quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Dinheiro x Democracia 3 - o comando financeiro

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É esse o ponto crucial da questão. O controle econômico não é apenas o controle de um setor da vida humana, distinto dos demais. É o controle dos meios que contribuirão para a realização de nossos fins. Pois quem detém o controle exclusivo dos meios, também determinará a que fins nos dedicaremos, a que valores atribuiremos maior ou menos importância - em suma, determinará aquilo que os homens deverão crer e por cuja obtenção deverão esforçar-se. HAYEK, Friedrich Von, O caminho da servidão: 111.
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Houve época na qual os homens perceberam que os campos talados de canhões só produziam cadáveres. Então se reuniram em busca de uma alternativa que elidisse a vontade do feitor. A desobediência ocasionaria mais vítimas, a morte do feitor era o nascimento de outro, de modo que a solução deveria ser mais abrangente, capaz de varar os tempos incólume. Embora a forte propaganda da vida eterna, eles resolveram tentar estabelecer a paz ainda antes de chegar aos sete-palmos. Os tiranos foram desprovidos de poder, e os homens puderam utilizar os campos para plantar e colher. "Balão Mágico" Todavia, eles precisavam de um trilho para escoar a produção. O tirano reapareceu com razoável solução, e a humanidade ainda se vai, de novo, de roldão:
A teoria econômica veio a ser uma ampla empresa de terrorismo intelectual, cujo aspecto pseudo-científico serve, na realidade, de correção para excluir os verdadeiros problemas da sociedade contemporânea. Seu exagerado profissionalismo, herdado de sua mitologia científica, e todo aparato matemático que a rodeia, servem para mascarar seu objetivo ideológico, que transforma sua disciplina numa máquina de estabelecer as leis das relações de força que existem na sociedade, numa civilização materialista e produtivista, orientada totalmente para a produção de bens materiais. Seu dinamismo serve, na realidade, para legitimar a posse do poder em mãos daqueles que dominam o aparato produtivo...
GUILLAUME, Marc & ATTALI, Jacques, cits. GOYTISOLLO, J.V.: 94.
À mercê dos "engenheiros sociais", como queria Roscoe Pond (Interpretations of legal History; cit. COELHO, Luiz Fernando: Teoria crítica do Direito: 128), A lei do galinheiro o Direito foi simplesmente apeado do pedestal, para servir de instrumento, ao gosto da Teoria do Fim, de Rudolf von Ihering (cit. NADER, P. 200).:
A instalação da república positivista no Brasil - I -
Outros - como a maioria dos legisladores, políticos, advogados, ministros e funcionários públicos servem ao Estado principalmente com seu intelecto e, como raramente fazem qualquer distinção moral, estão igualmente propensos a servir tanto ao diabo, sem intenção de fazê-lo, quanto a Deus.
THOUREAU, Henry David, Desobediência civil: 11
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Para ultrapassar aquela primeira época não foi nada fácil. A partir do pontapé-inicial, a humanidade ainda utilizaria largo EspaçoTempo, precisamente três séculos, e um exército de intelectuais, artistas, cientistas, políticos, e muita gente do povo para ser convencida, e convertida de pleno.
Para a segunda, apresentou-se apenas um, retransmitido por incontáveis papagaios. Ela vige, soberba.
Ele conclamava à perda do handicap, e ainda por cima requeria o sacrifício de milhões de vidas, ou seja, recrudescendo o mal que alardeava exorcizar. A miséria do Capital
Depois de século e de metade da terra vitimada, tudo ficou pior, e o ventilador foi sepultado embaixo do muro que deu causa. O imenso prego empanava a sutileza maligna que invadia o corpo da humanidade, de modo que no alívio da dor ela se julgou sanada, e ao relaxar, o vírus mortífero se agigantou.
A Escola Austríaca de Economia em tempo denunciara. Entretanto, diante do avassalador sucesso keynesiano, os prudentes preceitos sequer integram algum currículo cognitivo O espanto de Schumpeter. Eles são apenas meio utilizados, e de modo empírico, na medida do interesse de investidos neo-liberais.
Não mais a força bruta, tampouco a ideologia ou uma avalanche de leis mantém o povo no garrote. O instrumento financeiro, apenas, muito mais simples, de fácil aplicação, que não requer prática nem habilidade, torna tudo à feição, e ainda glorifica o feitor. Ora vivemos nesta armadilha muito mais dantesca do que todas reunidas até então. O mais curioso é a leniência geral, mas até isso pode ser explicado: a arma é química pela capacidade de tudo alterar, e atômica pelo poder de tudo devastar. Os tiranos mantém os povos anestesiados, fazendo os burros percorrerem os bretes apenas colocando bananas nos visores, ou ameaçando recolhê-las.
A atual crise americana
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A pergunta que se impõe: tirante os debilóides marxistas, os utópicos e por isso pouco práticos anarquistas, e os desprezados austríacos, haveria ainda alguma plêiade capaz de livrar pelo menos nossos filhos de tão parcos ideais? Será preciso um ocaso mundial para surgir uma nova estrela? Desta feita o custo pode falir o agente. No entanto, nada de novo aparece no front, exceto o tirano, cada vez mais revigorado, ávido pela desgraça, para se impor como salvador.
A civilização queda frustrada; e com a patologia, entregue. Jamais cultivei o heroísmo, mas a distração nos cruzeiros siderais levou-me para fora do alcance da mazela, de maneira que mantenho pelo menos um olho, e disposição para tentar reduzir a cegueira geral, uma vez que rumamos a flagrante precipício.
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A razão primordial do poder é sua concentração. A do dinheiro, também. Se houver apenas um lago, eis o leito pelo qual surge, flamante, o monstro de Lock Ness!
Não adianda a revolta, porque a vítima é o revoltado; tampouco adianta liquidá-lo, porque virá outro em seu lugar. Onde encontrar a solução?
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Miremos aquele velho horizonte, firme por séculos. O que fizeram? Tiraram o poder dos tiranos, e o povo se libertou. Poderíamos cogitar de nova prosaica solução? Seria difícil supor algo que em vez de andar apenas sob trilhos pudesse voar, usando apenas a energia aeólica, por exemplo, farta e abundante, ao alcance de todos, e sem a menor poluição?
Pois se não temos ainda conhecimento para tanto, mercê de nenhuma experiência similar efetivada, contamos com aquilo que o maior cientista bem assinalou: a imaginação é mais importante que o conhecimento! Não por acaso, este também era o pleito dos acadêmicos daquela Sorbonne. A Gloriosa Revolução Ademais, quiçá nem precise assim, tanta imaginação, tantos planos mirabolantes; e algum conhecimento sempre pode ser aproveitado.
A proliferação dos valores pode esvaziar o poder, sem estabelecer confusão. No início ele foi tripartido, mas também fracionado de modo espacial. Agora tratamos do núcleo, o furo é quase impenetrável, mas, perfeitamente identificável. Eis a primeira condição para tentar extirpá-lo, ou pelo menos, arrefecê-lo. Esta segunda hipótese parece mais viável, a mais plausível, por isso a mais sensata, pelo menos por ora.
"Limitar o real apenas ao quantificável não é científico, é cientístico - uma perversão da ciência." (HUSTON, Smith, cit. LEMKOW, Anna: 5 )
Supondo que talvez ainda necessite tornar o monstro mais aparente, para tanto buscarei ampliar um pouco mais o imenso negativo, o lago negro por demais impregnado, de onde resplandece a força imensa do ofuscante brilho. Em seguida, traçarei alguns rabiscos iniciais, na esperança de que outras ainda mais capacitadas mãos se sensibilizem com o colorido de nossa primária demão, e imprimam, também, suas digitais.

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