc. XIX para o XX, surge como expressão das oligarquias dominantes, a candidatura do marechal Hermes da Fonseca; e como reação liberal e progressista, a desse grande rejeitado que o Brasil tantas vezes usou quantas desperdiçou, Ruy Barbosa. Naturalmente, venceu Hermes da Fonseca, pois a eleição era uma ficção jurídico-política. Algumas dezenas de pessoas - se tanto! - conduziam a nação e decidiam do seu destino. O povo não participava do processo, senão como mera figura retórica. A Ruy ficou-se devendo o serviço de criar, por assim dizer, uma opinião pública atuante. Através de estados de sítio e habeas-corpus, de peregrinações cívicas, palmas e perigos, ele começou a mobilizar a consciência coletiva. E se o acusam de tê-la inventado, ainda é maior o seu mérito. Pois o homenzinho valeu, sozinho, por toda uma comunidade incapacitada para o uso da razão. LACERDA, Carlos, Em Vez: 30
A universidade brasileira ainda não existia, é certo, mas também há consenso em se afirmar que sua emergência foi retardada pela posição dos positivistas comtianos - ortodoxos ou heterodoxos, autoritários ou democráticos - que consideravam que, no clima de opinião vigente, sua instalação apenas aumentaria a confusão existente no país entre as etapas ou estágios de desenvolvimento do pensamento. LOVISOLLO: 243
Há cem anos, em 22 de novembro de 1910, quatro navios encouraçados apontaram seus canhões para o Rio de Janeiro. Um deles atirou, acertando um cortiço. Duas crianças morreram no ataque. A descrição não corresponde a uma guerra internacional. Os navios eram da própria Marinha brasileira, e a ameaça contra a capital do país fazia parte do protesto pelo fim dos castigos físicos aplicados a seus marujos. A Revolta da Chibata aconteceu  liderada pelo marinheiro JOÃO CÂNDIDO.. "Considero ele o primeiro herói brasileiro do século 20 GRANATO, Fernando, João Cândido. - Ed. Selo Negro, 2010. O Almirante Negro tinha trinta anos de idade. O motim deveu-se à questão racista. A escravidão tinha sido abolida em 1888, mas o governo republicano não concordava com tamanha benesse. Os oficiais da Marinha eram brancos e vinham da elite;  os marujos, pastéis de tigres, eram, no geral, negros. Considerando-se  abolida a escravatura desde o Império, qual razão assistia a República manter a antiga tradição?
Entre os motivos mais preponderantes imputados à Proclamação raramente se aponta para a  Lei Áurea. Como poderia uma lei mais óbvia impossível, que a rigor sequer deveria ser objeto de lei,  posto o aburdo da escravidão, de que modo alguém poderia encetar um levante, a ponto de alterar a história por causa de sua inconformidade com ela?  Hoje ninguém pode cogitar. Mas na época, metade dos EUA também se insurgia contra a lei áurea de Lincoln¹ . O reverenciado presidente obteve sucesso na Secessão, mas pagou com sua vida, assassinado antes de findar seu mandato. Desse modo fico tranquilo, sem me preocupar no exagero da cor. A abolição da escravatura no Brasil pegou todos de surpresa, porque aclamada pelo  Dom Pedro II. O Imperador não precisava falar com mais ninguém além da Família Real. Somente Princesa Isabel tomou ciência, e daí à maternidade. O Brasil nunca tinha ouvido falar nisso. Onde já se viu colocar fora tanto patrimônio? E as fazendas, quem, cuidaria delas? Os fatos me confortam. A mentalidade, da ocasião, o interesse do clero em manter sua estória,  e o apetite dos militares compuseram a razão e o sucesso da República, êxito logrado não só pelas armas, como especialmente no abrigo dos numerosos e riquíssimos fazendeiros bahianos, a rigor quase todo o nordeste, dos coronéis, mineiros, paulistas e gaúchos que puxavam a economia brasileira.
“O catolicismo considera a corporação um meio de assegurar a ordem sem matar a liberdade, escapando, a um tempo, da anarquia liberal e da coerção socialista”.  (GAETAN PIROU, Introduction a l'etude de Economie Politique, Paris, : 280, cit. HUGON, P., História das Idéias Econômicas: 352) 

O fascismo caracteriza-se pela tomada de poder por gangsters, o que Marx chama de lumpen, gente não pertencente a nenhuma classe organizada da sociedade. Tomada de poder em nome do povo e da comunidade sem a limitação de nenhum controle racional. LIPSET, Seymor Martin, O homem político: 182
A família do paulista LUÍS PEREIRA BARRETO (1840-1923) é bom exemplo do êxito do triangular casamento. BARRETO adquirira seu elevado saber junto à grande autoridade da Bélgica - MARIE DE RIBBENTROP. (www.geocities.com/positivismonobrasil). Seu irmão mais velho, o Comendador Zé Pereira organizava a caravana Bandeira Barreto (1876). A missão era se apossar de enorme extensão territorial no oeste paulista, à fazendas de café. Ribeirão Preto e Resende (RJ) foram loteadas à grande família paramilitar, nela incluída, naturalmente, ainda mais meia-dúzia de seus irmãos, todos ferrenhos positivistas, claro.
Grosso modo a  República escravagista do Brasil foi repartida pelos quartos. A suíte, naturalmente, coube aos alto-coturnos. Ao lado ficou o aposento jurídico, dos costureiros legalistas. José Higino Duarte Pereira (1847-1907), Leovegildo Filgueiras, fundador da Faculdade Livre da Bahia, Pedro Lessa (1859-1921), o paulista José Mendes, Artur Orlando (1858-1916) Fausto Cardoso e Gumercindo Bessa, entre algumas dezenas que ora me escapam, agarravam-se, orgulhosos, no "positivismo científico-sociológico-darwiniano". A frente foi reservada à Engenharia, responsável pela construção principal, e pelas cabeças-de-ponte espalhadas pelo imenso país, especialmente nas fronteiras:
A noção de que a sociedade poderia ser planejada e gerida por engenheiros estava bem de acordo com a tradição francesa, e teria grande impacto no Brasil. Enquanto na tradição inglesa a engenharia sempre fora uma ocupação menor e sem foros de nobreza, a École Polytechnique foi, desde o início, o lugar onde a elite administrativa francesa era educada. Lá, a educação militar era ministrada juntamente com o treinamento da mente em matemática e física; pensava-se que esta combinação prepararia as melhores mentes cartesianas, prontas para construir pontes, comandar exércitos e dirigir a economia. SCHATZMAN, Simon, A força do novo: por uma sociologia dos conhecimentos modernos no Brasil. www.anpocs.org.br
Importava os acordos ao exercício da profissão, a reserva de mercado.
Os interesses do capital se organizaram sob um formato corporativo, enquanto a representação dos interesses do trabalho foi organizada sob a forma de um sindicalismo tutelado. Essa diferença se expressa na combinação do corporativismo societal com o corporativismo estatal, que Oliveira Vianna tratou de distinguir, antecipando em quase meio século a literatura contemporânea sobre o corporativismo nas democracias. BANDEIRA, Moniz; Melo, Clóvis e Andrade, A.T., O Ano Vermelho. A Revolução Russa e seus Reflexos no Brasil.
 A saúde não prescindiu de seu leito:
Dentre eles, podemos citar a luta pela constituição de um campo profissional pelos médicos diplomados, as interferências que a ideologia positivista exerceu no reconhecimento da profissão, o papel da religião, da caridade e da magia na percepção da doença pelos leigos e sua interferência na posição que era assumida pelos médicos diante das mesmas.o positivismo era uma marca na formação das elites políticas do Rio Grande Sul e interferiu nas reações do poder público às tentativas de parte do corpo médico em criar restrições ao exercício de sua prática profissional, à adoção de medidas de intervenção para evitar a propagação das doenças e àquelas relativas à organização do espaço e da higiene urbana. SILVEIRA, Anny Jackeline Torres, WEBER, Beatriz Teixeira. As artes de curar: medicina, religião, magia e positivismo na República Rio-Grandense ¾ 1889-1928. Revista Brasileira de História. v.22 n.43 São Paulo 2002
Os representantes mais esclarecidos das classes médias – médicos, professores, advogados e engenheiros – do último quartel do século XIX, viveram num clima intelectual positivista, não apenas comtiano mas littreísta e spenceriano. Maior penetração teve, porém, a filosofia positivista entre os militares, sobretudo nos jovens oficiais daquele tempo, que fizeram a República e que quase a dominaram, de 1889 a 1894. COSTA, C.: 38
A Politécnica também produzia empresários, equipados com sobrenomes que convinha, e tinha os contratos necessários para obter as licenças, autorizações e concessões especiais para seus projetos. Este tipo de empresário era, decididamente, um defensor da iniciativa privada, mas só tinha condições de se desenvolver à sombra do Estado. www.anpocs.org.br 
Dom Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Habsburgo, chamado O Magnânimo (Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1825 — Paris, 5 de dezembro de 1891), foi o segundo e último Imperador do Brasil. Dom Pedro II era um grande estadista, há unanimidade, mas o reluzente ouro detém o irresistível poder gravitacional, tal qual luz, à maripôsa.
O Brasil saíra de uma Independência fictícia. A Corte Portuguesa continuava no domínio, mercê dos descendentes diretos. Enquanto o Imperador viajava aos EUA, na comemoração do centenário da Independência, e o final da Guerra da Secessão, cujo resultado sepultou a tradição escravagista sulina, espanhola,  por aqui se começava a tramar sua queda.
A República está próxima. E não há como resistir. As sociedades obedecem ao influxo de leis tão exatas, precisas e invariáveis como as que regem os fenômenos transformadores do mundo físico. É que os fenômenos sociais estão sujeitos às leis naturais, como os fenômenos físicos. É que há uma física social.CASTILHOS, Julio, cit. FLORES, H. A. Hubner, Revolução Federalista: 18
 Le archè dos pampas logo poderia contar com outro grande incentivador, também comilão da maçã newtoniana: “Há muito estou convencido da importância de aprofundar a teoria das forças sociais que podemos comparar, em larga medida, às forças da dinâmica que agem sobre a matéria. (Sorel, G, Greve Geral Política: 195)² Von Mises ( A Mentalidade Anticapitalista: 102) lamentou esse destemor::
A ideologia mais perniciosa dos últimos sessenta anos foi o sindicalismo de George Sorel e seu entusiasmo pela action directè. Gerada por um frustrado intelectual francês, logo cativou os literatos de todos os países europeus. Foi fator de grande importância na radicalização de todos os movimentos subversivos. Influenciou o monarquismo francês, o militarismo e o anti-semitismo. Desempenhou um papel importante na evolução do bolchevismo russo, do fascismo italiano, bem como no movimento alemão de jovens que finalmente resultou no nazismo. Seu principal slogan era: violência e mais violência. O atual estado de coisas na Europa é em grande parte resultado da influência de Sorel.
O Imperador trouxera a concepção federalista, expressa pela cópia da bandeira norteamericana  usada em sua deposição, mas o verde-oliva aguardava  a mais compatível para impor a "ordem e progresso" que tinha em mente - o chicote e o desfrute.
Nada mais estranho ao pensamento de Comte do que a noção liberal de direitos individuais: 'Todo direito individual é uma abstração, a sociedade é a única realidade'. Nada de divisão de poderes: o Legislativo e o Judiciário deviam ser inteiramente subordinados ao Executivo. Tudo para o Estado, nada para a sociedade; em suma, um completo sistema de despotismo espiritual, político e social.  CANGUILHEM, Georges, Cahiers pour l'analyse; cit. DESCAMPS, C.,: 88

O historiador José Murilo de Carvalho, (D. Pedro II, Companhia das Letras: 2007), informa: o Brasil jamais desfrutara tanta liberdade de expressão quanto no Segundo Império. Até mesmo injúrias ao monarca eram publicadas, não admitindo ele que fossem punidas ou que os jornais que as divulgavam fossem processados ou fechados. Nada disso vinha ao caso; ou melhor, seria bem aproveitado: 80% da Nação era simplesmente analfabeta.(Segundo a Casa Ruy Barbosa).  A Guerra do Paraguai atiçara a volúpia militar. O pacifista Imperador repreendera publicamente os soldados, taxando-lhes “assassinos legais”. E por bizarro, a Abolição da Escravatura completaria a justificativa golpista:
As dificuldades da economia, agravadas com os gastos decorrentes da Guerra do Paraguai e, principalmente, a abolição da escravatura colocaram a aristocracia rural contra o imperador. O exército, por sua vez, buscava maior autonomia — que considerava conseqüência natural do sucesso na guerra — e estava bastante influenciado pelas idéias positivistas e republicanas. Wikipédia
Um prosaico fato contribuiu à precipitação golpista: os "heróis" da guerra tinham sido barrados no famoso Baile da Ilha Fiscal, e isso não poderia ficar em branco. Na mesma hora em que se acendiam as luzes do palacete para receber os milhares de convidados engalanados, os republicanos se reuniam no Clube Militar, presididos pelo tenente-coronel Benjamin Constant: "Mais do que nunca, preciso sejam-me dados plenos poderes para tirar a classe militar de um estado de coisas incompatível com sua honra e sua dignidade".
Em nome da" honra e da dignidade" as propriedades da família imperial e seus bens pessoais  imediatamente foram arrestados e leiloados. Em seguida, a nova casta mostrou a cara, em flagrante violação da Constituição recém promulgada em 1891. O marechal Deodoro ordenou o fechamento do Congresso. Para evitar uma guerra civil, o mal. acabou renunciando, em favor do coleguita Floriano.
Dom Pedro II deixou o Brasil sem ressentimento, embora triste. Ao ser deposto, e banido do País, formulou «ardentes votos por sua grandeza e prosperidade». Ele sabia, de antemão, que isso seria impossível.
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A Ciência Política, como todas as ciências humanas que se desenvolveram no interior da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, como era então denominada por ocasião de sua fundação, teve a sua marca francesa. Sua origem foi sociológica com forte influência filosófica. QUIRINO, Célia, Departamento de Ciência Política da USP - Estud. av. vol.8 no.22 São Paulo Sept./Dec. 1994
ANTÔNIO PAIM confirma o liame, e as consequências da macaquice a NAPOLEÃO, que reatara com o clero para reestebelecer a escravidão em Paris:
A evolução da elite política brasileira no sentido de uma tendência abertamente fascista, com o Estado Novo, não poderia ter ocorrido sem trabalho prévio, ao longo de várias décadas, seja do castilhismo, no meio político, seja do positivismo, no meio militar. A base comum que possibilitou o trânsito de uma a outra das posições pode ser apreendida na análise de uma obra que expressa melhor que qualquer outra essa evolução: o Estado Nacional de Francisco Campes (1891/1968).
AUGUSTO COMTE, falecido na metade do século retrasado, ainda consegue ditar o futuro, pelo presente:
Pesquisa dá respostas ao atraso do Brasil - O positivismo não foi apenas o primeiro movimento filosófico moderno a influenciar as autoridades brasileiras, já no século passado, mas também conduziu a supervalorização da ciência, a ponto de considerá-la perfeita e acabada, simplesmente pronta a ser ensinada, mas não a ser pesquisada. E desta vez, mais do que nunca, o responsável pelo atraso não é o estrangeiro. Mas deliberadamente local. MAKIYAMA, Marina R., O Estado de São Paulo, 21/5/1995: D14.
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1.Lincoln supervisionou ostensivamente os esforços vitoriosos de guerra, especialmente na seleção dos melhores generais, como Ulysses S. Grant. Historiadores concluíram que ele conseguiu se sobrepor às diversas facções do Partido Republicano, negociando a cooperação dos líderes de cada uma delas pessoalmente em seu gabinete. Sob sua liderança, a Uniãoeleição presidencial de 1864obeve controle dos estados escravocratas de fronteira durante a guerra. (Wikipédia)
2. Sorel cumpriu uma trajetória política peculiar. Engenheiro, ele pediu demissão do emprego em 1892, aos 45 anos, para dedicar-se a estudos de filosofia social. Ligado ao sindicalismo revolucionário de extrema esquerda, flertou por algum tempo com a extrema direita monarquista. Admirava Charles Maurras (1910) e Lênin (1918-1922). Entre as peculiaridades do marxista francês está a preocupacão com os aspectos jurídicos do socialismo e a violência, que exalta em seu livro Réflexions sur la violence (1908), mas ela é cuidadosamente distinguida da força bruta. Sorel odiava o jacobinismo, a dominação burguesa e o parlamentarismo. O outro ponto importante é o caráter de força motriz apresentado pelo mito político de Sorel. Ele é uma arma na luta política: seu sentido é mobilizar, empurrar para a ação. Esses mitos políticos, estabelece Sorel, são "conjuntos de imagens capazes de evocar em bloco e somente pela intuição, antes de qualquer análise refletida, a massa dos sentimentos" (Réflexions sur la violence). Na verdade, Sorel é um autor controverso quanto a linha política a qual adere. Suas idéias foram aceitas tanto pelo fascismo italiano Benito Mussolini quanto pelos comunistas deste país Antonio Gramsci.