terça-feira, 25 de março de 2008

Mercado & Economia Federativa

Amar, fazer a economia funcionar ou produzir
uma obra
de arte não é obedecer a um modelo
ou potencialidades.

DELEUZE, Giles,
cit. DESCAMPS: 19
Só o indivíduo isolado pode pensar e por conseqüência criar novos valores para a sociedade, mesmo estabelecer novas regras morais, pelas quais a sociedade se aperfeiçoa.
EINSTEIN, Albert, A Ação Humana e Social de Einstein; TRATTNER: 75
Adam Smith foi pioneiro em identificar a potencialidade das reverberações advindas de cada iniciativa individual, mas elas só se viabilizam em sistema que contemple a descentralização, efeito da repartição do poder, funcional e espacial. O centralismo da economia é inviável não tanto pela incapacidade em digeri-la, posto a profundidade da garganta do detentor, mas pela inviabilidade de geri-la:
As corporações centralizadas e autoritárias têm fracassado pela mesma razão que levou ao fracasso os estados centralizados e autoritários: elas não conseguem lidar com os requisitos informacionais do mundo cada vez mais complexo que habitam.
FUKUYAMA, F., 2002: 205

Mas os governos, e aqueles que os assessoram nestas questões, sofrem da ilusão de controle. Não é possível, no estado corrente do conhecimento científico, fazer previsões econômicas de curto prazo com razoável grau de precisão ao longo dos anos.
Ormerod, 2000: 124

O mundo evolui na complexidade crescente; é o bastante para elidir a pretensão:

O reconhecimento de que as economias são sistemas inerentemente não-lineares aumenta dramaticamente nosso potencial de compreensão de seu comportamento. Entretanto, e de modo paradoxal, limita ao mesmo tempo o grau de controle a que podemos aspirar.
Idem, 1996:228.
Seldon (p. 108) completa:
A teoria do ‘caos’ é uma evolução do pensamento econômico que está revolucionando as ciências naturais. Explica como as aparentemente imprevisíveis flutuações nas reações humanas, que parecem irregulares, revelam previsíveis tendências regulares. As reações humanas surgem de um processo de aprendizado baseado na incerteza. Seres humanos que conhecem melhor do que os estranhos suas circunstâncias imediatas aprendem a se adaptar às incertezas da vida melhor do que pelas leis da autoridade política. É simplista supor que a incerteza pode ser prevista e controlada ‘no interesse público’ pelo julgamento político centralizado, de curto prazo e tendencioso.

Do Significado do Mercado
Com o dilúvio análogo, fica mais fácil compreender o que quer dizer Stewart Jr. (p. 26):

O mercado não é um local, uma praça onde se realizam trocas. O mercado é um processo de transmissão de informações, informações essas que são representadas pelos preços. As pessoas, ao comprarem ou deixarem de comprar um produto por um determinado preço, estão dando uma informação. O conjunto dessas informações é que, por assim dizer, comanda, dirige, orienta a utilização dos recursos escassos, de forma a que seja obtida a maior satisfação possível. Quanto maior for a margem de lucro, maior será o estímulo para que o produto em questão seja produzido. No mercado livre, os preços informam o que as pessoas desejam que seja produzido e, quanto maior for a expectativa de lucro, mais rapidamente elas serão atendidas.
Bill Gates (p. 86) se alia:
Em 1995, em ‘A Estrada do Futuro’ usei a expressão ‘capitalismo sem força de atrito’ para mostrar a contribuição da Internet na criação do mercado ideal de Adam Smith, no qual o comprador e o vendedor podem se encontrar facilmente, sem perder muito tempo nem gastar muito dinheiro permite ao comprador saber, por exemplo, como um produto é avaliado pelas organizações de consumidores e outras entidades independentes, bem como comparar preços com facilidade. Os compradores também podem externar melhor suas exigências aos fornecedores e estes podem direcionar suas vendas às pessoas mais interessadas e oferecer produtos correlatos.

Das Provas
A presença da Mão Invisível, por ser de difícil prova, posto que ninguém a enxerga e, principalmente, por não interessar a quem busca o poder, eis que ela o dilui, foi alvo de ataques de todas as frentes - utilitaristas, nacionalistas, cientificistas, mecanicistas, racionalistas, deterministas, nazistas, imperialistas, militares, socialistas, comunistas, fascistas e até os católicos. E ficou ela sem a prova de veracidade durante esses anos todos, a não ser a fática, evidência eloqüente na história dos países que a adotaram, mesmo sem provas. Dos que mais respeitaram o laissez-faire, caso dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Alemanha, Itália e Japão pós-guerra, Espanha, Suíça, Holanda, Bélgica, Canadá, Austrália, Taiwan e Hong-Kong, temos fartos exemplos:

Não é necessário acompanhar Fukuyama (1) em seu argumento de que em sociedades como a norte-americana e a inglesa, onde a confiança é maior do que na francesa e na italiana, existe um capitalismo mais robusto e mais próspero, feito de grandes corporações impessoais ao invés de empresas familiares, e de Estados menos intervencionistas.
Mendoza, Montaner & Llosa: 207
Das relapsas União Soviética, Cuba, China e assemelhadas, incluindo-se os centralismos latinoamericanos, colhemos os resultados pertinentes:
Estruturas e sistemas políticos e empresariais que impossibilitem o florescimento de diferenças entre as pessoas, ou que impeçam uma tensão criativa, bloqueiam a capacidade de inovação e adaptação.
Parker e Stacey: 73

A Cientificidade Federalista

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Nota

1 - Autor de O Fim da História e O Último Homem, onde reconhece "o triunfo do modelo democrático-liberal sobre as formas autoritárias do fascismo e do comunismo, ponto final da evolução ideológica da humanidade" e a "forma final de governo". Com o dantesco desaparecimento do WTC sua teoria foi questionada, ensejando precipitações. O fato, todavia, foi ato criminoso, isolado, de retaliação, não-ideológico porque desprovido da participação popular, ainda que justificativa dos EUA às invasões. Resta, contudo, resolver a grande questão que apaixona a humanidade, também intrínseca nesse episódio, seja Deus, ou Maomé.

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