quarta-feira, 29 de julho de 2009

Carma Ocidental - A forja do plebiscito


Do Lat. plebiscitu - decreto da plebe - era considerado, na Roma antiga, voto ou decreto passados em comício, originariamente obrigatórios apenas para os plebeus.
Que tal volvermos ao Império Romano?
Evidentemente, por mais dourada a pílula, nenhum Cesar foi democrático. Todos eram socráticos, na preferência platônica.
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Los hermanos hondureños permanecem na crista da onda. Resistem bravamente.Tem tudo a ver.
A pequenina Honduras, no próprio espanhol "águas profundas", produz a marola que ameaça varrer a impostura reinante no mais fiel continente greco-romano.  "Se uma onda pode agir como uma partícula, uma partícula também não deveria agir como uma onda?" (DE BROGLIE, L., cit. ISAACSON, W.: 338)
Os Estados Unidos e quase toda a comunidade internacional defendem o regresso de Zelaya ao poder para que cumpra seu mandato até janeiro. Mas o governo de facto, a Suprema Corte hondurenha e o Congresso - que apoiaram o golpe - são totalmente contra a volta do presidente deposto à Presidência. Estadão, 31/7/2009
Eis a razão do mal-estar nos palácios: ''Temos alguns estudos de inteligência que dizem, inclusive, que depois de Zelaya o próximo sou eu, por determinadas condições do país, que querem desestabilizar', afirmou o presidente do Equador em um relatório semanal." (Terra, 1/8/2009)
Correa conseguiu aprovar, no ano passado, uma nova Constituição socialista que autoriza a reeleição imediata do presidente e maior controle estatal na economia.
Se alguém estiver pensando em aplicar um golpe de Estado vai se arrepender, porque ele contra-atacará com tudo. Eu estou tranquilo. Peço a todos que sigam tranquilos, cada um em seu posto de batalha, pois contamos com a lealdade de nossos militares. CHÁVEZ, Presidente da Venezuela. Folha de São Paulo, 25/7/2009
O presidente americano BARACK OBAMA completa seis meses de mandato. Uma enquete apontou uma queda no seu índice de popularidade. A pesquisa divulgada pelo diário The Washington Post e pela rede de televisão ABC News indica que sua popularidade segue alta, mas caiu para 59%, seis pontos a menos que no último mês.

Desses guardiões da democracia
O Führer era idolatrado não somente em sua terra natal; tinha adeptos em número considerável de americanos barulhentos e vociferantes.
BRIAN, Einstein, a ciência da vida: 329
O engraçado é que EINSTEIN foi perseguido pelos fascistóides americanos, a ponto de se ver em xeque. O desafio do famigerado HOOVER era emplacá-lo comunista.
E lá vem, de novo, os ingênuos mas pretensiosos guardiões:
Os Estados Unidos estão revisando os vistos diplomáticos de membros do novo governo de Honduras e os de suas famílias, e já revogou quatro deles, como resposta ao golpe de Estado que derrubou o presidente Zelaya, informou a Casa Branca. (TERRA, 28/9/2009)
Na Branca a coisa se torna preta. O que lhes cabe se imiscuir em seara alheia?
"É um f. da p., mas é nosso f. da p.” (Famosa oração de ROOSEVELT sobre o ditador nicaragüense ANASTÁSIO SOMOZA; cit. ROSSI, C., Os Canalhas Dele. Folha de S. Paulo, 21/11/2000: A2).
Ah tá. Já não lhes basta a condenação mundial pela costumeira prepotência? Que tal se um BUSH ou mesmo Mr. OBAMA, aproveitando algum índice de popularidade mais elevado, requisitassem um plebiscito para estender as reeleições por mais algumas vezes? Ou "pimenta nos olhos dos outros é colírio", ou esquecem os pragmáticos dos ensinamentos de seus próprios ancestrais:
A facilidade que se tem de mudar as leis e o excesso que se pode fazer do poder legislativo parecem-me as doenças mais perigosas a que nosso governo está exposto.
MADISON, J., Federalist, n. 62. cit. TOCQUEVILLE, A., A Democracia na América, Leis e Costumes: 237
Tendo em vista que na democracia não há a clássica divisão entre nobres e plebeus, entre governantes e governados, como almejava PLATÃO, o modo de sua administração se assenta nas pernas do LEGISLATIVO e EXECUTIVO, consubstanciadas pelo JUDICIÁRIO, célebre sistema de freios e contrapesos. Com efeito, ao despir qualquer pilar, o regime fica comprometido. É o que buscam os apelos plebiscitários, cujo telos visa arrastar força suficiente para solapar o próprio contrato original. Se fosse movimento armado, seria assalto. Como é por tentativa, e por sinal fracassada, através de mero proselitismo, caracteriza-se pelo verdadeiro golpe. Coisa de golpista; ou, para lembrar meus xarás, de cesarista.
Um GISCARD D'ESTAING (Democracia Francesa: 52) bem compreenderia...
“Os países do terceiro mundo não têm muita escolha, devem pensar e agir em termos de massas. Alimentá-las, vesti-las, educá-las, constitui tarefa prioritária, pouco espaço deixando ao indivíduo.”
...Mas jamais aplicaria:
“Uma concepção coletivista da organização social, dominada pela noção de massa, é o oposto da evolução almejada por nossa sociedade.” (Idem, ibidem.)

Dos macaquitos
O cargo público é o último refúgio dos canalhas.
PENROSE, Boies, cit. ISAACSON, W.: 308
O maquiavelismo do deposto ZELAYA tornou-se mais flagrante por que o pleito à mudança não tem nada de popular, senão que levado a cabo exclusivamente por interesse dele próprio, aprendiz de caudilho.
"Ou revertemos o golpe ou haverá violência generalizada [no país]", disse Zelaya em entrevista ao Canal 4 de televisão em Manágua, na Nicarágua, onde nesta quinta-feira ele se reuniu com enviados dos Estados Unidos. Ou seja - o povo que se mate, desde que ele retorne, não para conduzir o povo, naturalmente, mas para se safar da enorme quantidade de acusações que lhe pesa, junto com seus asseclas.
Ele, seus ex-ministros da Presidência e de Finanças, Enrique Flores Lanza e Rebeca Santos, respectivamente, e o ex-gerente da estatal Empresa Hondurenha de Telecomunicações (Hondutel) Jacobo Lagos são processados por falsificação de documentos e outros crimes, além da exorbitância gasta em publicidade - cerca de 30 milhões de lempiras (US$ 1,5 milhão) informou à Agência Efe o porta-voz do Ministério Público, Melvin Duarte. O ex-ministro da Presidência também tem uma ordem de captura por ter dado ordens para retirar pelo menos 40 milhões de lempiras (US$ 2,1 milhões) dos cofres do Banco Central de Honduras para despesas relacionadas com a consulta de 28 de junho. Já a ex-ministra de Finanças foi denunciada por seu envolvimento no arrendamento supostamente irregular de um edifício para escritórios da estatal Empresa Nacional de Energia Elétrica (ENEE), caso que também envolve Rixi Moncada, ex-gerente da companhia. Além disso, o ex-gerente da Hondutel tem uma ordem de captura contra si por um suborno de empresa americana, caso que levou à prisão de outro ex-titular dessa instituição, Marcelo Chimirri.
Houve época em que o apelo a artimanha plebiscitária obteve pleno sucesso: nos trinta, tempo dos gangsters e ditadores. SALAZAR dobrou Portugal; e o coleguita GETÚLIO engembrou o queremista:

Mussolini, Hitler, Mustafá Kemal Pacha, Roosevelt e Salazar. Todos eles para mim são grandes homens, porque querem realizar uma idéia nacional em acordo com as aspirações das coletividades a que pertencem.
GETÚLIO VARGAS; cit
MONTEIRO, General Góis, A Revolução de 30 e a Finalidade Política do Exército: 187.
Queridos!
"A fé leviana na autoridade é o pior inimigo da verdade." (EINSTEIN, A., em carta para JOST WINTELER, 1901; cit. ISAACSON: 41)

Constituição não é sabão

A democracia fala de um governo comandado pelo povo e sujeito às suas leis; na realidade, entretanto, os regimes democráticos são dominados por elites que planejam maneiras de moldar e dobrar a lei a seu favor.
PIPES, R.:251
Salvaguardas constitucionais tem o fito de impedir justamente as perenes aventuras; por isso as cartas contém cláusulas pétreas. Também é verdade, contudo, que essas rochas viram cascalho sob o rolo compressor do Executivo, o dono do cofre:
O presidente do CJI, o ex-embaixador boliviano e ex-ministro das Relações Exteriores do país Jaime Aparício percebe pela América Latina a necessidade de reavaliar o significado legítimo do processo democrático". - O que se vê hoje no continente são grupos eleitos democraticamente que buscam dar legitimidade a mecanismos ilegais através de plebiscitos irregulares em que o ilegal é transformado em legal em nome da democracia - diz Aparício. - A mais comum dessas manobras, que afeta países como Venezuela, Bolívia, Colômbia ou Guatemala, é a perpetuação no poder do mesmo grupo. Segundo o embaixador, muitos governantes da região alardeiam o fato de que foram democraticamente eleitos para justificar todo o tipo de prática não-democrática em nome do povo. "A perpetuação no poder ou o exercício deste sem prazo determinado e com o propósito manifestado de perpetuação são incompatíveis com o exercício da democracia", diz um trecho da resolução. (O Globo, 8/9/2009)
A base do governo tem na manga, pronta para ser apresentada, uma PEC (proposta de emenda constitucional) que prevê um referendo sobre a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrer a um terceiro mandato. Já há as 171 assinaturas necessárias para protocolar a emenda --a maioria vinda de PMDB, PT e outros partidos da base de Lula. Mas há apoios da oposição.
Folha de São Paulo, 17/5/2009
O torpe exemplo brasileiro frutificou, mas o Legislativo hondureño endureceu, e o Judiciário tomou ciência da tentativa de pilhagem, flagrante subversão legal. Por isso, já que o dinheiro não foi forte, houve a convocação de Zelaya à massa para mover a pétrea. Ora, se Constituição não é sabão, que se dissolve, plebiscito não é delegação, que tudo move.

O critério de 'maiorias duplas', adotado tanto na Suíça como no Canadá é uma dessas salvaguardas. Se através de um plebiscito se outorga um mandato ampliado, e sem prazo, aos representantes que deveriam ser fiscalizados pelo Povo, nega-se a função primeira do plebiscito que é a de funcionar, como funciona na Suíça desde 1890, como um 'freio de mão' nos eventuais excessos do Poder representativo.
Não por acaso a nação européia agradou o ilustre residente:
"Gosto dos suíços porque, no geral, eles são mais humanos do que outros povos com os quais eu vivi." (EINSTEIN, A., cit. ISAACSON, W.: 77)


terça-feira, 28 de julho de 2009

Sobre a Teoria de Campo

Um novo conceito apareceu na física, a mais importante invenção desde a época de Newton: o campo. Foi necessária muita imaginação científica para perceber o que é que é essencial para a descrição dos fenêmenos físicos não são as cargas nem as partículas, mas o campo situado entre as cargas e as partículas. O conceito de campo mostrou-se bem-sucedido quando levou a formulação das equações de Maxwell para descrever a estrutura dos campos magnéticos.
EINSTEIN &INFELD: 244
Enquanto os formuladores continuavam descendo a ribanceira pelas coordenadas positivistas e cartesianas, alguns cientistas do XIX identificavam movimentos que excediam as uniformidades mecanicistas. MICHAEL FARADAY (1791-1867) introduzia, e JAMES CLERK MAXWELL (1831-1879) aperfeiçoava alguns cálculos com fatores até então desconsiderados, porque desconhecidos. As investigações levaram à Teoria de Campo, uma bomba nos ortodoxos racionalistas.
A teoria que proponho pode, por conseguinte, chamar-se teoria do campo eletromagnético por que trata do espaço nas proximidades dos corpos elétricos e magnéticos, e pode chamar-se teoria dinâmica por que supõe que neste espaço há uma matéria em movimento que produz os efeitos eletromagnéticos observados MAXWELL
O estudo sem referência a corpos materiais despedaçava a idéia de que as coisas só se moviam por impulso aplicado. Cada carga criava uma “perturbação”, uma “condição” no espaço à sua volta, de modo que a outra carga “sentia”sua força.
É extremamente sugestivo considerar que o germe que, nas mãos de VOLTA, OERSTED, FARADAY e MAXWELL, iria desenvolver-se numa estrutura de importância rival à mecânica newtoniana brotou de pesquisas voltadas para fins biológicos.
BOHR, N., Física atômica e conhecimento humano: 19
O conceito de força diretamente aplicada, o princípio da bola de bilhar, era substituído por isso que se convencionou como sutil campo de força, onde não se enxerga o ponto de início, o momento de aplicação da força. Ela passava admirada como efeito, não mais como razão. O mundo tomava conhecimento de que a atmosfera não era totalmente desprovida, mas esteio por onde percorriam fenômenos elétricos com poder de atração - o eletromagnetismo -, propagação em ondas, na velocidade da luz.
Na física do eletromagnetismo, um campo eletromagnético é um campo composto por dois vetores: o campo elétrico e o campo magnético. Os vetores (E e B) que caracterizam esses dois campos que possuem um valor definido a cada ponto no espaço e tempo. Se apenas o campo elétrico (E) não for nulo, e é constante no tempo, esse campo é denominado campo eletrostático. E e B (o campo magnético) são unidos pelas Equações de Maxwell. Campos eletromagnéticos podem ser explicados com base quântica pela eletrodinâmica quântica.
Wikipédia
As novas equações indicavam a produção de ondas, somente possíveis se não houver o vazio completo, anteriormente suposto. Elas emergem necessariamente de um campo dotado de potencialidade energética. EINSTEIN (Notas Autobiográficas: 12) reforça:
O que levou finalmente os fisicos, após longa hesitação, a abandonar a crença na possibilidade de toda a física ter como base a mecânica de Newton foi a eletrodinâmica de Faraday e Maxwell. Essa teoria, confirmada pelas experiências de Hertz, provou a existência de fenômenos eletromagnéticos que por sua própria natureza são separados de toda a matéria ponderável - a saber, as ondas no espaço vazio, que consistem em campos eletromagnéticos.
A prevalência dessas ondas propiciaram ao citado RUDOLF HERTZ criar as primeiras ondas de rádio, e daí à tv, radares, comunicação por satélites, e até o forno de microondas. Não por acaso o célebre RICHARD FEYNMAN reputava à descoberta da eletrodinâmica o acontecimento mais importante do século XIX.
A Teoria da Relatividade Especial e Geral (EINSTEIN: 56) demonstra a simplicidade, a coerência, a lógica e a eficácia da hipótese central de FARADAY:
Quando, por exemplo, um imã atrai um pedaço de ferro, não nos devemos dar por satisfeitos com a idéia de que o imã, através do espaço vazio entre eles, atue diretamente sobre o ferro, mas imaginamos com Faraday que o imã cria, sempre, no espaço circundante que o envolve, algo físicamente real, a que damos o nome de 'campo magnético'. Este campo, por sua vez, atua sobre o pedaço de ferro, de modo que ele tende a mover-se em direção ao imã. Não tentaremos justificar aqui este conceito intermediário, em si arbitrário. Limitamo-nos a observar que, com o auxílio dele, podemos representar teoricamente - de maneira muito mais satisfatória do que sem ele - os fenômenos eletromagnéticos, sobretudo a propagação das ondas eletromagnéticas. Interpretamos os efeitos da gravitação de maneira semelhante.
GOFFREDO TELLES JR. (O Direito Quântico: 54) explica:
Sendo geradora de energia, a partícula cria, em torno de si, um campo em que essa energia se manifesta. Aliás, todos os corpos geram campos de energia. A Terra, por exemplo, tem seu campo de energia magnética, que claramente se manifesta no comportamento da agulha da bússula. Os campos não devem ser consideradas como espaços vazios. Os campos são objetos físicos, pois é por meio deles que as partículas agem umas sobre as outras. É por meio deles, que os corpos, enorme multidão de partículas, se influenciam reciprocamente. Embora físicos, os campos não são objetos mecânicos. Um campo é imperceptível pelos sentidos. É imponderável. Não pode ser utilizado como sistema de referência. Mas é observável nos seus efeitos. É identificável nas perturbações que causa no comportamento das partículas ou dos corpos nele situados. Não somos capazes de ver a força de gravidade, mas a observamos na queda da maçã.

Quântica do campo

O ser humano é parte do todo, chamado Universo, uma parte limitada no tempo e no espaço. Ele experimenta seus pensamentos e sentimentos como algo separado do restante - numa espécie de ilusão ótica de sua consciência. Essa ilusão é uma espécie de prisão para nós, e nos restringe às nossas decisões pessoais e aos afetos por algumas pessoas mais próximas de nós.
EINSTEIN, Albert, cit. LASZLO, Ervin, A Ciência e o Campo Akáshico: 56
A descoberta de que as ondas eletromagnéticas podem ser explicadas como uma emissão de pacotes de energia (chamados quanta) permitiu o acesso aos sistemas atômicos e subatômicos. Na mecânica quântica, o estado de um sistema físico é definido pelo conjunto de todas as informações que podem ser extraídas desse sistema ao se efetuar alguma medida.
PASCUAL JORDAN e MAX BORN iniciaram as pesquisas sobre a irradiação atômica, e ganharam a parceria de WERNER HEISENBERG, isso pela metade da década de 20.
Por volta de 1950 veio a confirmação da enorme potencialidade inserida no espaço

O físico alemão W.O.Schumann constatou que a Terra é cercada por uma campo eletromagnético poderoso. Ele se forma entre o solo e a parte inferior da ionosfera, cerca de 100 km acima de nós. Esse campo possui uma ressonância (daí chamar-se ressonância Schumann) mais ou menos constante, na ordem de 7,83 pulsações por segundo. Funciona como uma espécie de marca-passo, responsável pelo equilíbrio a biosfera, condição comum de todas as formas de vida.
Junto veio a confirmação e melhor aferição da quântica nos campos, uma espécie de unificação almejada por EINSTEIN.. Chama-se Filosofia da Teoria Quântica do Campo. O novel enfoque atribui aos indivíduos (as partículas) uma variedade de propriedades. As propriedades decorrem de cada localização no espaço espaço-temporal. Ele verifica as amplitudes do EspaçoTempo em relação à função de onda da própria partícula identificada.
Na Teoria Quântica de Campo (QFT) propriamente, o campo perfaz os componentes fundamentais. Qualquer dado deve ser elaborado a partir de sua amplitude, ainda que tal abrangência seja dificilmente mensurável. De todo modo as partículas são apenas expressões da excitação do campo, de maneira que de pouca serventia será identificar sua potência, mas sim a do campo, pelas interações pontuais. O holograma se conecta - in-forma todas as coisas, por todo o EspaçoTempo.
O fenômeno eletromagnético baliza a trajetória do elétron em torno do núcleo. Eis sua mais perfeita conceituação:

A teoria quântica de campo é a aplicação conjunta da mecânica quântica e da relatividade ao campo que fornece uma estrutura teórica usada na física de partículas e na física da matéria condensada. Em particular, a teoria quântica do campo eletromagnético, conhecida como eletrodinâmica quântica (tradicionalmente abreviada como QED, do inglês 'Quantum EletroDynamics', é a teoria provada experimentalmente com maior precisão na Física. a teoria protótipo era chamada de segunda quantização, isto é, a realização e quantização dos campos, além da quantização da matéria. A tanto, a teoria quântica do campo considera tanto a matéria (hadrons e leptons) quanto os condutores de força (bosons mensageiros) como excitações de um campo fundamental de energia mínima não-nula (vácuo).


domingo, 26 de julho de 2009

O emblema de Honduras

Se o governo se exceder ou abusar da autoridade explicitamente outorgada pelo contrato político torna-se tirânico e o povo tem então o direito de dissolvê-lo ou se rebelar contra ele e derrubá-lo.
LOCKE, J. Second treatise of civil government: 184
A facilidade que se tem de mudar as leis e o excesso que se pode fazer do poder legislativo parecem-me as doenças mais perigosas a que nosso governo está exposto.
MADISON, J., Federalist, n. 62. cit. TOCQUEVILLE, A., A Democracia na América, Leis e Costumes: 237

Maremotos se iniciam em EspaçoTempo imperceptível. Apenas no colapso é que são detectados.
Uma multidão de mais de 10 mil jovens moldávios surgiu aparentemente do nada, na terça-feira, para protestar contra os líderes comunistas da Moldávia, saqueando edifícios do governo e enfrentando a polícia. A multidão refletia a profunda divisão geracional que se desenvolveu na Moldávia, e os manifestantes usaram as ferramentas de sua geração, convocando os participantes do protesto pela Internet.
Tampouco se condicionam restritas; ainda mais agora, com o esteio internético.
Ondas avassalam o mundo ignorando nações e territórios.
A Revolução Gloriosa do quase XVIII desencadeou uma formidável democrática.
Naquele cadinho de idéias, naquele pulular de seitas religiosas e de movimentos políticos que foi a revolução puritana, abriram caminho todas as idéias de liberdade pessoal, de religião, de opinião e de imprensa destinadas a se tornarem o patrimônio duradouro do pensamento liberal.
BOBBIO, N. 1993:50

Demorou século para o patrimônio ser assimilado.
Montesquieu dizia que os ingleses eram o povo mais
livre do mundo porque limitavam o poder do rei pela lei.
PIPES, R.: 151
No XIX tivemos a corrida imperialista. Tal ignomínia se iniciou na França napoleônica, e solapou o tênue viés democrático. No XX, vimo-lhe em corte modernizado, nas fardas de Mussolini e Hitler, cujo êxito inicial fascinou dezenas de macaquitos a se precipitarem pelo mundo afora.
A evolução da elite política brasileira no sentido de uma tendência abertamente fascista, com o Estado Novo, não poderia ter ocorrido sem trabalho prévio, ao longo de várias décadas, seja do castilhismo, no meio político, seja do positivismo, no meio militar. A base comum que possibilitou o trânsito de uma a outra das posições pode ser apreendida na análise de uma obra que expressa melhor que qualquer outra essa evolução: o Estado Nacional de Francisco Campos (1891/1968).
A alternativa era uma armadura do leste, cujo costureiro propunha o enaltecimento sans-cullote. O colosso do norte foi o primeiro a preferir molde romano.
O medo atingiria o povo e a liderança seria entregue àqueles que oferecessem uma saída fácil, a qualquer preço. A época estava madura para a solução fascista.
POLANYI: 275
Sob cocar democrático, o ardil do New Deal levou meio mundo de roldão.
Quando Hitler invadiu a Polônia houve lástima pelos indefesos poloneses, mas ninguém ousou expulsá-lo de lá. O cabo de Munique contava com a simpatia americana, mercê de seus dotes para enfrentar o comunismo. Dessarte, sempre ao sabor platônico, o ocidente se dividiu entre a estúpida fascista, e a tosca comunista.
Nem sequer um doutrinário da democracia como Rousseau, com a concepção organicista da volonté générale, princípio tão aplaudido por Hegel, pode forrar-se a essa increpação uma vez que o poder popular assim concebido acabou gerando o despotismo de multidões, o autoritarismo do poder, a ditadura dos ordenamentos políticos.
BONAVIDES, P. : 56
Com as mortes de Hitler e Mussolini, revigorou-se a perfídia operária. Quando caiu o muro, evidenciando a mazela, a civilização, pela mais completa falta de imaginação, enveredou de volta ao que já conhecia. E lá se foi a cambaleante Rússia, e depois outro, e mais outro, quedados por renovadas artimanhas fascistas, uns travestis democráticos, dizem que ungidos pelo voto popular, na verdade plebiscitário, cujas conseqüências legitimam governos tão ou mais corruptos do que aqueles da década de trinta.
Tudo depende, portanto, de se fazer com que os súditos acreditem que o governo é bom e justo, e de os cidadãos sentirem-se felizes em obedecer às suas ordens - daí todo conjunto de medidas draconianas, aniquiladoras de toda liberdade de pensamento, sugeridas por Platão tanto na República quanto nas Leis, a fim de produzir e conservar nos súditos essa crença.
KELSEN, H.: 501
"Através da vontade geral, o povo-rei coincide, miticamente, de agora em diante, com o poder; essa crença é a matriz do totalitarismo." (COCHIN, AUGUSTE, cit. FURET: 1989: 191)
Desta feita, coube à América do Sul a nova adaptação. Assim como a Itália logo encontrou na vizinhança o parceiro ideal, foram Perú e Brasil que promoveram a pioneira aliança à subverter a democracia, não mais pelo sabre, mas pela força corruptora. Assim é que Fujimori e FHC minaram o império da lei dobrando facilmente os respectivos parlamentos, para imporem suas convenientes alterações constitucionais. O exemplo frutificou de imediato em todo paupérrimo continente:
Muitos dos terroristas de ontem são hoje
presidentes ou ministros na América do Sul.

Vereadora eleita Lucía Pinochet Hiriart, filha mais velha do ditador chileno Augusto Pinochet 1915-2006, em
Folha de S.Paulo, 2/11/2008)
A festa é total, e desenfreada. Para não falar na linhagem cubana, e no fidel sr. da Silva, do Brasil, no México Calderón já usufrui do terceiro mandato; o energúmeno coronel venezuelano goza ass benesses há década, e não quer largar; a Bolívia suporta Evo almejando igual período; os Kirchner desde o século passado ocupam a Casa Rosada; o colombiano Uribe já fez o serviço, está no segundo, de olho no terceiro mandato; o equatoriano também alterou a constituição, e ora vai para o terceiro período; na Nicarágua Ortega se movimenta para seguir os passos.
Vivemos hoje num mar de lama alastrada, de talhe flagrantemente facistóide, porém ainda mais corrupto, porque "ungido" pelo voto plebiscitário, portanto, fora do alcance da própria lei, aliás regulada a belprazer do corruptor.
A continuação da autoridade num mesmo indivíduo freqüentemente tem sido o fim dos governos democráticos. As repetidas eleições são essenciais nos sistemas populares, porque nada é tão perigoso como deixar permanecer um mesmo cidadão por muito tempo no poder. O povo se acostuma a lhe obedecer, e ele se acostuma a mandar, de onde se origina a usurpação e a tirania.
BOLIVAR, S., Discurso de Angostura, 1819.

Ora o mundo inteiro está nas mãos de uma impressionante plêiade de oportunistas, sob um garrote ainda maior do que o passado recente. Não há mais, sequer, a resistência ideológica. Lei é prê-a-porter. Exceto em Honduras:
Zelaya foi derrubado do poder em um golpe orquestrado pela Justiça e pelo Congresso e executado por um grupo de militares, que o expulsaram para a Costa Rica, provocando uma condenação mundial unânime. O golpe foi realizado horas antes do início de uma consulta popular sobre uma reforma na Constituição que tinha sido declarada ilegal pelo Parlamento e pela Corte Suprema.
Folha de São Paulo, 29/6/2009
Como falar em "golpe orquestrado" se a deposição se deu por conta do Legislativo e do Judiciário, juntos? E porque a Folha, e tantos, não identificam o maestro? O engraçado é que todos os presidentes juram obedecer suas constituições.
Em política, os contrapesos são instituídos não para privar o poder legislativo e o executivo da ação que lhes é própria e necessária, mas para que seus atos não sejam convulsos, nem irrefletidos, apressados ou precipitados. Criam-se dois poderes rivais para que as leis tenham poder superior ao dos magistrados, e para que todas as ordens da sociedade tenham protetores com quem possam contar. Forma-se um governo misto a fim de que ninguém se ocupe só com seus próprios interesses; para que todos os membros do Estado, obrigados a ajustar-se aos interesses alheios, trabalhem para o bem público, a despeito das suas próprias conveniências.
MABLY, Doutes Proposes aux Philosophes Economistes sur l'Oredre Naturel et Essentiel des Societes Politiques; cit. Bobbio, 1992:144):
KARL POPPER (p.159) reconhece:
De fato, o funcionamento da democracia depende, em grande medida, da compreensão do fato de que um governo que intente abusar de seu poder para estabelecer-se sob a forma de uma tirania se coloca à margem da lei, de modo que os cidadãos não só teriam o direito, como também a obrigação de considerar delituosos esses atos do governo e delinqüentes seus autores.
O golpe foi a tentativa de alteração constitucional em proveito pessoal. O povo desafia a reunião de todos os piratas do mundo:
Às vezes, o mundo todo prefere uma mentira à verdade. A Casa Branca, a ONU, a Organização dos Estados Americanos (OEA), e grande parte da mídia condenaram a deposição do presidente hondurenho Manuel Zelaya, no domingo, como um golpe de Estado. Isso é um absurdo. Na realidade, o que aconteceu aqui é simplesmente o triunfo da lei.
SANCHEZ, OCTÁCIO, in Terra, 5/7/2009
A deposição de Zelaya foi aprovada por suas 'repetidas violações da Constituição e da lei' e por 'seu desrespeito às ordens e decisões das instituições'.
Reuters, 29/6/2009

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, gastou quase US$ 6,5 milhões provenientes de fundos públicos com despesas com seus cavalos e sua moto, além de viagens, compra de jóias e roupa e aluguéis.
Estadão, 5/9/2009
O verdadeiro golpista tende a permanecer sozinho:
"Zelaya disse que os Estados Unidos já não usam mais o termo 'golpe de Estado' em suas declarações sobre a crise em Honduras." (Idem)
"A dez quilômetros da fronteira, 100 manifestantes assustados se reuniam na pequena cidade cafeicultora de El Paraíso. É uma imagem muito diferente das manifestações de massa que Zelaya havia convocado." (Folha de São Paulo, 26/7/2009)
Meu monitor não falha: assim como a grande ilha européia ensinou, Honduras está abrindo a porteira pela qual o povo se libertatá do jugo dos impostores. Seu êxito repercutirá. Eis o maior receio dos cupins. Os farsantes acusam sentir o upper; e já colocam as barbas de molho:
Se alguém estiver pensando em aplicar um golpe de Estado vai se arrepender, porque ele contra-atacará com tudo. Eu estou tranquilo. Peço a todos que sigam tranquilos, cada um em seu posto de batalha, pois contamos com a lealdade de nossos militares.
Cel. HUGO CHÁVEZ, Presidente da Venezuela. Folha de São Paulo, 25/7/2009)
Estamos no XXI, século da maioridade. Não é hora de varrer a corrupção?
O carma ocidental - A retorção do Estado de Direito
Honduras: exemplo de Estado de Direito



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sexta-feira, 24 de julho de 2009

It's Friday



Carma Ocidental - A impregnação em Einstein


Deus é sutil, mas não malicioso. Deus não joga dados. Albert Einstein
EINSTEIN era um Físico;portanto, tnto, necessariamente matemático.  Não foi, contudo, pelo modo racional que chegou ao brilhantismo da Relatividade, e sim pela imaginação, pela Filosofia, pode-se dizer. Além de revolucionar a ciência o gênio enfrentou o campo político. De plano o alemão condenou a destra e a sinistra. Porém,mais dedicado por profissão à exatidão, Einstein não vasculhou a raiz epistemológica ocidental, e assim, pela vox que se tornou populi, se fo levado de roldão., não logrando se desvencilhar integralmente do carma gerador, fato que particularmente lhe restou resignado à cerca das peripécias eletrônicas junto aos núcleos atômicos.
O carma
Para Platão, a ordem e a beleza que vemos no Cosmo resulta de uma intervenção racional, intencional e benigna de um divino artesão, um "demiurgo" (gr. δημιουργός), que impôs uma ordem matemática a um caos preexistente e, assim, produziu um Universo divinamente organizado, a partir de um modelo eterno e imutável (Pl. Ti. 26a). A visão platônica da origem do Universo também teve enorme influência na filosofia, especialmente na neoplatônica, no ocultismo e na teologia desde o século -IV até nossos dias. www.greciantiga.org
... Exemplo de Ser Positivo é o 'Deus Organizador', em que a divindade (ou divindades) exerce o papel de controlador da oposição primordial entre Ordem e Caos. O Caos representa o Mal, a desordem, e é simbolizado em vários mitos por monstros como serpentes ou dragões, ou simplesmente deuses maléficos que lutam contra outros deuses em batalhas cósmicas relatadas muitas vezes em textos épicos, como no caso do Eubuma elis dos babilônios.  GLEISER, MARCELO, A Dança do Universo Dos Mitos de Criação ao Big-Bang: 31
Tal qual a Hidra, que possui sete cabeças, podendo morrer seis que ainda assim ela conserva sua serventia, a cabeça-de-ponte religiosa ficou de tal modo impregnada que não bastou para EINSTEIN sorver o panteísmo de SPINOZA, tampouco buscar incessantemente, durante a maturidade, uma alternativa ao determinismo divino que julgava reger o mundo.
Tanto o platonismo quanto o cristianismo distanciam os seres humanos do meio que os rodeia. A natureza e a experiência eram encaradas como o mundo das modificações perturbadoras, o mundo do erro e do caos. Para o cristianismo, a dúvida e a incerteza são obra do diabo.
ZOHAR, D., O Ser Quântico, Uma visão revolucionária da natureza humana e da consciência, baseada na nova física:
188.
A razão da coincidência é meridiana, por isso ouso afirmar: ambas provém do mesmo corpo. A primeira cabeça da Hidra veio valente. Acabou ceifada, ainda que o Império Romano durasse uns quatro séculos. A segunda se apresentou dócil, e por isso substituiu a primeira, com vantagem: o Império Romano pode se estender a todos os confins da face da Terra, por longos séculos a go, até o presente.

A impregnação em EINSTEIN
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Einstein fez o curso de religião católica regulamentar e acabou gostando imensamente daquelas aulas. Na verdade ia tão bem nos estudos católicos que ajudava os colegas a estudar... 'Era tão fervoroso em seus sentimentos que, por conta própria, observava os preceitos religiosos judaicos nos mínimos detalhes', relatou a irmã... Contudo, ele preservou de sua fase religiosa infantil uma profunda reverência pela beleza e harmonia do que chamava a mente de Deus, conforme essa se expressava na criação do Universo e de suas leis. (ISAACSON, W.: 35)
Com todo o respeito: se Deus é onipotente, e onisciente, porque necessitaria de mente, ou pensar?
O curioso é que o copiloto da Nav's ALL ao tempo em que reverenciava a picardia não tinha idéia de sua abrangência:
"No ginásio Einstein despreza o aprendizado mecânico de idiomas como o latim e o grego, problema exacerbado pelo que ele mais tarde define como 'memória ruim para palavras e textos'." (Idem, 36)
A dimensão do tempo, segundo o carma
O Gênesis oferece a cronologia, desse modo já fracionando a grande obra. O carma é flagrante na ordem numérica:

No Princípio Deus criou o céu e a terra. A terra, porém, estava informe e vazia, e as trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus movia-se sobre as águas. E Deus disse: Exista a luz. E a luz existiu. E Deus viu que a luz era boa; e separou a luz das trevas. E chamou a luz de dia, e as trevas noite. E fez-se tarde e manhã: o primeiro dia.
Novamente se apuram inúmeras contradições. Deus precisaria ver para crer?
Pois é tal preconceito que coloca a humanidade no comboio da ilusão:
Foi a tradição judaico-cristã que estabeleceu o tempo linear (irreversível) de uma vez por todas na cultura ocidental... O tempo irreversível influenciou profundamente o pensamento ocidental. Preparou a mente humana para a idéia de progresso, para o conceito de tempo profundo, para a surpreendente descoberta dos geólogos de que a evolução humana é apenas um episódio recente e curto na história da Terra. Preparou o caminho para a evolução de Darwin, que fala de nossa união com criaturas mais primitivas através dos tempos. Em resumo, o advento da idéia de tempo linear e da evolução intelectual desencadeada por essa idéia corroborou a ciência moderna e a promessa de melhoria da vida na Terra.
COVENEY: 22
O tempo não é tão toscamente engrenado. Isso é apenas convenção, lavrada quando a vela era a rainha da noite. Ele não pode ser único, absoluto, porque é pessoal, subjetivo, dependente do ator:
O verdadeiro tempo (o que Bergson chama de 'duração') consiste propriamente na experiência vivencial da própria vida; é, por conseguinte, radicalmente intuitiva.

Entretanto, para a maioria de nós, esse tempo verdadeiro foi inapelavelmente deslocado pelo ritmo do tempo marcado pelo relógio. Aquilo que constitui fundamentalmente o fluxo vital de experiência torna-se então um gabarito externo, arbitrariamente graduado, a que nossa existência é subordinada - e sentir o tempo de qualquer outra maneira torna-se 'místico ou louco'. Se a sensação do tempo pode ser assim coisificada, porque não haverá de ser tudo o mais? Por que não inventarmos máquinas que coisifiquem o pensamento, a criatividade, a tomada de decisões, o julgamento moral? (ROSZAK, T.:230)
Curiosamente, foi o próprio EINSTEIN que demoliu essa outra estaca platônica. Não há flecha do tempo, mas uma infinidade de arcos temporais. .
No "espanto" da Gravidade qualquer corpo curva mais ou menos o meio-ambiente.
Ao transformar o EspaçoTempo, o presente exclui a flecha almejada. Isso decide:
O fato de o tempo ser próprio de cada corpo, não uma ordem cósmica única, envolve mudanças nas noções de substância e causa.
RUSSEL, cit. FADIMAN: 165
O "mal", segundo o carma
Deus havia oferecido algumas idéias claras e precisas para encontrarmos a verdade, "desde que nos ativéssemos a elas, e não caíssemos no pecado".
"O erro, o Mal entra pelo corpo para transformar o divino Bem da alma," e isso já bem ensinara PLATÃO. (cit. KELSEN, 1998: 3):
“A terra, ou seja, a matéria, é contraposta à verdadeira natureza da alma, quer dizer, ao seu ‘ser boa’. A matéria representa o mal.”
Pela mais famosa e também mais simples equação EINSTEIN logrou demonstrar que a matéria é apenas uma expressão energética, portanto o corpo não pode divergir da alma, mas isso jamais fez-se hegemônico para demovê-lo. Pela paixão o indelével professor gastou quase toda a vida tentando unificar as disposições epistemológicas de acordo com o UNO, e desse modo permaneceu também preso aos grilhões da metafísica. Dessarte o gênio gastou sua vida tentando a unificação da Física Quântica com o Eletromagnetismo e a Relatividade. O Universo procederia do 'logos' divino", o qual, por dedução, só poderia ser único:

Einstein discordou da interpretação de Copenhagen porque ela defendia que a realidade era aleatória ou probabilística. Einstein concordava que a Mecânica Quântica era a melhor teoria disponível, mas procurou sempre uma explicação determinista, isto é não-probabilística.
EINSTEIN viveu dramaticamente, na enorme dificuldade para escapulir do marco introjetado. Deu-se conta, ainda assim parcialmente, apenas no apagar das luzes:
"A palavra de Deus para mim é nada mais que a expressão e produto da fraqueza humana, a Bíblia é uma coleção de lendas honradas, mas ainda assim primitivas, que são bastante infantis." (Carta escrita em 1954, um ano antes de sua morte, ao filósofo alemão Eric Gutkind)
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A "razão" do carma

A ciência sem a religião é manca.
A religião sem a ciência é cega.

(Albert Einstein)
A oração é impactante, mas totalmente preconceituosa, certamente por desatenção.
Quando no limiar ele próprio definiu E=Mc2, ficou bastante claro que qualquer dialética, mormente a primordial platônica, sagazmente adotada pela Igreja, entre o corpo e a alma, aquele mundano, essa divina, era totalmente desprovida de razão; portanto, sequer merece fé, que dirá uma investigação mais rigorosa. Num rasgo de luzidez, bem que EINSTEIN (cit. GABERDIAN, H. GORDON: 314) no fim teve presente:
No homem primitivo era o medo, acima de quaisquer outras emoções, que o levava à religião. Esta religião do medo – medo da fome, de animais selvagens, de doenças e da morte – revelava-se através de atos e sacrifícios destinados a obter o amparo e o favor de uma divindade antropomórfica, de cujos desejos e ações dependiam aqueles temerosos sucessos. Como o entendimento do homem primitivo sobre as relações de causa e efeito era pobremente desenvolvido, essa religião do medo criou uma tradição transmitida, de geração a geração, por uma casta especial de sacerdotes que se postara como mediadora entre o povo e as entidades temidas. Essa hegemonia concentrou o poder nas mãos de uma classe privilegiada, que exercia as funções clericais como autoridade secular a fim de assegurar seu poderio. Nesse ínterim se verificava a associação dos governantes políticos à casta clerical, na defesa dos interesses comuns.
Religião significa o ato de religar, e naturalmente deve ser precedida por um desligamento. Deste tratou a Igreja com a estória da criação, da expulsão de Adão e Eva do Paraíso. O sagaz cientista jamais poderia sustentar, como de fato não sustentou, tal efeméride:
Graças à leitura de livros de divulgação científica, cheguei à convicção que muitas das histórias da Bíblia não podiam ser verdadeiras. A conseqüência foi uma orgia positivamente fanática de livre-pensamento, acoplada à impressão de que o jovem é iludido de maniera intencional pelo Estado por meio de mentiras; foi uma impressão acachapante.
ISAACSON, W.: 40
Nunca fomos, nem é possível estarmos desligados do Universo. Tal privilégio, ou prerrogativa, é incondicional, e não depende como nadamos, ou afundamos. Assim como não há possibilidade de uma vez mergulhados no oceano permanecermos enxutos, igualmente não há como não estarmos totalmente integrados no plasma cósmico, na eternidade, e em tudo o mais, mesmo que a Igreja nisso não acredite.

A última cabeça da Hidra

Admiro RICHARD DAWKINS, que ainda não li: (Deus é um delírio. - Companhia das Letras, 2007). Mas se não for, nem vem ao caso, a não ser para nos alertar sobre a necessidade de nos livrarmos da fé: ainda que possa ser apreciada como genuinamente virtuosa, ela nada mais é do que preconceito, flagrante manifestação do carma. Não chegaria a tanto, mas BERTRAND RUSSELL (p. 21), detonou:
“Se houvesse um Deus, ele (ou ela, aquilo, ou eles) deveria ser julgado por crimes contra a humanidade.” .
Deus faltou com a palavra. Ele nunca disse nada para ninguém. Moisés veio com uns escritos, colhidos atrás dos montes. A Voz ninguém jamais ouviu. Dizem que é a populi, mas esta é inacreditável: costuma eleger energúmenos e oportunistas. Na Sua ausência, deveriam sentar na cadeira dos réus todos seus microondas, empilhadinhos, de acordo com o venerado feitio.
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A educação de nossas crianças ainda está a cargo dos papagaios religiosos, ou do corrupto Estado, último refúgio da Hidra.
Lia-se Marx, Weber, Dobb, Mannheim, Lukács, Heller e, em 1968, muito Marcuse. Também Gramsci começava a ser estudado. De início, no curso de História das Idéias, foram introduzidos os seus escritos sobre Maquiavel, mas nos anos 70, tornou-se um dos autores mais trabalhados, a ponto de, no princípio dos anos 80, ter sido tema de tese de livre-docência de um dos professores da Cadeira. Nos cursos de Instituições Políticas Brasileiras discutia-se desde as questões referentes ao escravismo, ao feudalismo e ao capitalismo na formação do estado brasileiro, debate que foi uma constante durante certo período, até os aspectos mais atuais do país, ou seja, a revolução brasileira, o populismo e o autoritarismo. Caio Prado e Celso Furtado eram leituras obrigatórias...
QUIRINO, Célia, Departamento de Pós-graduação em Ciências Políticas da USP
Como não há mal que sempre dure, e como mentira tem pernas curtas, ainda que seculares, antes que se confirme de uma vez o Declínio do Ocidente não convém elaborarmos algum plano B?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A imaginação na produção do conhecimento

A vantagem competitiva de uma sociedade não virá da eficiência com que a escola ensina a multiplicação e tabela periódica, mas do modo como estimula a imaginação e a criatividade. EINSTEIN, A., cit. ISAACSON, W.: 26 
A imaginação é o aspecto criativo da mente; por isso o Mahayana declara que a ilusão da separatividade é uma criação da mente que não tem existência separada. WATTS, A: 26
A imaginação é um oceano impregnado de correntes. Se tomarmos uma delas, corremos o risco de rumarmos à-tôa por longo tempo, ainda mais com destino utópico. Mira-se à frente, uma metafísica qualquer, daí partimos ao concreto, em compasso firme, retillíneo, mas o que sói acontecer é o inverso: como a Terra é redonda, após circundá-la, damo-nos conta que não saímos do lugar! Mas sem imaginação não há por onde mais navegar.
É surpreendente que as pessoas suponham que não há imaginação em ciência. É um tipo de imaginação muito interessante, diferente da do artista. A grande dificuldade reside em tentar imaginar algo que nunca se viu, que seja consistente em todos os pormenores com o que já se observou e ao mesmo tempo seja diferente do que até aí se pensava; mais, terá de ser uma afirmação bem definida, e não apenas uma proposição vaga. É, na verdade, difícil.  FEYMAN, Richard, O significado de tudo. Gradiva, Lisboa, 2001: 23
O método de produção científica pela acumulação do capital cognitivo, conhecido emprismo continha dupla valia: o homem trabalhava com questões já testadas e aprovadas. e paulatinamente enriquecia seu cofre, a ponto de supor retomar o Paraíso, desta feita em igualdade de condições. Pouco a pouco os tolos dispuseram os andaimes conforme o patamar deixado pelos mais antigos obreiros. Aos valorosos intérpretes cabia arrolar coincidências. A pedra mais condizente desenvolvia o interminável dominó. Diante da altura estratosférica dos viadutos, quem dispusesse de algum farol para iluminá-los naturalmente fazia jus à pole-position.
Conseqüentemente, a permanente necessidade da ideologia persuasiva sempre levou o Estado a utilizar os intelectuais formadores da opinião nacional. Em épocas remotas, os intelectuais eram invariavelmente os sacerdotes, e, por conseguinte, conforme indicamos, tínhamos a antiga aliança entre a Igreja e o Estado, o Trono e o Altar. Hoje em dia, economistas 'científicos' e 'livres de juízo de valor' e conselheiros da 'segurança nacional', entre outros, desempenham uma função ideológica similar em prol do poder do Estado. Vimos claramente porque o Estado necessita de intelectuais; mas porque os intelectuais necessitam do Estado? Colocando de maneira simples, porque os intelectuais, cujos serviços não são muito freqüentemente desejados pela massa de consumidores, podem encontrar um "mercado" mais seguro para seus talentos nas costas do Estado. O Estado pode proporcionar a eles poder, status e riquezas que eles geralmente não poderiam obter em trocas voluntárias. ROTHBARD, Murray, A Ética da Liberdade
Em breve, certamente, daremos o último passo, e a autoridade da ciência se imporá de modo completo no domínio dos conhecimentos sociais. Então, chegaremos a fazer uma política racional, como já fazemos máquinas elétricas racionais, porque construídas unicamente sobre dados positivos, e não sobre tendências subjetivas. A autoridade sem apelo da ciência já não é mais contestada pelo grande público em tudo o que diz respeito aos fatos físicos e biológicos. NOVICOW, J. 1910, cit. JAPIASSÚ, H., A revolução científica moderna: 178.
A colossal Babel haveria de ruir, e com ela ainda vão desavisados, na crença da tradição.
Um novo conceito apareceu na física, a mais importante invenção desde a época de Newton: o campo. Foi necessária muita imaginação científica para perceber o que é que é essencial para a descrição dos fenêmenos físicos não são as cargas nem as partículas, mas o campo situado entre as cargas e as partículas. O conceito de campo mostrou-se bem-sucedido quando levou a formulação das equações de Maxwell para descrever a estrutura dos campos magnéticos. EINSTEIN &INFELD: 244
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Embora negasse, PLATÃO primou por elevar a imaginação à potência máxima., transformando a realidade em utopia, a episteme em metafísica, e a tecnè  como veículo. Exceto ARISTÓTELES, desmoralizado no raiar do Renascimento, e SPINOZA, banido pela ousadia, ninguém mais se preocupou em refutar o pioneiro; apenas aproveitaram a corrente.. Por causa deste conforto, a humanidade navega more bipolar: ao rumo do leste, ela chega ao oeste, à mais completa frustração.
A imaginação é amiga da especulação; portanto, além de não ser exata, ainda pode ser fantasiosa, mistificada, dúbia, e quase sempre as confirmações demandam enorme EspaçoTempo. Para muitos, coisa de criança. Os perdigueiros desdenham a Filosofia, em prol dos andaimes prefabricados, devidamente testados, matematicamente confirmados. Hipóteses non fingo, também bradou o esteriotipado platônico NEWTON.  De fato, sua imensa construção se deve à parca imaginação. O ex-reverendo também apregoava: nossa imagem e semelhança era o maior dos matemáticos. O futuro presidente da Casa da Moeda da Inglaterra  teve que manipular algumas equações. Elas apresentariam a conta, ainda que decorridos séculos, é verdade.
A falta de imaginação 
Leibniz dizia que o menino que visse mais figuras, mesmo que fossem de coisas imaginárias e falsas, acabaria por se tornar o mais inteligente.
Embora a Filosofia seja a reflexão crítica sobre o conhecimento e a cosmovisão, entre a mater e a Física parece haver uma pequena confusão de tipificação. Ainda que a composição grega também fosse embalada pela mais absoluta ficção, PLATÃO  jamais se perfilou como filósofo, e sim como prático, técnico, matemático. Protofísico, ainda que calcado em flagrante metafísica.  Atesta minha petulância a clareza com que o fundador da Academia vedou a entrada de poetas, artistas e retóricos:
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platão diálogos
Que não adentre quem não queira se manifestar pela linguagem matemática.
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A faculdade de conhecer o verdadeiro se resumia ao que os braços ou olhos podiam confirmar, mas pelo semiprimata o acesso ao ideal estava plenado: "A matemática pura, mais do que qualquer outra disciplina, tornou-se aquele discurso vivo que Platão considerou a única forma de conhecimento."
Tal afirmativa, além de totalmente preconceituosa, sectarista, constituia um paradoxo, atestado do dúbio caráter: "Assim trava conhecimento com o Pitagorismo, que veio a exercer uma duradoura influência sobre todo o seu pensamento e a sua atividade: na sua doutrina da pré-existência das almas." (Apresentação da biografia e livros de Platão – História da Filosofia Antiga – Hirschberger)
Mas onde PLATÂO poderia catar algum número para calcular a existência da alma? Pelo sumiço do corpo, apenas? De certo modo é verdade que o conhecimento parte da crença, e também contém abstrações, e elementos intangíveis, mas o ateniense logrou mutilá-la no velcro, ao propor esta fundamental cisão para mutilar a desenvoltura asiática, de Confúcio a Lao-Tzè. Nada, absolutamente nada na má temática de Platão & Pitágoras pode ser considerada de caráter epistemológico, senão que ideológico, de função pragmática, tecnológica, estratégica.
Eis como a episteme se tornou imprestável, subvertida, submersa por longo período:
Sobre isto, Newton foi bastante claro: tudo que não é deduzido dos fenômenos deve ser chamado de hipótese; e as hipóteses, sejam as metafísicas ou físicas, digam respeito às qualidades ocultas ou às mecânicas, não têm lugar na filosofia experimental. THUILLIER,P.:69
Hipóteses fingo

1.     A imaginação é o poder mental de apresentar energicamente uma cena ou uma situação e sua aura emocional, com um forte impacto de realidade;
2.     A imaginação, devido ao seu poder de mudar/recombinar as impressões armazenadas pela experiência, é a fonte da invenção e da originalidade;
3.     A imaginação é a fonte de visões mais profundas do que a compreensão lógica, e não totalmente compreensíveis para a razão humana;
4.     A imaginação é a base da compreensão afim, por meio da qual podemos penetrar os sentimentos dos outros homens e comunicar-lhes os nossos. A imaginação Material Segundo Gaston Bachelard
Ainda que as teorias de campo utilizem quantidades, vetores e tensores, no fito de descrever regularidades e anomalias materiais, e EINSTEIN as reverenciasse como "maior contribuição ao espírito científico", o gênio só chegou à Relatividade pela produção filosófica, porém fruto de sua imaginação, não um daqueles palimpsestos gregos que passavam de mãos em mãos já há 2.400 anos. EINSTEIN não precisou se valer da matemática para concebê-la, muito menosqualquer empirismo, até porque  assentado em mísero escritório de registro de patentes.
“Não descobri a Teoria da Relatividade apenas com o pensamento racional”.
As pessoas não levam a sério tais declarações; mas Einstein falou sério. Ele sabia que a criatividade era importante. Agora, quase cem anos de pesquisas sobre criatividade estão mostrando que os cientistas também dependem da intuição. Eles também dependem de visões criativas para desenvolver sua ciência. Nem tudo é racional, matemático; nem tudo é pensamento racional. Não há motivo para a Física ser matemática. O Universo desconhece números. Por isso, e não poucas vezes, o revolucionário cientista frisou ser a imaginação mais importante que o conhecimento. Neste caso, refutava o endeusado MACH, e a flamante escola positivista, que de fato ruiu espetacularmente, malgrado ainda durar uma geração para seus principais ocupantes evacuarem, e cuja extensão ainda requer algum lapso para que, de tantos aposentos, tantos hóspedes possam se evadir sem maiores ferimentos. Entre esses afluentes, sobressaem-se os abrigados sob a pecha das humanas, mais construtores de autômatos do que de gente.
Nas ciências humanas, não basta, pois, como acreditava Durkheim, aplicar o método cartesiano, por em dúvida verdades adquiridas e abrir-se inteiramente aos fatos, pois o pesquisador aborda muitas vezes os fatos com categorias e pré-noções implícitas e não conscientes que lhe fecham, de antemão, o caminho da compreensão objetiva.
DEWEY, (p.205) compôs a prece, ainda no primeiro quarto do XX:
Quando a filosofia vier a cooperar com o curso dos acontecimentos e tornar claro e coerente o significado dos pormenores diários, a ciência e a emoção hão de interpenetrar-se, a prática e a imaginação hão de abraçar-se.
Ela atravessou algumas gerações, e nada. Os estudantes de 1968 reiteraram, em plena Sorbonne: "É preciso que a imaginação chegue ao poder!" O ocidente, contudo, permanece na sala-de-espera: "Estão faltando imaginação e criatividade aos diplomatas para destravar as conversas*." (Luiz Olavo Baptista, Pres. do Tribunal de Apelações da Organização Mundial do Comércio*)
A Filosofia em geral, especificamente a Epistemologia, a Teoria do Conhecimento e a Filosofia da Ciência têm lançado férteis reflexões sobre a natureza, os limites e possibilidades do conhecimento científico, a enorme quantidade de correntes à ilusão, mas por não produzir elementos palpáveis, e com carreira profissional bastante restrita, ela ainda permanece relegada como estéril, subestimada. O preço recai em todas as produções. A Economia padece como nunca, e não encontra solução nas mais modernas máquinas financeiras, nem em bibliotecas, tampouco nos museus.
As atitudes tomadas pós-crise pelo país-modelo EUA já confirmam que manterão a política monetária semelhante à anterior, mas usando uma dose muito maior, ou melhor, uma overdose monetária. A dupla Bernanke/Obama fará inveja a dupla que os antecederam, aliás, já estão fazendo, e os números de emissão e déficit público são imagináveis. ALMEIDA, Econ. Luís Carlos Barnabé, www.cofecon.org.br
O Direito, pobre Cícero, encontra-se de tal modo desacreditado que nem mais sofista ou estóico é capaz de recuperá-lo**.
“O organicismo ético e idealista cultivou-o a escola histórica, sobretudo a concepção de Savigny acerca do espírito popular - o Volksgeist - tomado como fonte histórica, costumeira, tradicional, geradora de regras e valores sociais e jurídicos” (BONAVIDES, P. 57)
A Psicologia, esta que se arvorou em destrinchar os bilhões de pontos eletrônicos que mantemos no cérebro como se fossem localizados em departamentos estanques, perfeitamente identificáveis, por meio de algumas coincidências e outras tantas saliências porta alguma serventia, em virtude de seus arautos já cruzarem por mares nunca dantes navegados. Sua atuação, contudo, faz-se perigosa, porque estratégica, ainda que não menos do que suas primas citadas:“A ciência política opera com material humano e os fundamentos do poder e da obediência são de natureza psicológica.” (HERAS, Jorge Xifra, Introdución à la Política, Curso de Derecho Constitucional, 2. ed., Barcelona; cit. BONAVIDES, Paulo, Ciência Política:51)
A História costuma ser composta a partir do presente, porque o passado já foi trilhado e esmiuçado, de modo que presumem seus investigadores que nada de novo pode haver no front.
Do modo que, a quem examinar com cuidado os acontecimentos do passado, será fácil prever em cada Estado o que o futuro reserva e aplicar os remédios usados pelos antigos, ou se eles não usaram, arranjar novos fundados na semelhança dos acontecimentos. COMTE, A., cit. OLIVA Alberto, Entre o Dogmatismo Arrogante e o Desespero Cético: 83.
Ledo engano, o mais crasso dos equívocos. A ciência histórica não se faz adjacente a datas estanques, senão que de enredos, de conseqûências, e não apenas de causas, e por isso, o carma cruza as eras incólume, sem que niguém estabeleça seus mais completos liames.
O problema é ao mesmo tempo distinguir os acontecimentos, diferenciar as redes e os níveis a que pertencem e reconstituir os fios que os ligam e que fazem com que se engendrem, uns a partir dos outros. FOUCAULT, M. , Microfísica do Poder: 5
Mercê dos imensos gaps ensejados pelas meras contabilidades cronológicas, a História se produz fracionada, por isso mutilada, e, portanto, quase imprestável, exceto por óbvios registros. Com a continuidade dos mesmo hábitos, porque não identificados, como auferir resultado diverso do costumeiro impasse?
Quatro séculos depois de Descartes, enorme contingente médico ainda mantém o método dominante e centrado numa abordagem hospitalocêntrica, curativista e verticalizada. A Medicina tem logrado formidáveis saltos, mas em suas hostes há essas disparidades. De um lado, há uma enorme resistência contra aqueles que adquirem conhecimentos fora dos quadros-negros, entre os quais o chinês, provado eficaz em incontáveis casos, mas, rechaçados em prol de uma reserva de mercado:
No contexto atual, o pensamento dos profissionais de saúde está voltado para considerar conhecimento como aquilo cientificamente comprovado, aquilo que a literatura afirma como verdade, muitas vezes se opondo ou desprezando o senso comum, passando a negar ou tratar como erro o modo como as pessoas comuns, do saber popular, entendem e explicam o mundo, a criar abismos epistemológicos questionáveis. Muito antes de a farmacologia moderna desvendar cientificamente a ação da cafeína sobre o sistema nervoso central (SNC), especialmente seu efeito estimulante, as comunidades indígenas da Amazônia se beneficiavam das propriedades desta substância no alívio da fadiga, através do emprego do guaraná, sem necessariamente compreender sua composição química ou outras possibilidades terapêuticas.

Senso comum, ciência e filosofia - elo dos saberes necessários à promoção da saúde - http://br.monografias.com/trabalhos903/ciencia-filosofia-saude/ciencia-filosofia-saude.shtml
Por outro, com o advento das sensacionais descobertas de DNAs, biologia molecular, nanotecnologia, ressonâncias, etc,  a medicina é a primeira obrigada a deixar ao largo a enorme corrente, ir além das meras e costumeiras exumações de cadáveres. O filósofo brasileiro Alfredo Pereira (Unesp-Botucatu), por exemplo, como vários pesquisadores, propõe estudar o comportamento dos neurônios (as células em nosso cérebro) a partir da física quântica.
Em qualquer caso, exceto talvez na Física, justamente naquela que se presumia a mais exata, o que anda faltando em todas as ciências, especialmente nas humanas, e em caráter urgente nas políticas, é este algo que adquirimos até mesmo antes de nascer; portanto, não requer sequer escola: a imaginação!
*"Para ter relevância na economia global, o Brasil precisa superar o arcaísmo nas suas leis..." ( Veja, 19/12/ 2008: 11)
**A sofística, ocorreu nos últimos cinquenta anos do século V,. Trata-se de modo educacional. "Os sofistas são professores que vão de cidade em cidade procurando audiência e que, por um preço conveniente, ensina-a a se destacar, através de lições de ostentação e de vários cursos e métodos cujo objetivo é tornar vencedora uma tese que eles querem que seja aceita. A pesquisa e promulgação da verdade é substituída pela busca do sucesso, baseando-se na arte de convencer, de persuadir e de seduzir. É a época onde a vida intelectual – cujo centro está na Grécia continental, toma a forma de competição e de jogo – uma forma polêmica, muito familiar à vida grega." (www.consciencia.org/sofistasbrehier.shtml)