terça-feira, 31 de março de 2009

O socialismo de Adam Smith


O Liberalismo pode encontrar algumas de suas raízes no humanismo que se iniciou com a contestação da autoridade das igrejas oficiais durante a Renascença, e com a facção Whigs da Revolução Gloriosa na Grã-Bretanha, cuja defesa do direito de escolherem o seu próprio rei pode ser vista como percussora das reivindicações de soberania popular. Wikipédia

Eu sustento, por minha vez, que o excepcional, que a originalidade extrema do povo inglês radica em sua maneira de tomar o lado social ou coletivo da vida humana, no modo como sabe ser uma sociedade. Nisto sim é que se contrapõe a todos os demais povos e não é questão de mais ou de menos. Talvez, no tempo próximo, se me ofereça oportunidade para fazer ver tudo que quero dizer com isto. GASSET, José Ortega Y, Rebelião das massas

Afinal, parece ter-se cristalizado, na opinião pública e em muitos círculos intelectuais, a idéia de que o socialismo, se ainda tiver algo a dizer, só o fará se embebido das grandes e boas tradições do liberalismo WALQUIRIA DOMINGUES LEÃO DO RÊGO

Por milenar condensação ideológica a opinião pública  resiste,  mas nos círculos intelectuais chega a ser incompreensível a morosidade da assimilação - afinal há séculos ADAM SMITH preconizou pelo óbvio:
O esforço natural de cada indivíduo para melhorar suas própria condição constitui, quando lhe é permitido exercer-se com liberdade e segurança, um princípio tão poderoso que, sozinho e sem ajuda, é não só capaz de levar a sociedade à riqueza e prosperidade, mas também de ultrapassar centenas de obstáculos inoportunos que a insensatez das leis humanas demasiadas vezes opõe à sua atividade.
SMITH, Adam,
cit. DOWNS: 56
O desenvolvimento social só é possível mediante iniciativas individuais..
Os interesses dos indivíduos se compensam entre si e o produto final coincide com o interesse da comunidade. Em outras palavras, a consciência do indivíduo é árbitro e condutor tanto do interesse público quanto do privado que não é obra do acaso.  TOCQUEVILLE, 1997: 18
Eis o pleito da modernidade:
O terceiro princípio vital para a política do amanhã visa a quebrar o bloqueio decisório e colocar as decisões no lugar a que pertencem. Isso, que não é simplesmente um remanejamento de líderes, e o antídoto para a paralisia política. É o que chamamos de ‘divisão de decisão’. CHARDIN, Teilhard, cit. FERGUNSON, N.: 48
* * *

Meu caro Sr. Smith, tem paciência; tranquiliza-te; mostra-te na prática tão filósofo como és na profissão; pensa na vacuidade, aridez e futilidade dos juízos comuns dos homens: como são poucos governados pela razão, notadamente nas questões filosóficas, que tanto excedem a compreensão do vulgo. Voltaire, cit. Stewart, D., in Smith, Adam, Teoria dos Sentimentos Morais: XLVI., em carta ao escocês endereçada
O que melhora as circunstâncias da maior parte nunca pode ser considerada como uma inconveniência para o todo. Nenhuma sociedade pode ser florescente e feliz, dos quais a parte muito maior dos membros são pobres e miseráveis. A Riqueza das Nações, Livro I Capítulo VIII
Poderíamos divisar o célebre liberal com a comenda surreal? Responde-nos BOBBIO. ( Locke e o Direito Natural: 197)
Adam Smith só não se qualificou como anticapitalista porque o século XVII era basicamente capitalista, mas sua posição a respeito da ideologia e da prática capitalista era marcada por boa dose de ceticismo. As idéias de Humbolt e de Smith se relacionavam com a tradição socialista-anarquista - a crítica libertária de esquerda ao capitalismo. Tudo isso foi pervertido de forma grosseira, ou simplesmente esquecido, na vida intelectual moderna; no entanto, penso que todas essas idéias derivam diretamente do liberalismo clássico do século XVIII.  
ROSSELI (p. 128) compreenderia o aparente paradoxo:
O socialismo nada mais é do que o desdobramento lógico do princípio de liberdade, levado às suas conseqüências extremas. Compreendido na acepção mais substancial, e julgado pelos resultados, o socialismo – movimento de emancipação concreta do proletariado - é o liberalismo em ação, a liberdade que se apresenta aos pobres.
GOBETTI (cit. RÊGO, W.D.L.: 73) aderiu a GAETANO MOSCA, CARLO ROSSELI e BENEDETTO CROCE: “O socialismo é a mais ativa das idéias com as quais temos operado na realidade com o impulso da autonomia; e também um dos maiores fatores de liberdade e liberalismo no mundo moderno.” Para maior conforto,  o economista premiado Nobel A. SEN (p.191)  ratifica. "Eu acho que o Adam Smith é um economista de esquerda; os líderes da Revolução Francesa eram grandes discípulos de Adam Smith." (O Estado de S. Paulo, 23/7/2000: B9).
Precisamos começar observando que Smith era profundamente cético quanto aos princípios dos ricos - nenhum autor (nem mesmo Karl Marx) criticou com tanta veemência as motivações dos economicamente privilegiados contra os interesses dos pobres. SEN :191
 ANTHONY GIDDENS (2000: 48): "Por exemplo, os defensores de filosofias de livre mercado eram vistos no século XIX como na esquerda, mas hoje são normalmente situados na direita.” A "direita"  tratou de eliminar a "subversão", em nome da ordem e do progresso de todos:
Para Lukács, o liberalismo – que se inspirava na doutrina econômica clássica; que supunha suficiente a garantia de liberdade jurídico-formal para ação do homo economicus engendrar automaticamente um estado social e cultural de felicidade – foi desmoralizado, na prática, pela intervenção do Estado na vida econômica, pelo contrôle alfandegário, pelo protecionismo e sobretudo pelos monopólios.  KONDER, 1980: 80
O colosso marxista requer a mão visível do Brucutú. Sem ela MARX não tem sentido:
Enquanto os direitos de liberdade nascem contra o superpoder do Estado - e, portanto, com o objetivo de limitar o poder - os direitos sociais exigem, para sua realização prática, precisamente o contrário, isto é, a ampliação dos poderes do Estado. BOBBIO, Norberto, A Era dos Direitos: 72
Esquerdistas de vanguarda, finalmente, recebem a luz do novo milênio; por sinal, a mesma daquele passado em tela:
Ao destacar os limites de um liberalismo que tangencia, mas nunca incorpora devidamente, o socialismo, Perry Anderson deposita suas esperanças em um marxismo renovado, capaz de aprofundar, em seu projeto de socialismo, os valores e as instituições da democracia liberal. Afinidades seletivas; Seleção e apresentação, EMIR SADER; tradução, Paulo Cesar Castanheira. - São Paulo : Boitempo, 2002; cit. MUSSE, Ricardo, Um marxismo renovado; Folha de São Paulo. 9/11/2002.
M. FERGUNSON (p. 181) há meio século já apontava: “A idéia de que a harmonia social decorre em última análise do caráter do indivíduo aparece através de toda a História.”
A participação de todos no sistema liberal não significa  igualdade de rateio, mas a excelência social. Depende do agente calibrar o grau de sua contribuição, de acordo com suas expectativas, os valores que cada um privilegia.
Houve uma ruptura mundial com a tradição do ‘fordismo’, na qual a produção em massa reinava suprema e os trabalhadores individuais eram um fator de custo a minimizar. A nova abordagem da manufatura valoriza o indivíduo e as equipes de trabalhadores qualificados, constantemente treinados, capazes de assumir responsabilidades, de usar redes e de se organizarem em regime de autogestão os empregados terão, graças ao aumento de seus conhecimentos, uma fatia maior dos meios de produção. DERTOUZOS: 270
ADAM SMITH (Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações, vol. I.: 98) ofereceu a solução cento e cinqüenta anos antes de MARX, sem requerer nenhum confronto, muito menos mortandade:
Contudo, estas diferentes raças de animais, embora da mesma espécie, não têm praticamente qualquer utilidade umas para as outras. A força do mastim não encontra qualquer apoio na rapidez do galgo, ou na sagacidade do lulu, ou na docilidade do cão de pastor. Devido à falta da capacidade ou propensão para a troca, os efeitos destes diferentes talentos e faculdades não podem tornar-se num valor comum da espécie, e em nada contribuem para o seu melhor aprovisionamento ou maior conforto. Cada animal continua a ver-se obrigado a manter-se e defender-se a si mesmo, isolada e independentemente, e não tira qualquer vantagem da variedade de talentos com que a natureza dotou seus companheiros. Entre os homens, pelo contrário, as capacidades mais dissemelhantes são úteis umas às outras; os diferentes produtos dos seus respectivos talentos são, graças à predisposição geral para cambiar, permutar ou trocar, levadas, por assim dizer, a um fundo comum, onde cada homem pode adquirir aquelas parcelas da produção dos outros de que tiver necessidade.
GEORGE HERBERT MEAD (1863-1931, A filosofia do ato: 153; cit. ABBAGNANO: 29) e JOHN DEWEY bem souberam captar:
A comunidade fala-lhe com uma mesma voz, mas cada indivíduo fala partindo de um ponto de vista diferente; no entanto, estes pontos de vista estão em relação com a actividade social cooperativa e o indivíduo, ao assumir sua posição, encontra-se implicado, devido ao próprio carácter da sua resposta, nas respostas dos outros.
A natural difusão pode ser verificada nas interações subatômicas - “cada partícula ajuda a gerar outras partículas, as quais, por sua vez, a geram”:
A realidade física é concebida como uma teia dinâmica de eventos inter-relacionados. As coisas existem em virtude de suas relações mutuamente compatíveis, e tudo na física é tem de partir da exigência de preconceitos para modelos diferentes, sem dizer que é um mais que seus componentes sejam compatíveis uns com os outros. Chew escreve num de seus primeiros artigos: ‘Alguém que é capaz de olhar sem preconceitos para modelos diferentes, sem dizer que um é mais fundamental do que o outro, é, automaticamente, um bootstrapper.' Em outras palavras, essa filosofia bootstrap, ou filosofia de rede, leva a atitude de tolerância. CAPRA & STEINDHAL: 129
Tudo excede a padronização, a centralização, a concentração da energia, do dinheiro, do poder: "Essa nova civilização tem sua própria e distinta concepção de mundo, maneiras próprias de lidar com o tempo, o espaço, a lógica e a relação de causa e efeito." (ORMEROD,Paul, 1996: 194)
O novo Individualismo – a serviço do qual, quer queira, quer não, está o socialismo – será a harmonia perfeita. Será o que o Grego buscou, mas não pôde alcançar completamente, a não ser no plano das Idéias, porque tinham escravos, e os alimentava; será o que a Renascença buscou, mas não pôde alcançar completamente, a não ser no plano da Arte, porque tinham escravos e os entregavam à fome. Será completo e, por meio dele, cada homem atingirá a perfeição. O novo Individualismo é o novo Helenismo. WILDE, Oscar : 86
Há mais de meio apregoava o socialista BERTRAND RUSSELL (Ideais Políticos: 10)"Não um único ideal para todos os homens, mas um ideal diferente para cada homem é o que deve ser alcançado, se possível." "Isto faz dos seres vivos elementos numa vasta rede de inter-relações que abarca a bioesfera de nosso planeta – que em si mesma é um elemento interligado dentro das conexões mais amplas do campo psi que se estende pelo cosmos." (LASZLO: 198)
Do lado da sociologia, sabe-se que mesmo um autor como Luhmann acabou por se ver compelido a introduzir uma mudança radical no paradigma das relações entre a pessoa e o sistema social. Deixando de ser categorizada como mero ambiente do sistema social, a pessoa passa a valer, também ela própria, como sistema. A pessoa vê-se, assim, chamada - e legitimada - a desafiar permanentemente o sistema social, como fonte de 'contingência', 'irritação', mesmo desordem. De acordo com o 'novo paradigma luhmanniano', na construção de sistemas sociais, a complexidade opaca dos sistemas pessoais aparece como indeterminabilidade e contingência. Não sobrando para o sistema social outra alternativa que não seja 'interiorizar a complexidade' irredutível, emergente da pessoa. O que bem justificara a pretensão de apresentar a nova teoria de Soziale Systeme (1984) como uma Zwang zur Autonomie. ANDRADE, M.: 26
BRUNO LATOUR (Das Sociedades Animais às Sociedades Humanas; cit. WITKOWSKI: 207) apresenta sua contribuição:
Depois do livro do americano Edward O. Wilson, Sociobiology e dos ensaios do inglês Richard Dawkins, os geneticistas das populações, assim como os especialistas em insetos sociais, procuraram compreender a organização social a partir dos interesses individuais. Não existe o formigueiro; só existem as formigas. Não existe a espécie; só existe o indivíduo. Falar de um sacrifício pelo grupo é, portanto, uma impossibilidade - pelo menos se estudarmos a evolução darwiniana dos caracteres sociais. Era preciso repensar a sociedade animal como a resultante do cálculo dos indivíduos e não mais como um vasto sistema dentro do qual os animais nascem e morrem. Esta revolução entre os animais assemelha-se às revoluções que as ciências políticas conheceram duzentos anos antes.
“Ninguém duvida de que os indivíduos formam a sociedade ou de que toda sociedade é uma sociedade de indivíduos.” (ELIAS, A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1994: 16)
Existe uma acentuada complementariedade entre a condição de agente individual e as disposições sociais: é importante o reconhecimento simultâneo da centralidade da liberdade individual e da força das influências sociais sobre o grau e o alcance da liberdade individual. Para combater os problemas que enfrentamos, temos que considerar a liberdade individual um compromisso social. Essa é a abordagem básica que este livro procura explorar e examinar. A expansão da liberdade é vista, por essa abordagem, como o principal fim e o principal meio do desenvolvimento. O desenvolvimento consiste na eliminação de privações de liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente sua condição de agente. SEN, A. 2000:10-
"O capitalismo é essencialmente produção de massa para preencher as necessidades das massas. Mas Marx sempre trabalhou sob a concepção enganosa de que os trabalhadores estão labutando para o benefício exclusivo de uma classe alta de parasitas ociosos." (MISES, L., Teoria e História .- A luta de classes)
O que as viúvas de MARX de fato não podem admitir é que tanto as teorias de EINSTEIN, quanto as de ADAM SMITH e JOHN LOCKE são tão ou mais socialistas do que as suas:
Mas a implicação geral da teoria do equilíbrio competitivo é que o papel do governo deve ser o menor possível e um setor público pequeno implica que os custos de manutenção serão pequenos, assim como os impostos necessários para financiá-los. Na medida do possível, segundo esse modelo, as funções do Estado devem desaparecer. Para melhor servir aos interesses do povo, não deveria existir Estado. Essa é, evidentemente, uma conclusão muito semelhante aquela a que Karl Marx chegou em seus escritos políticos: sob a ótica do socialismo, o Estado desapareceria. Pode parecer irônico que o modelo econômico do livre-mercado afirme que, sob o capitalismo de livre-mercado esse fenômeno também deve acontecer; mas existem mais semelhanças do que se poderia imaginar entre a teoria econômica de uma sociedade socialista e a teoria econômica de uma sociedade baseada exclusivamente na livre iniciativa. ORMEROD, PAUL, 1996: 86
Veja
.
Marxismo Neoliberal



Bibliografia



segunda-feira, 30 de março de 2009

O neoliberalismo de Einstein


A liberdade é uma necessidade
fundamental para o desenvolvimento
dos verdadeiros valores. EINSTEIN,
O pensamento de Einstein sobre as grandes questões do momento foi sendo parcialmente captado, em pequenas porções, às vezes mesmo em parcas gotas. Mas o resultado foi alcançado. Einstein não é mais o pensador isolado e solitário. Suas idéias e opiniões circulam. O eremita volta de sua tebaida e espalha suas palavras entre os homens do século. PAIS, ABRAHAM, Sutil é o Senhor: a ciência e a vida de Albert Einstein: 367,
DESDE as priscas eras espartanas sóem aparecer mosqueteiros empunhando a tocha do coletivismo. É a maior atochada. Ela ilumina apenas o exibicionista. O socialismo só pode ser admitido se houver a participação, ou seja, a responsabilização de cada ser componente do tecido social. É o átomo que forma a molécula. É o cidadão que compõe a sociedade.
A comunidade fala-lhe com uma mesma voz, mas cada indivíduo fala partindo de um ponto de vista diferente; no entanto, estes pontos de vista estão em relação com a actividade social cooperativa e o indivíduo, ao assumir sua posição, encontra-se implicado, devido ao próprio carácter da sua resposta, nas respostas dos outros. HERBERT, A filosofia do ato: 153; cit. ABBAGNANO: 29
Se por ética, interesse, justiça, eficácia ou ventura ainda desejamos algum socialismo, melhor ele vir por free-way.
Universo Neoliberal
Durante longo tempo o ideal do conhecimento científico foi aquele que Laplace havia formulado com sua idéia de universo totalmente determinista e mecanicista. Segundo ele, uma inteligência excepcional dotada de uma capacidade sensorial, intelectual e computacional suficiente poderia determinar qualquer momento do passado e qualquer momento do futuro. É essa visão pueril e talvez louca do mundo que está prestes a desmoronar, mas ela ainda reina, e efetivamente excluiu todo o problema da reflexividade. MORIN, Edgar 2000: 32
VERNON ROWLAND (TELLES JR., GOFFREDO, O Direito Quântico: 48/56), da Case Western Reserve University, constata a mais prosaica impropriedade contábil-cartesiana:
O todo é maior do que a soma de suas partes. A cooperação parece ser uma chave; quanto mais complexo um sistema, maior seu potencial de autotranscedência... Na verdade, nem o corpúsculo, nem o campo é a coisa fundamental. Ambos, em igual medida, são aspectos da matéria. São as duas formas fundamentais e primárias da matéria como tal. A estrutura da partícula é um reflexo de suas interações.
"O núcleo do novo paradigma é o reconhecimento de que a ciência moderna confirma uma idéia antiga - a idéia de que consciência, e não matéria, é o substrato de tudo que existe." (GOSWAMI, Amit )
Malgrado ainda campear certa ignorância espraiada, não há escapatória. A microequação E=MC2 simplesmente arrasa o mico marxista, e muito mais: posto a matéria intrínseca ser energia, porque atômica, o materialismo não possui, sequer, objeto.
* * *
EINSTEIN
chegou a expressar preferência pelo socialismo, porque coadunado com seu método de trabalho e com sua própria vida, aí incluindo amigos e inimigos, razão primaz da perseguição nazista.
Físicos, todavia, raramente visitam fontes humanistas, e o gênio não foi exceção. Mercê do excepcional senso intuitivo, por felicidade ele prescindiu dos conceitos filosóficos, com isso se livrando das artimanhas platônicas, e por extensão, marxistas. Seria mesmo uma antinomia:
"O que impulsionou o autor de O Capital a decretar ‘uma verdadeira capitulação da liberdade face à necessidade foi a ambição de erguer a sua ‘ciência’ ao nível da ciência natural, cuja categoria fundamental era ainda a necessidade." (ARENDT, A., On Revolution, 1963, cit. GIORELLO: 243)
A Relatividade e a Quântica apresentam amplitude incompatível com a restrição aferida por essa parca "ciência social".
Enquanto os direitos de liberdade nascem contra o superpoder do Estado - e, portanto, com o objetivo de limitar o poder - os direitos sociais exigem, para sua realização prática, precisamente o contrário, isto é, a ampliação dos poderes do Estado. BOBBIO, Norberto, A Era dos Direitos: 72
EINSTEIN (cit. BRIAN: 50) não se cansou de bater na tecla predileta de BOBBIO e do pioneiro liberal J. LOCKE: "O mais importante tipo de tolerância é aquele da sociedade e do Estado para com o indivíduo. Quando o Estado se transforma na coisa principal, e o homem no seu instrumento frágil e sem vontade, os valores mais altos estão perdidos."
Para mim, o elemento precioso nas engrenagens da humanidade não é o Estado, é o indivíduo, criador e sensível, a personalidade; é só ela que cria o nobre e o sublime, enquanto a massa permanece estúpida de pensamento e estreita nos sentimentos EINSTEIN, Albert, cit. ALMEIDA, M. O., A Ação Humana e Social de Einstein: 65; TRATTNER: 75
MAURICE SOLOVINE (cit. idem: 50) primeiro aluno particular, depois tornado um dos melhores amigos, endossa:"A primeira e definitiva impressão que Solovine teve de Albert Einstein, além da extraordinária radiância de seus grandes olhos, foi de ‘um grande liberal’, um espírito iluminadíssimo."
Piratas nazistas ou bolcheviques não poderiam mesmo saber, ou, mais exato, não se interessaram em entendê-lo. A farsa soviética era incompatível com a verdade:
A Teoria da Relatividade foi condenada, não porque (como na Alemanha Nazista) Einstein fosse judeu, mas por razões igualmente irrelevantes: Marx havia dito que o Universo era infinito e Einstein havia tirado certas idéias de Mach, proscrito por Lênin. Por trás de tudo estava a desconfiança de Stálin de qualquer idéia remota associada a valores burgueses. Ele estava levando adiante aquilo que os comunistas chineses mais tarde chamariam de Revolução Cultural - uma tentativa de mudar, por decreto e uso da polícia, as atitudes humanas fundamentais em relação a uma gama de conhecimentos. JOHNSON, PAUL: 381
As razões, todavia, não eram irrelevantes; pelo contrário:“Moscou, o quartel-general do ateísmo, viu na Teoria da Relatividade incompatibilidade entre ela e o materialismo soviético fundamentado no marxismo.” (MONTEIRO, IRINEU, Einstein - Reflexões Filosóficas: 84)
O cisco caia nos pés dos carrascos, era empurrado para baixo do tapete, mas a máscara científica se dissolvia como açúcar:
Na União Soviética, do tempo de Lenine, se fez grande silêncio sobre a teoria de Einstein, porque os pontífices do Governo haviam declarado que o átomo não podia ser dividido, por ser a base da matéria, e sem matéria não haveria materialismo, um dos pilares do comunismo. ROHDEN, HUBERTO, Einstein - O Enigma do Universo: 56
Para completar, a láurea de um Nobel foi concedida a LENARD & STARK em função da crítica formulada à Relatividade como típico produto judaico, fato marcante, ao sabor de nazis e bolcheviques:
"O partido comunista russo condenou a teoria de Einstein como sendo 'reacionária por natureza, fornecendo suporte para idéias contra-revolucionárias e também o produto da classe burguesa em decomposição'.” (New York Times, de 16/11/ 1922; cit. PAIS, A. 1997: 185)
Mas se não serviria o rótulo comunista a EINSTEIN ou a BORN, muito menos ser-lhes-ia apropriado a ridícula pecha de reacionários, nem a BOHR, tampouco a EDDINGTON, como gostaria STÁLIN. O Grande Relativo também condenava o totalitarismo sob qualquer matiz - soviético, fascista, nazista, ou envergonhado assemelhado: “Todos devemos montar guarda contra tiranias de esquerda e direita.” (EINSTEIN, A., cit. LEVENSON: 363).
"Einstein, apesar de sua falta de simpatia pela Inglaterra, ainda prefere que a Inglaterra vença ao invés da Alemanha; a Inglaterra saberia melhor como deixar o resto do mundo viver." (De um artigo não publicado sobre tolerância, 1934; 1998: 216).
Deixou-nos este relato o pacifista ROMAINS ROLLAND, pronunciado por EINSTEIN em 1915, portanto no curso da Primeira Grande Guerra. Antes da Segunda, EINSTEIN emigrou para os EUA.
Mesmo que inconsciente, até por não conhecê-la na essência, não ligá-la com suas postulações físicas porque dedicado à investigação cosmológica, o sagaz cientista sempre preferiu a filosofia liberal, o laissez-faire, o “deixar viver” que a todos interessa, único paradigma político-econômico que condiz com seu criativo trabalho.
Só o indivíduo isolado pode pensar e por conseqüência criar
novos valores para a sociedade, mesmo estabelecer novas
regras morais, pelas quais a sociedade se aperfeiçoa.

EINSTEIN, Albert
Seria EINSTEIN, dessarte, um porta-voz do liberalismo tão autêntico quanto o foram seus maiores expoentes, LOCKE, TOCQUEVILLE & SMITH?
A resposta é positiva, de novo. Muito embora reunir física com filosofia, matemática com letras possa parecer um tanto complexo, ainda assim é perfeitamente possível estabelecer o liame epistemológio de todos.
O desinteresse na assimilação
"Todo o mundo sabe que Einstein fez algo assombroso, mas poucos sabem, ao certo, o que foi que ele fez”. (Cits. FILLIPI, Marco Antônio, O Maior Cientista do Século XX: O Homem e o Gênio, Einstein por Ele Mesmo: 112)
O renomado mestre caseiro, jurista, filósofo e sociólogo até então ultrapositivista Pontes de Miranda ( cit. MOREIRA, Ildeu de Castro & VIDEIRA, Antonio Augusto Passos Org.: 103) sentiu-se ameaçado. A tese einsteniana colocava por terra o determinismo jurídico tão caro às ditaduras mais ou menos explícitas. O letrado acabou se deixando seduzir pelo “canto da sereia”, e cometeu a majestosa gafe científica ao tentar colocar em xeque, à priori, a Teoria da Relatividade, como se uma mera ponte de mirante, ainda que a mais magestosa, pudesse ser mais bela do que a própria paisagem: “O espaço encurva-se à mercê da matéria ou a matéria cria o espaço? Espaço, tempo e matéria são entidades distintas ou são abstrações? Qual dos dois é dependente, o espaço ou a matéria? Qual o formador e qual o formado?”
Data venia, Herr Einstein, a Teoria da Relatividade não considerou as implicações metafísicas das hipóteses que aventa. Das ciências físicas até as ciências jurídicas a diferença, saiba, é de grau. A Física mantém um pacto com o mundo da sociedade também, e é pacto que tira e põe, mas não deixa intacto o que estava. A questão é tanto mais delicada quanto a afirmação de não se poder alegar o erro e a de se exigir a capacidade objetiva e o além da capacidade objetiva, que leva a argumentos a favor de uma e de outra opinião. Falta na Teoria da Relatividade o conhecimento, a informação de que não é só o mundo em si, an sich, de que ela trata. Há de se ver que nas suas conseqüências, falta o desdobramento de um mundo para nós, für uns...
A elite tupiniquim delirava diante de tal brilho. O cientista sorria e mantinha silêncio. Quando acabou o discurso, com a contestação quase unânime à Teoria da Relatividade naquele tribunal, o físico se levantou, e como a se despedir, entregou a um dos acadêmicos um papel onde se lia:
"Die Frage, die meinen Kopf entsprang, hat Brasilien sonniger Himmel beantwortet"
(A questão, que minha mente formulou, foi respondida pelo radiante céu do Brasil.)
Berço Liberal
Foi igualmente pela recusa do dualismo cartesiano, e pela defesa da observação e da análise contra o espírito sistemático, que Locke se impôs como 'mestre da sabedoria' aos filósofos franceses do século XVIII.(CHÂTELET: 228)
O mentor de JOHN LOCKE (carta a THOMAS POOLE. - Cit. BRETT, R. L.: 109, no exemplo mais notável, discordava frontalmente do incomparável NEWTON, algo que nem o famoso afilhado ousou. Sua intuição, porém, era forte:
Newton é um mero materialista. Em seu sistema o espírito é sempre passivo, espectador ocioso de um mundo externo... há motivos para suspeitar que qualquer sistema que se baseie na passividade de espírito deve ser falso como sistema.
Embora não haja um estabelecimento de uma conexão direta, pode-se afirmar, com segurança, que o protótipo da relatividade surgiu justamente pelas ciências humanas, através dos trabalhos complementares de SPINOZA, SHAFTESBURY, LOCKE, QUESNAY, SMITH, MONTESQUIEU e TOCQUEVILLE: "A ideologia política do liberalismo originou-se de um sistema de idéias fundamentais que foram, inicialmente, desenvolvidas como teoria científica, sem qualquer significação política." (MISES, L. 1987: 158)
Por isso não é de estranhar que muitos universitários ainda imaginem Einstein como uma espécie surrealista de matemático, e não como descobridor de certas leis cósmicas de imensa importância na silenciosa luta do homem pela compreensão da realidade física. Eles ignoram que a Relatividade, acima de sua importância científica, representa um sistema filosófico fundamental, que aumenta e ilumina as reflexões dos grandes epistemologistas - Locke, Berkeley e Hume. Em conseqüência, bem pouca idéia têm do vasto universo, tão misteriosamente ordenado, em que vivem. BARNETT, Lincoln, O universo e o Dr. Einstein. Tradução de José Reis. - 2. ed. - São Paulo: Melhoramentos: 12-
-Assim falava JOHN LOCKE (Ensaios sobre a lei da natureza, cit. BOBBIO, N., 1997: 138):

a) Enquanto as idéias matemáticas podem ser expressas por meio de sinais sensíveis, imediatamente claros aos nossos sentidos, as idéias morais só podem ser expressas por meio de palavras, que são signos menos estáveis e exigem interpretação;
b) As idéias morais são mais complexas do que as matemáticas, daí a maior incerteza dos nomes com que são designadas e a dificuldade em aceitá-las todas de uma vez.
A Teoria da Separação de Poderes sempre foi alvo de sucessíveis ataques, em contestação, e até adulteração, ou subversão, em quase todos os países do globo. As Nações eram empacotadas com estratégias totalitaristas mais ou menos sociais, sindicalistas, utilitaristas, trabalhistas; em uma palavra, vigaristas:
A política do governo prussiano de reprimir ao invés de cooptar o movimento operário levou ao surgimento de um poderoso partido social-democrata revolucionário, que se tornou um modelo para os trabalhadores de toda a Europa. O PSD alemão foi imitado pelos franceses, belgas e italianos. Os movimentos trabalhistas holandês, escandinavo, suíço e americano seguiram os passos do movimento alemão. Oradores eram convidados de honra nos sindicatos que aconteciam em toda a Europa Ocidental e Estados Unidos. Os movimentos operários russo e eslavo também se inspiraram no alemão, e a segunda Internacional Comunista estava sob a liderança reconhecida do partido alemão. Suas filiações ultrapassavam 1 milhão em 1912; nos sindicatos, dois e meio milhões. SCHWARTZ, J., O Momento Criativo - Mito e Alienação na Ciência Moderna: 130
Os domínios mais explorados serão aqueles em que os dados quantitativos ou quantificáveis são mais abundantes. Daí todos os estudos compreendidos em matéria de voto, de participação eleitoral e de opinião publica. Daí a amplidão das pesquisas sobre os partidos políticos, os grupos de interesse e os processos de tomadas de decisões (decision-marketing). Essa 'tirania de instrumento' explica, em boa parte, a 'desigual penetração behaviorista'. Na ciência política a voga do behaviorismo alcança seu apogeu nos anos de 1950. Mas a idade de ouro behaviorista está prestes a encerrar-se.
SCHWARTZENBERG, ROGER-GÉRARD, Sociologia Política: 26.
BERTRAND RUSSELL (cit. FADIMAN, C.: 266) condena a possibilidade, tantas vezes tornada realidade:
Surge um grave perigo quando esse hábito de manipulação com base em leis matemáticas é estendido ao nosso trato com seres humanos, uma vez que estes, diferentemente do cabo telefônico, são suscetíveis de felicidade e infortúnio, de desejo e aversão. Seria, portanto, lamentável que se permitisse que hábitos mentais apropriados e corretos para o trato com mecanismos materiais dominassem os esforços do administrador no plano da construção social.
Pois o principal matemático da civilização, o Professor Doutor Herr ALBERT EINSTEIN (cit. MONTEIRO: 51) preferiu respaldar o "Pai do liberalismo", como sempre. Preconceitos, pressupostos marcadamente deterministas, absolutistas por calculistas são tão imprópriosquanto a utopia, a ilusão, a impossibilidade:

O princípio criador reside na matemática; sua certeza é absoluta,
enquanto se trata de matemática abstrata, mas diminui na razão
direta de sua concretização.
Ora se tem certeza da incerteza:
"Os sistemas matemáticos não podem dar conta de todas as verdades matemáticas; haverá sempre um conjunto de axiomas que estará fora de seu sistema." (MARCONDES FILHO, Ciro A razão durante: o movimento como substância das fronteiras)
"Max Born também escreveu, para dizer que não entendia como era possível conciliar um universo totalmente mecanicista com a liberdade da ética individual. Um mundo determinista é, para mim, um mundo muito aborrecido.” (BRIAN: 374)
 A Divisão de Poderes e a Teoria da Relatividade
Abandonar a busca da realidade e do valor absoluto e imutável pode parecer um sacrifício. Mas esta renúncia é a condição requerida para se empenhar numa vocação mais vital - a procura dos valores que podem ser assegurados e compartilhados por todos, porque estão vinculados aos fundamentos da vida social. É uma busca em que a filosofia não encontrará rivais mas sim colaboradores em todos os homens de boa vontade. DEWEY, JOHN (1859-1952)

O tempo não é único, porque depende do espaço. E o espaço não é estanque, porque depende da matéria nele inserido.
Todo homem possui sua finalidade particular, de modo que mil direções correm, umas ao lado das outras, em linhas curvas e retas; elas se entrecruzam, se favorecem ou se entravam, avançam ou recuam e assumem desse modo, umas com relação às outras, o caráter do acaso, tornando assim impossível, abstração feita das influências dos fenômenos da natureza, a demonstração de uma finalidade decisiva que abrangeria nos acontecimentos a humanidade inteira. NIETZSCHE, F. W., Da utilidade e do inconveniente da História para a vida: 74
,
Nada é igual, muito menos absoluto, em nenhum lugar. Não existe a passagem do Tempo. Ele é fixo. Está lá, tanto quanto o espaço. Nos é que passamos por ele, tanto quanto a luz que cruza a atmosfera. Por isso somos nós que nos desgastamos, ao nele imprimirmos nossas eternas digitais. Ainda que a religião não acredite, e suplique pela "hora da nossa morte, amém", basta a concepção para jamais desaparecermos. Nossos olhos, como aqueles de GALILEU, é que precisam de lentes para enxergar além do horizonte.
Se exceto a velocidade da luz, tudo o mais de fato é relativo, isso também deve ser observado, e admitido, por qualquer organização, a começar pela circunstância de EspaçoTempo no qual se vê envolta:
O princípio da relatividade deve ser mais geral ainda - devemos procurar a diferença de tempo nas realizações biológicas e sociais, - o tempo local das espécies e dos grupos humanos. Isto nos poderá explicar muitos fenômenos que resistem às explicações atuais. Mas para conseguir tais fórmulas muito terá que lutar o espírito humano contra os preconceitos que o rodeiam e contra as obscuridades da matéria que irá estudar.
MIRANDA, Pontes de,
cit. MOREIRA: 103
Foi isso que determinou HANS KELSEN (p. 105) efetuar o espetacular reparo em sua Teoria Pura do Direito. Ao configurar a ligação da democracia (desde que liberal) com a relatividade, ele abandonou o princípio que lhe fizera famoso:
"A concepção metafísico-absolutista está associada a uma atitude autocrática, enquanto à concepção crítico-relativista do mundo associa-se uma atitude democrática."
Em seguida veio ninguém menos do que NORBERTO BOBBIO (Teoria Geral da Política: a Filosofia Política e as Lições dos Clássicos: 424)
A justificação da democracia, ou seja, a principal razão que nos permite defender a democracia como melhor forma de governo ou a menos ruim, está precisamente no pressuposto de que o indivíduo singular, o indivíduo como pessoa moral e racional, é o melhor juiz do seu próprio interesse.
Isso já dizia o mestre de todos:
Esta organização não pode ser abandonada à iniciativa dos governos: será alcançada quando os povos tiverem uma vontade firme e ativa, porque é renovação radical de todas as antiquadas tradições politicas. A compreensão e a vontade de resolver o problema estão-se generalizando. Acredito na influência de um individuo sobre outro e acredito no processo de seqüência e encadeamento entre os homens.
EINSTEIN, Albert, Fala Einstein sobra o futuro da humanidade, Folha da Manhã, 4/3/1949
CARLOS LACERDA(p. 50) de certa forma os repetiu:
"A democracia só é possível onde os homens, em sua maioria, tomam consciência da relatividade das soluções. Do contrário, o que domina é o sentimento, tipicamente totalitário, das soluções absolutas – ou absolutistas. "
Parece-me que o processo surpreendente de desafio à autoridade governante está absolutamente de acordo com a atmosfera geral da Revolução Liberal no mundo, a Segunda Revolução Gloriosa – que é uma Revolução contra uma classe ou um governo determinado, mas contra a própria idéia de governo e de sistema estatal hegemônico.
PENNA, O.M, 1997: 433
Por ironia, a própria ciência, pela matemática endeusada, deparou-se com a paradoxal impossibilidade da verdade absoluta:
"A Teoria da Relatividade Geral freqüentemente é considerada a derrota final do absolutismo." (RAY)
Infelizmente, nem tanto assim. Ela agoniza, mas é teimosa.
Ainda que o fascismo e o nacional-socialismo tenham sido destruídos enquanto realidades políticas na Segunda Guerra Mundial, suas ideologias não desapareceram e, direta ou indiretamente, ainda se opõem ao credo democrático.
KELSEN, HANS, A Democracia: 140
A nova ciência não interessa aos napoleões. Então, dê-lhe manter arranjos híbridos, social-democracias, keynesianismos, trabalhismos e sindicalismos. Nenhum quer entregar a chave do cofre a quem pertencem os depósitos. Por fora da realidade, todavia, ainda que objetivem escrevê-las, estão fadados ao retumbante insucesso:
O terceiro princípio vital para a política do amanhã visa a quebrar o bloqueio decisório e colocar as decisões no lugar a que pertencem. Isso, que não é simplesmente um remanejamento de líderes, e o antídoto para a paralisia política. É o que chamamos de ‘divisão de decisão’.
CHARDIN, Teilhard, cit. FERGUNSON, N.: 48
Por bizarro, a "política do amanhã" poderia ter sido a de ontem, há muito tempo:
O esforço natural de cada indivíduo para melhorar suas própria condição constitui, quando lhe é permitido exercer-se com liberdade e segurança, um princípio tão poderoso que, sozinho e sem ajuda, é não só capaz de levar a sociedade à riqueza e prosperidade, mas também de ultrapassar centenas de obstáculos inoportunos que a insensatez das leis humanas demasiadas vezes opõe à sua atividade.
SMITH, Adam, cit.DOWNS : 56
Se demoramos mais de tres séculos para conhecermos J. LOCKE; dois para entender ADAM SMITH, e um para EINSTEIN, não foi por falta de aviso. Há mais de meio apregoava o socialista BERTRAND RUSSELL (Ideais Políticos: 10):
"Não um único ideal para todos os homens, mas um ideal diferente para cada homem é o que deve ser alcançado, se possível."
"Isto faz dos seres vivos elementos numa vasta rede de inter-relações que abarca a bioesfera de nosso planeta – que em si mesma é um elemento interligado dentro das conexões mais amplas do campo psi que se estende pelo cosmos." (LASZLO: 198)
We can change. I hope.


Sobre a Bibliografia da Nav 's ALL


domingo, 29 de março de 2009

Marxismo Neoliberal


 .
Ninguém escreveu sobre o dinheiro tendo tão pouco no bolso. FRANCIS WHEEN,  biógrafo de MARX. 
* * *
 Só existe uma classe que pensa mais no dinheiro do que os ricos: são os pobres. Os coitados não pensam em mais nada. OSCAR WILDE 
 .
O DNA de MARX continha o vírus platônico em dose por demais elevada. O descendente judeu, filho de conselheiro de justiça, nasceu em Tréveris, capital da província alemã da Renânia (1818-1883). 
O companheiro Friedrich Engels (1820-1895) nasceu em Bremen, também na Renânia. Manchester hospedou sua família. Já na juventude, ele pode testemunhar o sofrimento operário justamente com as ações do pai, dono de uma insignificante indústria. Algoz e tirano, o velho Engels influenciou diretamente a obsessão; e o pequenino Friederich saiu a condenar, de plano, o sistema que lhe permitiu nascer. Em 1845, Engels publicou o que entendia como A Situação da Classe Operária na Inglaterra. Abraçado a seu par, Karl Henrich Marx, Friederich fundou uma associação “internacional” de operários, a Primeira Internacional Comunista. A parceria gerou A Sagrada Família, também de 1845, A Ideologia Alemã (1845-46) e o Manifesto do Partido Comunista (1848), tudo embalado na Internacional. Individualmente Engels também muito produziu,: Contribuição à Crítica da Economia Política (1859), A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1884), e seu trabalho mais conhecido - o Anti-Duhring (1878). Neste o germânico desenvolveu estudo sobre o papel da violência na história. Ironicamente este quadro propiciou o sucesso do cruel Georges Sorel e do fascista Mussolini, arqui-inimigo da ideologia comunista que professara, para não falar do semipatrício Hitler.
O comunismo ideal do confuso Engels ((cit. BOBBIO, Norberto, A Teoria das Formas de Govêrno: 169) todavia, beirava o sistema liberal-anárquico, autogovernado, nada mais nada menos do que o “abominável” laissez-faire, ideal a ser administrado sem centro nem hierarquia, no respeito à ética e ao direito natural, em última instância:
Sem soldados, gendarmes e policiais; sem nobres, rei, governadores, prefeitos ou juízes; sem prisões, processos, tudo segue seu curso normal. Todos os litígios e disputas são decididos pela coletividade dos que tem interesse no problema, pela genes ou pela tribo, ou então gentes singulares entre si. Embora os assuntos comuns fossem bem mais numerosos do que hoje (a administração comum a uma série de famílias, é comunal; o solo é propriedade da tribo - só as pequenas hortas são confiadas provisoriamente às administrações domesticas), não era necessário manter nem à sombra do nosso vasto e complicado aparelho administrativo. Os interessados decidem e, na maior parte dos casos, o costume secular já regulamentou tudo. Não pode haver pobres e necessitados: a administração comunal e a genes conhecem suas obrigações para com os idosos, os doentes e os órfãos de guerra.Todos são livres e iguais, inclusive as mulheres.
A Grã-Bretanha também tolerou a presença de Marx, corrido que já fora da Alemanha, da França por duas vezes e da Bélgica. Na grande ilha, ele pode bisbilhotar à vontade: “Foi isso que Marx fez quando passou dezessete anos estudando nos arquivos ingleses: examinou todos os 'materiais' disponíveis para montar seu 'método de investigação'.” (HAGUETTE, Teresa Maria Frota, Dialética, Dualismo Epistemológico e Pesquisa Empírica: 173)
Tinha Marx um mestre, então? Sim. A verdadeira compreensão de sua economia começa quando se reconhece que, como teórico, Marx foi discípulo de Ricardo, mas também no sentido muito mais significativo de que, com Ricardo, aprendera a teorizar. Marx sempre usou os métodos de Ricardo e cada problema teórico se lhe apresentava revestido das dificuldades que lhe ocorriam em seu profundo estudo de Ricardo e de suas sugestões, para investigações posteriores, que encontrava nos escritos do mestre. O próprio Marx reconhecia isto, em parte, embora, naturalmente, não admitisse que sua atitude para falar, diversas vezes, em excesso de população e de população excedente e, novamente, da mecanização que cria excesso de populações e vai então para casa tentar resolver o problema. SCHUMPETER, JOSEPH A., Capitalismo, Socialismo e Democracia: 32
BOHM-MAWERK (A Teoria da Exploração do Socialismo-Comunismo:3) apontou a esperteza:“Marx agravou o erro de Ricardo e sua falácia consiste numa seleção tendenciosa de evidências.”
DAVID RICARDO asseverava que a hipótese que apresentava era restrita ao seu país, mas o barbudo era liberal: “O marxismo também deve seu sabor científico à influência de Locke.” (RUSSELL, B., 2001: 312)
Quando LOCKE, RICARDO e SMITH admitiam fixar o preço da mercadoria considerando o valor da mão-de-obra avaliado por quem adquire, e não o tempo gasto para compô-la, não mostram, esses anglo-saxões, um viés mais socialista do que aqueles totalitaristas que do termo se apropriaram? A comparação pode ser considerada abusiva, ou fora de propósito? Vejamos, então, pelo lado do maniqueísta revolucionário, mesmo que não conclua a ligação direta, a falsidade dos propósitos:
Marx percebeu isso muito bem. Se ele vivesse hoje, entenderia que o que derrotou o marxismo ideologicamente foi a possibilidade de o trabalhador realmente participar do seu trabalho, coisa que ele, Marx, não achava possível. Se ainda existe algum marxista é porque ele não entende que a era da complexidade superou a lógica marxista. NOBREGA, CLEMENTE, 1996: 338

Se o capital e o trabalho são, em última instância, sinérgicos, como insistir nas políticas sindicalistas de confronto, apoiadas nos velhos paradigmas da luta de classes? ... e aquela mentalidade anti-empresarial apoiadas na crença do lucro como exploração e na teoria de que os ricos ficam mais ricos, enquanto os pobres ficam mais pobres? Enfim, como oferecer suporte lógico a teoria central da obra de Marx, qual seja, a da luta de classes e motor da historia? A deposição de tais crenças, teorias e conceitos equivale a uma verdadeira revolução epistemológica e a uma revogação do paradigma marxista. Depois de erguer-se com tanto brilho, o edifício teórico construído pelo autor de O Capital parece tombar em ruínas, nada dele restando senão escombros conceituais. Inacreditavelmente, doravante, seria tudo ao contrário: capital e trabalho não mais seriam fatores antagônicos, seriam fatores sinérgicos! A disjuntiva capital e trabalho - base do paradigma marxista - não mais prevaleceria e deveria ser substituída pela conjuntiva capital e trabalho! Onde existia puro antagonismo e conflito existem agora enriquecimento mútuo e recíproco. MASCARENHAS, EDUARDO:
202
Houve uma ruptura mundial com a tradição do ‘fordismo’, na qual a produção em massa reinava suprema e os trabalhadores individuais eram um fator de custo a minimizar. A nova abordagem da manufatura valoriza o indivíduo e as equipes de trabalhadores qualificados, constantemente treinados, capazes de assumir responsabilidades, de usar redes e de se organizarem em regime de autogestão os empregados terão, graças ao aumento de seus conhecimentos, uma fatia maior dos meios de produção. DERTOUZOS: 270
Na confusão de Paris (1848), todavia, lá estavam o astuto e seu parceiro ENGELS. O companheiro do Quartier Latin, o ultraliberal BAKUNIN (cit. WOODCOCK, G.: 36) presta o testemunho:
Eu e Marx éramos amigos naquela época e nos víamos com frequência. Eu o respeitava pela sua sabedoria e pela dedicação séria e apaixonada, ainda que misturada a uma certa dose de vaidade, à causa do proletariado. Costumava ouvir atentamente sua conversa inteligente e instrutiva, mas não havia intimidade entre nós. Nossos temperamentos não se adaptavam: ele me chamava de idealista sentimental - e estava certo. Eu o chamava de vaidoso, traiçoeiro, e ardiloso - e também estava certo!
Embora MARX se apoiasse nas obras de SMITH e LOCKE, evidentemente não quis acatá-las.
Precisamos começar observando que Smith era profundamente cético quanto aos princípios dos ricos - nenhum autor (nem mesmo Karl Marx) criticou com tanta veemência as motivações dos economicamente privilegiados contra os interesses dos pobres. SEN, A.: 191
A de EINSTEIN, se não pôde conhecê-la, sequer passou pela sua cabeça;:atrapalharia os planos. Seus sabujos, todavia, tiveram a preciosa oportunidade, mas a relatividade demolia o precioso cientismo do qual se valiam, e isto jamais poderia ser ensinado, pelas óbvias razões: “A física atômica fez a ciência afastar-se da tendência materialista que ela tivera durante o século XIX.” (HEISENBERG, WERNER, cit. JAMMER: 173)
Evidentemente, o tempo se encarregou de demonstrar a charlatanice bolchevique:
A asserção de que o marxismo-leninismo, ideologia basilar da União Soviética, tinha alguma coisa a ver com a verdadeira ciência foi um puro artifício retórico, um dos maiores logros deste século, embora propaganda deste tipo fosse ensinada a todas as crianças dos países comunistas. DESCAMPS: 139
Assim noticiava o Pravda:
O Sr. Zhandov denunciou como os maiores exemplos de tendências reacionárias burguesas na ciência, os físicos Albert Einstein e Niels Bohr, e o falecido astrônomo britânico Sir Arthur Eddington. Ele disse que os cientistas soviéticos que haviam aceitado suas idéias e que as circulavam dentro da Rússia eram culpados por permitir que violentos inimigos do marxismo circulassem suas opiniões pela sociedade soviética. PAIS, A., 1997: 272
Arrependeram-se tarde demais. A bomba atômica nasceu pelo arqui-rival. Felizmente.
Malgrado o primordial impulso libertário, não restou ao filósofo do proletariado nenhum resquício de razão científica; tratava-se de convincente invólucro, apenas, cuja faina se conhece desde Caim: "O que impulsionou o autor de O Capital a decretar ‘uma verdadeira capitulação da liberdade face à necessidade foi a ambição de erguer a sua ‘ciência’ ao nível da ciência natural, cuja categoria fundamental era ainda a necessidade." (ARENDT, A., On Revolution, 1963, cit. GIORELLO: 243)
Pois para enfrentar a tal necessidade, a tal ciência indicava o pior, o caminho da floresta, onde aguardava o Lobo Mau, o maior dos preconceitos:
A visão da evolução como uma crônica competição sangrenta entre indivíduos e as espécies, um desvirtuamento popular da noção de Darwin da 'sobrevivência dos mais aptos', dissolve-se diante de uma nova visão de cooperação contínua, forte interação e dependência mútua entre as formas de vida. A vida não conquistou o globo pelo combate, mas por um entrelaçamento. As formas de vida multiplicaram-se e tornaram-se complexas cooptando outras, e não apenas matando-as. SAGAN, D., cit. DAWKINS, R.: 288
Esquerdistas de vanguarda, finalmente, recebem a luz do novo milênio:
Ao destacar os limites de um liberalismo que tangencia, mas nunca incorpora devidamente, o socialismo, Perry Anderson deposita suas esperanças em um marxismo renovado, capaz de aprofundar, em seu projeto de socialismo, os valores e as instituições da democracia liberal. Afinidades seletivas; Seleção e apresentação, EMIR SADER; tradução, Paulo Cesar Castanheira. - São Paulo : Boitempo, 2002.
Por isso se debatia o socialista BERTRAND RUSSELL (O poder: 187; cit. FONSECA: 26):
As coisas verdadeiramente valiosas na vida humana são individuais e não coisas como as que acontecem num campo de batalha ou nas lutas políticas ou na marcha de massas arregimentadas em direção a uma meta imposta de fora. Nisso reside a diferença essencial entre a perspectiva liberal e a do Estado totalitário: a primeira considera o bem do Estado como consistindo em última análise no bem-estar do indivíduo, enquanto o segundo considera o Estado como o fim e os indivíduos meramente como ingredientes indispensáveis, cujo bem-estar está subordinado a uma totalidade mística, que é simples disfarce para o interesse dos dominadores.
Como bem disse FELIPE GONZALEZ (Felipe Gonzalez visita o Brasil. - Jornal do Comércio, 9/12/1996): "Hoje, vivo e pensador inteligente, Karl Marx não seria marxista. As esquerdas tem de conviver com a realidade de mercado e abandonar o radicalismo."
O que as viúvas de fato jamais puderam admitir é isso:
Querer o socialismo sem democracia é pretender uma contradição: o socialismo significa homens livres, não servos; consciência, não número; produtores, não produtos. Socialismo sem democracia leva fatalmente à ditadura, isto é, a servos, número e produtos: a negação dos fins do socialismo. ROSSELLI, C.: 33
BOBBIO (cit. CARDIM: 104) alinha: "Afirmo que os princípios de liberdade e de justiça são certamente ideais comuns do socialismo"
Tanto as teorias de EINSTEIN, quanto as de ADAM SMITH e JOHN LOCKE são tão ou mais socialistas do que as marxistas:
Mas a implicação geral da teoria do equilíbrio competitivo é que o papel do governo deve ser o menor possível e um setor público pequeno implica que os custos de manutenção serão pequenos, assim como os impostos necessários para financiá-los. Na medida do possível, segundo esse modelo, as funções do Estado devem desaparecer. Para melhor servir aos interesses do povo, não deveria existir Estado. Essa é, evidentemente, uma conclusão muito semelhante aquela a que Karl Marx chegou em seus escritos políticos: sob a ótica do socialismo, o Estado desapareceria. Pode parecer irônico que o modelo econômico do livre-mercado afirme que, sob o capitalismo de livre-mercado esse fenômeno também deve acontecer; mas existem mais semelhanças do que se poderia imaginar entre a teoria econômica de uma sociedade socialista e a teoria econômica de uma sociedade baseada exclusivamente na livre iniciativa. ORMEROD, PAUL, 1996: 86

Sobre a Bibliografia da Nav 's ALL

Um quarto muito escuro


O homem bom também quer ser verdadeiro e crê na verdade de todas as coisas. Não só da sociedade, mas também do mundo... De fato, por que razão o mundo deveria enganá-lo?
NIETZSCHE, F., O livro do filósofo: 55
Partido político não é seminário. Aqui dentro [no Congresso] não há seminaristas.
Sen a dor Walter Pereira, PMDB-MS, 3/3/2009
Há exatos 25 anos, portanto há quarto de século, alguns pastores logravam reunir o rebanho. Encantavam-lhe com alegorias, flautas mágicas, cânticos e cantorias. Prometiam liberdade a um povo naturalmente livre, mas a promessa era atraente.Quem não gostaria de aumentar a satisfação? E lá se foram as ovelhinhas oferecer uma quantidade de lã jamais por ninguém auferida, material que serviria de cobertor para o resto das vidas não só dos pastores, mas também de seus parentes e descendentes, dos prosélitos engajados, e da cachorrada que lhes servia.
Naquela época o povo costumava festejar 31 de março, marco da Revolução que alinhou o país na marcha militar. O quarto do quartel quedou lacrado, sua data apagada, mas não há outra em seu lugar. Porque não se comemora as bodas de prata das diretas já?
Os políticos acercam-se dos cofres das estatais para desviar verbas públicas. Em português claro: para roubar. Todo o nosso esforço deve se voltar para o combate à corrupção e às práticas políticas nocivas. É preciso desnudar diante dos olhos da nação esse esquema nefasto dos partidos para alcançar os cofres do Estado.
Sen. J. Vasconcelos PMDB. Folha São Paulo, 25/2/2009


O jornal espanhol El País de 3/3/2009 repercutiu a investigação de 378 políticos, entre deputados, senadores e ministros. O jornal destaca que, entre os investigados, 40 réus eram alimentados pelo mensalão, escândalo em que parlamentares foram acusados de receber dinheiro em troca de apoio político ao governo. O El País comenta ainda que no Brasil a corrupção tem características especiais, como estar "incrustada" nos Três Poderes. "Há mais de 10 anos que não é condenado ou preso um só político".
Os homens do FHC são os homens do Lula. Geddel é um caso típico, era o homem de mais absoluta confiança do FHC e hoje é o homem do Lula. Não existe diferenças entre ex e atual presidente. Nada é mais igual que o PSDB do Fernando Henrique e o PT do Lula. SIMON, Sen. Pedro, Terra Magazine, 16/2/2009..
Mulheres também tem apreciado almoço grátis:

Funcionária do Senado para cuidar "dos arquivos" do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), Luciana Cardoso, filha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, diz que prefere trabalhar em casa já que o Senado "é uma bagunça". Recebeu horas extras em janeiro, durante o recesso?
LUCIANA - Não sei te dizer se eu recebi em janeiro.
(Folha de São Paulo, 27/3/2009)
Revoltados com os políticos, alguns leitores defenderam o voto nulo nas eleições. É o caso de Olegario Silva. 'É difícil admitir, mas o voto nulo é a única arma constitucional que podemos utilizar para virar o jogo político em nosso país', diz Olegario, desiludido com os políticos.'Que vontade de rasgar o meu título de eleitor.
Votar para quê?', completa Rubens Lima.
O Globo, 5/2/2009 .
Candidatos nada cândidos